PRESIDENTE DO HSBC DIZ QUE MARCA BAMERINDUS NÃO TINHA VALOR
Para o banco inglês HSBC, que comprou o Bamerindus depois que a instituição sofreu intervenção do Banco Central, em março de 97, "a marca Bamerindus não tinha nenhum valor" e os ingleses só concordaram em pagar R$ 381 milhões pelo nome "por exigência" do BC. Foi o que afirmou à CPI do Sistema Financeiro, nesta quarta-feira (dia 16), o presidente do HSBC, Michael Francis Geoghegan.Na semana passada, ao depor na CPI, o ex-dono do Bamerindus, José Eduardo Andrade Vieira, afirmou que o BC avaliou muito mal a marca do banco, lembrando que outras instituições vendidas dentro do Proer tiveram suas marcas negociadas por até R$ 2 bilhões. Michael Geoghegan contestou a afirmação de Andrade Vieira de que o HSBC recebeu a parte boa do Bamerindus "de graça". Sustentou que o HSBC pagou os R$ 381 milhões pela marca e já investiu quase R$ 600 milhões no banco, no Brasil. Admitiu, no entanto, ter recebido do Banco Central (Proer) um empréstimo de R$ 376 milhões, para reestruturação das agências do antigo Bamerindus e quitação de ações trabalhistas de funcionários demitidos. Das 1.200 agências, foram fechadas 200 e o banco se mantém presente atualmente em 629 municípios brasileiros, com 2,5 milhões de correntistas e empregando 21 mil pessoas. Questionado pelo senador Jader Barbalho (PMDB-PA), autor do requerimento de criação da CPI, o presidente do HSBC disse que o grupo inglês só contabilizou como prejuízo 6% das ações que tinha do Bamerindus, antes da intervenção, porque a Moodys, de Nova Iorque, havia rebaixado o banco brasileiro em suas análises. Em seu depoimento da semana passada, Andrade Vieira acusara o HSBC de ter colocado as ações como prejuízo para enfraquecer ainda mais o Bamerindus, reduzindo seu preço. Geoghegan garantiu ainda que não teve acesso a informações privilegiadas sobre o Bamerindus durante suas negociações com o Banco Central.
16/06/1999
Agência Senado
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