Presidente do CBC admite falta de consenso sobre transferência da Ancine



A presidente do Congresso Brasileiro de Cinema (CBC), Assunção Hernandes - outra convidada para a audiência pública na Subcomissão de Cinema, Comunicação Social e Informática desta quinta-feira (10) - afirmou que realmente não há consenso sobre a mudança da Ancine para o Ministério da Cultura (MinC), mas acredita que todas as pessoas envolvidas na indústria cinematográfica devem ser ouvidas.

Segundo Assunção, a maioria dos produtores acha que a Ancine deveria ficar com o Ministério de Desenvolvimento, Indústria e Comércio. Mas ela garantiu que qualquer decisão do governo será apoiada.

Assunção lembrou emocionada as dificuldades pelas quais o cinema brasileiro passou na década de 90 e afirmou que a reconstrução da indústria cinematográfica no Brasil foi importantíssima. A presidente do CBC defendeu também maior diversidade regional no cinema brasileiro.

- O cinema é importantíssimo para construção de auto-estima do país, o cinema é como o mundo nos conhece. Temos que nos mostrar - disse Assunção.

Debatendo as informações trazidas pelos convidados, o senador Sérgio Cabral (PMDB-RJ) disse que o papel do Ministério da Cultura deve ser o de estimulador e formador de platéia. O governo não deve, na sua opinião, apresentar uma determinação para o mercado, -que naturalmente não aceitará-. Sérgio Cabral afirmou que a Ancine está indo bem e que o governo Fernando Henrique Cardoso trouxe melhorias para o cinema brasileiro, por ter agido mais na indução e não no controle do mercado.

O senador João Capiberibe (PSB-AP) defendeu uma iniciativa legislativa para regular a exibição de filmes, dando oportunidade ao mercado e ao consumidor para escolher os filmes que desejarem. Para o senador, o Brasil está encontrando um caminho próprio para resolver problemas, combinando -crenças neo-liberais com soluções criativas-.

- Estou muito animado. O país está acordando para uma possibilidade mais nossa. Até o Senado está mais mulato, mais feminino, mais sintético da sociedade brasileira. Em relação ao cinema, cabe a nós recuperar o direito à diversidade cultural. Somos obrigados a ver filmes americanos. Não tenho direito, como consumidor, de assistir a outros filmes. Eu gostaria de assistir aos filmes indianos de Bollywood, gostaria de ver filmes produzidos em outras regiões do mundo - observou Capiberibe.

A senadora Iris de Araújo (PMDB-GO) afirmou ter aprendido muito com a audiência pública, solidarizou-se com a emoção demonstrada por Assunção Hernandes e afirmou que os parlamentares da subcomissão estão prontos a ouvir todos os lados, chegar a um consenso e encontrar a melhor solução para a cultura brasileira.



10/04/2003

Agência Senado


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