PRESIDENTE DA BIBLIOTECA DO CONGRESSO AMERICANO FAZ PALESTRA SOBRE O FUTURO
Bibliotecas virtuais não significam o desaparecimento dos livros. Essa foi a principal afirmação do presidente da Biblioteca do Congresso dos EUA, James Billington, em palestra proferida nesta segunda-feira (dia 22), no Senado Federal, sob o tema A Biblioteca Histórica e o Futuro Eletrônico. Segundo ele, a internet pode aumentar a acessibilidade a acervos antes restritos a poucos acadêmicos e pesquisadores, mas não conseguirá substituir o livro enquanto agente ativador da imaginação. "Não ficamos presos à imagem criada por outro no monitor", disse Billington.A palestra contou com a presença do presidente do Conselho Editorial do Senado, senador Lúcio Alcântara (PSDB-CE), que deu as boas-vindas a Billington e ressaltou a oportunidade de receber o conhecimento e a visão de alguém extremamente habilitado para falar sobre este momento de transição que vive o mundo da informação. O diretor-geral da Casa, Agaciel da Silva Maia, fez um relato do processo de modernização por que passa o Senado. Agaciel destacou o trabalho realizado com o fluxo de informação e a interação da instituição com a sociedade. "Estamos engatinhando, mas existe uma grande disposição de continuar esse desenvolvimento, essa interação, e garantir os instrumentos para uma boa atuação parlamentar", afirmou o diretor.A diretora da Biblioteca do Senado, Simone Bastos Vieira, disse que a palestra proporcionaria bons exemplos para, em futuro próximo, "podermos trabalhar mais estreitamente com a Biblioteca do Congresso dos Estados Unidos". Billington acenou com a possibilidade de realizar uma exposição virtual em comemoração aos 500 anos do Descobrimento do Brasil, a partir do acervo brasileiro que existe na Biblioteca do Congresso americano.James Billington ressaltou que não há sentido em reproduzir livros na Internet. "Queremos criar um senso de cultura compartilhada neste meio", revelou. Segundo ele, o excesso de informações não confirmadas que transitam na internet está colocando em risco o ideal básico da democracia, que é justamente garantir o acesso de todos ao conhecimento.Ele explicou que a biblioteca que preside e que completa 200 anos no próximo ano está trabalhando no sentido de estabelecer um padrão "do que é bom e confiável" nas informações divulgadas na Internet, principalmente em relação à recuperação de memória. "Emoção sem memória é apenas outra maneira de definir a insanidade", definiu Billington. Ele espera que outros países, voluntariamente, venham a adotar este padrão ou algo semelhante para que as pessoas possam confiar na informação obtida. "Não queremos influir no direito de cada um fazer o que bem entender", explicou.Os números do acervo da biblioteca americana apresentados por Billington são impressionantes. Apenas na parte do acervo relativa ao Brasil, a biblioteca possui 115 milhões de objetos originais, entre documentos, cartas, gravuras, mapas, livros, música e até literatura de cordel, com seis mil exemplares. Em sua home page, a biblioteca pretende disponibilizar cinco milhões de itens até o próximo ano. Boa parte desse acervo já está disponível, inclusive para download.Billington defendeu a idéia de "compartilhamento de memórias", através da interatividade eletrônica entre bibliotecas de todos os países, como forma de ampliar horizontes humanistas, de possibilitar a compreensão de diferenças culturais e de aprender com outras experiências passadas para poder ajudar povos a tratar de problemas comuns. Billington disse ainda estar esperançoso de que possa, um dia, disponibilizar um projeto de memória brasileira on line.Ao encerrar a palestra, Billington lembrou outra palestra que proferiu no Banco Mundial, quando aconselhou seus ouvintes a nunca confiarem em alguém que tem um computador e não adora livros. Segundo ele, esse tipo de pessoa revela uma arrogância que despreza a memória humana acumulada. "Neste século, falavam-se seis mil línguas em todo o planeta. No ano que vem, no fim do século, segundo alguns especialistas, restarão apenas 600. A perda dessa diversidade cultural é irreparável. É preciso guardar essa riqueza, essa diversidade", afirmou Billington.
22/03/1999
Agência Senado
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