Presidente do Flamengo fala e não convence, garante o senador Althoff
Edmundo Santos Silva negou que qualquer tentativa de obstrução e assegurou que o Flamengo não faz remessas ilegais de recursos ao exterior.
- O clube pode ter erros formais de interpretação da legislação, mas jamais promoveu evasão de divisas e sonegação fiscal - disse o dirigente. Segundo ele, todas as operações estão registradas nos livros contábeis. Além disso, acrescentou, o clube vem realizando uma auditoria externa. Ele deu essas informações para tentar justificar uma conta aberta nas Ilhas Caymann, no valor de US$ 908 mil. Edmundo disse que a conta foi transferida de um banco de Nova York para o paraíso fiscal e encerrada em janeiro de 1999, tão logo ele assumiu a presidência do Flamengo.
A pedido da CPI, Edmundo Santos Silva se comprometeu a apresentar à comissão os extratos da conta, desde 1° de janeiro de 1989 até a data do encerramento. O dirigente informou que US$ 750 mil, do total de US$ 908 mil, foram usados para pagar o passe do jogador Beto. Mas o senador Geraldo Althoff estranhou que, ao encerrar a conta, a diretoria tivesse depositado US$ 750 mil na conta da empresa Gortim. Para Althoff, somente com a apresentação dos extratos bancários os fatos poderão ser esclarecidos.
Geraldo Althoff disse que Edmundo não enviou à comissão informações solicitadas pela relatoria em 30 de agosto, quando o presidente do Flamengo depôs na CPI pela primeira vez. Na ocasião, ele assumiu o compromisso de enviar os documentos, incluindo a sua declaração de Imposto de Renda. De acordo com Althoff, os valores declarados não correspondem a movimentação bancária do dirigente. O fato de não entregar os documentos solicitados indicaria, segundo Althoff, a falta de vontade do dirigente em colaborar com os trabalhos da comissão. Além disso, lembrou o relator, o dirigente vem recorrendo à Justiça para tentar bloquear os trabalhos da CPI.
A comissão também havia solicitado o contrato do jogador sérvio Petkovic. Recursos relacionados com a contratação do jogador teriam sido depositados em paraísos fiscais. Os senadores consideram nebulosa a negociação. Althoff exibiu uma entrevista gravada com o empresário Luiz Carlos Medeiros, um dos responsáveis pela contratação do jogador, na qual ele admite que a empresa Picoline recebeu do Flamengo a quantia de US$ 1,5 milhão pelos 15% a que teria direito o jogador. Edmundo Santos Silva informou que o contrato de Pet incluía a renúncia dos 15% do jogador. Tanto Althoff quanto o presidente da CPI, senador Álvaro Dias (PDT-PR) classificaram de nebulosa a transação, por não existir, inclusive, um contrato sequer. O relator disse ainda que o presidente do Flamengo não conseguiu acrescentar nada de novo e que caberá ao Ministério Público aprofundar as investigações, tão logo a CPI conclua os trabalhos.
Edmundo Santos Silva começou o depoimento assegurando que todas informações solicitadas haviam sido enviadas à CPI. No entanto, diante da negativa do relator, apresentou a justificativa de que cabe ao conselho deliberativo do clube aprovar as solicitações de documentos. "Não cabe somente ao presidente a decisão", justificou, garantindo que toda a documentação seria entregue dentro de 48 horas.
O presidente do Flamengo disse que,ao assumir a presidência do clube,herdou uma dívida de US$ 85 milhões de dólares, na maior parte contraída na gestão de Márcio Braga, agravada com as inúmeras transações de compra e venda de jogadores na gestão Kléber Leite.
30/10/2001
Agência Senado
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