PRESIDIÁRIO ACUSA POLÍCIA DE SÃO PAULO DE COMANDAR O ROUBO DE CARGAS
Impressionado com as acusações, o presidente da CPI, senador Romeu Tuma (PFL-SP), resolveu modificar o cronograma de diligências já traçado pela comissão. Ele pretende, de imediato, seguir a trilha indicada pelo presidiário, para evitar que as informações se percam. Tuma afirmou, no entanto, que o novo roteiro será estabelecido de forma sigilosa, para facilitar o recolhimento de provas. Ele quer a participação direta do presidiário. O senador disse também que convidará o delegado Godofredo Bittencourt, diretor do Depatri, considerado por ele um "homem sério", para falar à CPI.
Além dos policiais do Depatri, Sálvio revelou também nomes de juízes, empresários, fazendeiros e rodoviários, detalhando ainda diversas rotas utilizadas pelas quadrilhas. Segundo ele, os policiais do Depatri chegam a fazer incursões em outros estados - sem o conhecimento das respectivas polícias -, com a intenção de extorquir receptadores de cargas roubadas que estão fora de seu esquema. Sálvio, que também colaborou com a CPI do Narcotráfico, disse que o valor das propinas varia entre US$ 100 mil e US$ 200 mil. "O dinheiro manda", afirmou.
O depoente apontou locais de desmanches de veículos em Minas Gerais e na Bahia, e revelou que grande parte das cargas e caminhões desviados pela quadrilha do Depatri são destinados ao Nordeste, em especial Recife. De lá, seguem para a região Norte, preferencialmente Belém (PA) e Porto Velho (RO), onde são trocadas por madeira. Os caminhões roubados passam a trabalhar para as madeireiras da região. Sálvio acusou a Polícia Rodoviária Federal de conivência, em postos que vão de Uberlândia (MG) a Garanhuns (PE). O presidiário também classificou a cidade de Montes Claros (MG), como uma base importante do crime organizado.
Indagado pelo senador Edison Lobão (PFL-MA), Sálvio revelou nomes de integrantes de quadrilhas no Maranhão. Ao senador Geraldo Cândido (PT-RJ), ele confirmou que o traficante Fernandinho Beira-Mar controla o roubo de cargas no Rio de Janeiro, e teria como braço direito, em Minas Gerais, o empresário Paulo César Santiago.
Afirmando temer pela própria vida, Sálvio apelou para que não seja transferido para um presídio em Campinas (SP). Ele quer permanecer em Brasília.
08/11/2000
Agência Senado
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