Presidente da CNI pede reformas pró-competitividade em entrega do Prêmio José Ermírio

Robson de Andrade criticou carga tributária, falta de infraestrutura e rigidez das leis trabalhistas

O presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Robson Braga de Andrade, defendeu no Senado, nesta terça-feira (28), reformas para estancar o quadro de perda de competitividade da indústria brasileira. Em discurso durante a entrega do Diploma José Ermírio de Moraes, com o qual ele outros dois empresários foram agraciados, o dirigente citou como obstáculos a serem vencidos a alta carga tributária, as deficiências na infraestrutura e a rigidez da legislação trabalhista, entre outros pontos.

– Não temos nada contra os trabalhadores ganharem bem para poder melhor sustentar suas famílias e terem acesso aos bens que a sociedade produz, mas os custos inerentes ao trabalho são muito elevados – reclamou.

Presidente da empresa Orteng Equipamentos e Sistemas Ltda., empresa que produz equipamentos de ponta para diversos segmentos industriais, Robson Braga agradeceu em nome dos homenageados a concessão do Diploma José Ermírio de Moraes.

Nesta quarta edição, foram contemplados, além dele, os empresários Francisco Ivens de Sá Dias Branco, do grupo M. Dias Branco, do ramo alimentício, entre outras atividades; e José Alexandre dos Santos, fundador das Indústrias Reunidas Coringa, de Alagoas, que também atua no setor de alimentos.

O presidente do Senado, Renan Calheiros, salientou como motivo de orgulho para a Casa a existência da premiação, criada em 1999, na gestão do ex-presidente José Sarney. Com o diploma, que traz o nome do fundador do Grupo Votorantim, que também foi senador e faleceu em 1973, ele disse que o Senado busca reconhecer personalidades de destaque do setor industrial pela contribuição relevante “à economia, ao desenvolvimento sustentável e ao progresso do país”.

Economia

Renan observou o bom momento da economia brasileira, como resultado das políticas de distribuição de renda e o aumento do mercado interno, com crescimento sustentável e responsabilidade fiscal. Apesar dos sobressaltos decorrentes da conjuntura externa, ele disse que o país está no “rumo certo”. Observou, porém, que sem a força do empresariado brasileiro teria sido impossível ao país chegar à posição que hoje ocupa, como sexta maior economia mundial.

– Este segmento crê nas potencialidades do país, dedica seu tempo, criatividade e arrisca seu patrimônio – assinalou Renan.

Presidente do Conselho do Diploma José Ermírio de Moraes, o senador Armando Monteiro (PTB-PE), como Renan, rememorou o legado do patrono da premiação. Segundo ele, foi graças ao fundador do grupo Votorantim, pernambucano de Nazaré da Mata, que o país conseguiu construir e consolidar uma base industrial expressiva, sobretudo voltada à indústria de base.

– José Ermírio de Moraes é um exemplo, é um paradigma, é alguém que precisa sempre ser lembrado neste país – assinalou.

Regressão

Armando afirmou ainda que, se vivo e presente à sessão de premiação, José Ermírio teria aproveitado a ocasião para discutir o quadro atual da indústria. Depois, lamentou a perda da posição relativa da indústria, que até os anos de 1980 detinha uma participação de 30% na formação do produto econômico, tendo declinado para uma participação atual que é inferior a 15%. Se o país avançou na produção de commodities agrícolas e minerais, por outro lado vem perdendo posição na indústria, já que produzir ficou caro, conforme assinalou.

– Nos anos 40, José Ermírio dizia que um país não podia ficar cedendo matérias-primas e importando manufaturas. O que verificamos hoje é que o Brasil vive, por assim dizer, um processo regressivo – criticou, também cobrando uma agenda pró-competitividade.

Armando Monteiro foi também quem saudou o agraciado Robson Andrade, indicado ao diploma por ele e pelo senador Cristovam Buarque (PDT-DF). Segundo ele, o empresário construiu uma empresa que é referência no setor em que atua e, ao mesmo tempo, no plano da liderança institucional. Ele disse que Robson demonstra sintonia com a “agenda impostergável” das reformas que o país necessita, além de conduzir com êxito os rumos da CNI.

Empregos

Patrono da indicação de José Alexandre dos Santos, do grupo Coringa, o senador Fernando Collor (PTB-AL), disse que a história do agraciado é exemplo raro de “trabalho, empreendedorismo e sucesso profissional”. Lembrou que o empresário, que começou com uma pequena empresa de beneficiamento de fumo, em apenas uma década já atua em diversos segmentos, especialmente no ramo alimentício, gerando mais de 5 mil empregos diretos.

– É um lutador, na mais pura acepção da palavra, que conseguiu contra todas as tendências consolidar um grupo empresarial forte – disse Collor, citando o homenageado como um orgulho para os alagoanos, especialmente os de Arapiraca.

Em relação ao empresário Francisco Ivens de Sá Dias, o senador Eunício Oliveira (PMDB-CE), que indicou seu nome ao prêmio, destacou que o empresário de trajetória vitoriosa se mantém como um homem prático e hábitos simples. Assinalou ainda que o grupo empresarial emprega 14 mil trabalhadores e sempre se destacou pela busca de inovações e por ações de responsabilidade social. Também se disse pessoalmente grato ao empresário, que lhe ofereceu a primeira oportunidade de emprego, ainda aos 14 anos, quando acabara de se mudar para Fortaleza, a capital cearense.

Os empresários, eleitos para o prêmio por colégio formado pelos líderes partidários, receberam ainda homenagens de Cristovam Buarque, Inácio Arruda (PCdoB-CE) e José Pimentel (PT-CE).

Participaram do evento autoridades e dirigentes de federações de indústria de diversos estados, assim como ex-presidentes da CNI, como o ex-senador Albano Franco.

28/05/2013

Agência Senado

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