Preocupação com alto custo de equipamentos marca debate sobre implantação de rádio digital



O alto custo previsto para transmissores e receptores e os seus reflexos sobre as pequenas emissoras e os ouvintes de menor poder aquisitivo foram os principais temas da segunda audiência pública sobre a implantação do Rádio Digital no Brasil, promovida nesta quarta-feira (15) pela Comissão de Ciência, Tecnologia, Inovação, Comunicação e Informática (CCT). A reunião foi presidida pelo senador Wellington Salgado (PMDB-MG).

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Logo após a abertura da audiência, o conselheiro José Carlos Torves, do Fórum Nacional pela Democratização da Comunicação, considerou "precipitada e arriscada" a intenção do governo de anunciar em breve o padrão do sistema brasileiro de rádio digital. Ele alertou que a digitalização pode custar entre US$ 80 mil e US$ 120 mil, o que tornaria a operação inviável para pequenas emissoras comunitárias. Além disso, informou, os aparelhos receptores poderão custar até R$ 300.

O superintendente de Serviços de Comunicação de Massa da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), Ara Apkar Minassian, anunciou que até o final do ano serão apresentados ao governo os resultados de testes feitos com diversos padrões de rádio digital. A escolha do governo será tomada depois da análise desses testes.

Minassian admitiu que os preços dos receptores serão inicialmente altos, enquanto não houver grande mercado para o rádio digital. Ele lembrou, porém, que os telefones celulares também eram caros quando foram lançados e que se tornaram mais baratos com o tempo. Ainda não se pensa em fixar datas, disse o superintendente, para a transição do modelo analógico para o digital. Com isso, observou, não seriam prejudicados os atuais ouvintes do rádio analógico que não puderem trocar seus aparelhos por outros digitais.

O presidente do Centro de Excelência em Tecnologia Eletrônica Avançada do Rio Grande do Sul (Ceitec), Sérgio Souza Dias, informou que o centro tem condições de desenvolver projetos de alguns dos circuitos integrados a serem usados no rádio digital. Ele disse que aguarda apenas a definição do padrão nacional para iniciar as pesquisas.

- O mercado mundial de microeletrônica movimenta hoje cerca de US$ 350 bilhões por ano. Atualmente, a indústria nacional é somente montadora de equipamentos importados. Queremos inverter esse processo para que a indústria brasileira seja produtora de propriedade intelectual - afirmou Dias.

Os dois primeiros senadores a participarem do debate, Marcelo Crivella (PRB-RJ) e Romeu Tuma (DEM-SP), defenderam a democratização do mercado nacional de rádio. O senador Flexa Ribeiro (PSDB-PA) elogiou a atuação do Ceitec na produção de tecnologia nacional, mas demonstrou preocupação com o impacto da implantação do rádio digital sobre pequenas emissoras.

O senador Cícero Lucena (PSDB-PB) lembrou que apenas uma pequena parcela da população poderia comprar receptores de rádio por R$ 300. Na sua opinião, não se pode pensar na adoção do novo sistema sem "preocupação com o custo". O senador Augusto Botelho (PT-RR) também alertou para a possibilidade de o alto preço dos receptores inviabilizar a adoção do rádio digital no Brasil.

- As rádios analógicas poderão continuar existindo ainda por muitos anos - previu.



15/08/2007

Agência Senado


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