Presidente da Tecbio defende diversificação na produção de matérias-primas



Em audiência pública na Subcomissão Permanente dos Biocombustíveis, nesta quarta-feira (9), o presidente da Tecbio - Tecnologias Bioenergéticas Ltda -, o engenheiro químico cearense Expedito Parente, defendeu a diversificação das matérias-primas para a obtenção desse combustível. O cientista lamentou que haja um predomínio do uso da soja em relação a outras matérias-primas como dendê e mamona. A Tecbio é pioneira mundial no desenvolvimento de tecnologia de biodiesel e bioquerosene.

O chefe-adjunto de Comunicação e Negócios da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), José Eurípides da Silva, disse que a soja é de fato a matéria-prima produzida em maior escala e que está disponível com facilidade para os produtores de biodiesel.

Enquanto são produzidos 56 milhões de toneladas de soja por ano, a produção de dendê é de apenas 151 mil toneladas, informou José Eurípides da Silva. Ele disse que, embora o dendê, assim como outras palmeiras, tenha grande rendimento de quilograma por hectare, não há produção de dendê em escala comparável à da soja.

Por sua vez, Expedito Parente afirmou que o programa do biodiesel precisa ser revisto de forma a incentivar a diversificação da produção de matérias-primas nas diferentes regiões do Brasil. Em resposta a pergunta do senador Mão Santa (PMDB-PI), Expedito Parente disse que a mamona, por exemplo, está sendo vendida a, no máximo, R$ 0,50 o quilo, e que, para ser considerada rentável, terá que atingir um preço de R$ 1,00 por quilo.

O cientista disse ainda que é necessário subsídio governamental para a produção de matérias-primas destinadas à obtenção do biodiesel, mas que, para que isso ocorra, é preciso mudar o "marco regulatório" (a legislação) da produção de biodiesel. O objetivo do programa do biodiesel, segundo ele, não é apenas substituir o óleo diesel do petróleo, mas também criar uma atividade produtiva que promova a inclusão social das regiões agrícolas pobres do Brasil, como o Nordeste e o Norte.

Expedito Parente também criticou o monopólio da Petrobras na compra do biodiesel e defendeu a participação de outras empresas distribuidoras de combustível na compra do produto. O engenheiro argumentou, ainda, que o monopólio da Petrobras na compra do biodiesel inibe os produtores que necessitam do estímulo da concorrência no mercado.

Etanol

O presidente da subcomissão, que funciona no âmbito da Comissão de Agricultura e Refoma Agrária (CRA), senador João Tenório (PSDB-AL), informou que recentemente participou da Conferência Internacional de Energia Renovável de Washington (Wirec 2008), que contou com a presença do presidente dos Estados Unidos, George W. Bush. O evento teve 8.500 participantes - empresários, cientistas e autoridades de 85 países.

João Tenório disse que nessa conferência pôde constatar que o mundo inteiro está discutindo, incentivando, pesquisando e produzindo energias renováveis. Informou que somente para a pesquisa sobre a produção de etanol de celulose (da madeira, principalmente), há bilhões de dólares investidos em diversos países, sobretudo nos de clima frio, que não podem produzir cana-de-açúcar.

Durante o debate, João Tenório apoiou proposta do presidente da Dedini S/A Indústrias de Base, José Olivério, para que haja maior colaboração entre universidades, setor empresarial e governo para a pesquisa. A Dedini produz 80% dos equipamentos industriais destinados à produção de etanol e biodiesel no Brasil, segundo Olivério.

A coordenadora do projeto de Desenvolvimento de Marcadores Moleculares em Cana-de-Açúcar, Anete Pereira de Souza, falou sobre o projeto no qual elaborou o primeiro mapa funcional da cana-de-açúcar. Esse mapa mostra, por exemplo, os genes responsáveis por uma maior produtividade de açúcar, por suscetibilidade a doenças ou por resistência à seca.

Na reunião, ainda, o presidente da CRA, senador Neuto de Couto (PMDB-SC), disse que a produção de matérias-primas para obtenção de biocombustíveis terá cada vez maior participação na economia brasileira. Por causa dessa perspectiva, segundo ele, há a necessidade de investimentos na pesquisa energética para a inovação tecnológica no setor.



09/04/2008

Agência Senado


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