Presidente da ANA sugere plano de gestão integrada de rios na América do Sul
O Brasil deve tomar a iniciativa de propor um plano de gestão de águas transfronteiriças para toda a América do Sul, aproveitando sua posição geográfica estratégica e a boa relação com os demais países do continente. A sugestão é do presidente da Agência Nacional de Águas (ANA), Vicente Andreu Guillo, que participou nesta quarta-feira (25) de debate na Subcomissão Permanente da Água.
– Estamos sendo pouco ousados em relação a apresentar para o mundo uma nova forma de cooperação em torno da água, estamos hoje muito aquém do potencial real do continente sul-americano – opinou.
Ele observou que a relação dos países sul-americanos em torno das águas transfronteiriças é “bastante pacífica”, especialmente quando se compara com outras regiões onde ocorrem intensas disputas entre países vizinhos pelo controle de recursos hídricos. Por essa condição favorável no continente, Guillo acredita na possibilidade de construção de uma gestão unificada na América do Sul.
No debate, Júlio Ketterlhut, do Ministério do Meio Ambiente (MMA), lembrou a posição estratégica do Brasil nas duas grandes bacias hidrográficas transfronteiriças do continente: a Amazônica e a do Prata. Ele observou, no entanto, que há diferenças na forma como o país se posiciona na gestão de cada uma delas.
Em relação à bacia do rio Amazonas, na qual o país está a jusante e, por isso, depende das águas que vêm de outros países, existiria uma maior preocupação em cooperar com os vizinhos em pesquisas e ações de proteção dos rios.
Já na Bacia do Prata, a situação se inverte, uma vez que os rios começam no Brasil, dando ao país uma condição “mais confortável”, como também observou Vicente Guillo.
– Isso se reflete nas suas ações e os países vizinhos percebem essa diferença de interesses do Brasil na questão estratégica da Região Amazônica, em relação à Bacia do Prata – disse o presidente da ANA, ao sugerir que o país deixe de ter propostas para uma ou outra bacia e apresente um plano unificado para o continente. Guillo inclusive disse considerar viável a constituição de comitês de bacia hidrográfica com integrantes dos países cortados pelos rios.
Sustentabilidade
No debate, Clemente Baena Soares, do Ministério das Relações Exteriores (MRE), destacou o papel estratégico da água nas discussões que antecedem a Rio+20, em especial no contexto da economia verde.
– Não há desenvolvimento sustentável sem o manejo apropriado da água – frisou, ao lembrar que a América do Sul detém 30% da água doce do mundo.
Ao concordar com o ministro, o senador Sérgio Souza (PMDB-PR), que preside a subcomissão, observou que o Brasil deve priorizar a gestão e a utilização sustentável dos recursos hídricos, para assegurar a disponibilidade de água em quantidade e qualidade adequadas.
Também a senadora Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM), relatora da subcomissão, disse esperar que o país se posicione de forma efetiva pela proteção dos recursos hídricos e da biodiversidade. A parlamentar disse concordar com a sugestão de que o Brasil seja mais propositivo no processo de integração do continente sul-americano na gestão dos rios transfronteiriços.
25/04/2012
Agência Senado
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