Príncipe japonês visita Cidade de Hiroshima na zona Leste



Escola foi construída pela comunidade japonesa e seus desenvolve projeto que resgata a cultura e a tradição orientais

Quinze anos antes do príncipe Naruhito dar os primeiros passos, os Estados Unidos lançavam sobre Hiroshima a bomba atômica no final da segunda Guerra Mundial. Sessenta e três anos depois do pesadelo, o herdeiro do trono japonês, hoje com 48 anos, visitou nesta sexta-feira, 20, em São Paulo, a Cidade de Hiroshima, uma das 5.500 escolas da rede estadual de ensino, batizada desta forma, justamente, para homenagear as 256 mil vítimas da bomba na cidade japonesa.

Criada em 1969, a escola estadual tem o seu projeto arquitetônico composto de tal forma que os prédios vistos do alto forma a letra H, em referência à inicial da cidade de Hiroshima. Foi construída pela comunidade japonesa do bairro, que se ocupava do cultivo de pêssego.

O filho mais velho do imperador Akihito foi recebido por alunos que descobriram os efeitos da bomba Hiroshima ainda nas aulas de História – nem mesmo os professores da escola haviam nascido à época. A visita à escola estadual não foi incluída por acaso na agenda que o príncipe cumpre em São Paulo. O centro de ensino, na zona Leste da capital (distante a mais de 19.200 quilômetros de Hiroshima) desenvolve desde o ano passado vários trabalhos com alunos que resgatam a cultura e as tradições japonesas, entre elas o origami. Ao saber do cotidiano desses alunos, Naruhito decidiu conhecer de perto os trabalhos coordenados pela diretora Roseli Rita Fernandez, que, assim como os professores da unidade, também não havia nascido naquele 6 de agosto de 1945.

Na escola onde apenas 8% dos 2.800 estudantes são descendentes de orientais, Naruhito visitou alunos de três classes do ensino fundamental. Todos há mais de um ano brincam com as artes do Japão como origami, kirigami, biscuit e ikebana. Com o auxilio de um intérprete, o príncipe conversou com algumas crianças sobre a experiência adquirida por eles no contato com a cultura japonesa. “Ele ficou encantado com a alegria dos nossos estudantes. Quis saber detalhes do nosso projeto pedagógico”, comentou a diretora.

Após a visita às salas, Naruhito assistiu a uma apresentação de dança japonesa preparada por cerca de cem alunos. A visita terminou com uma pequena solenidade na qual o príncipe assistiu ao descerramento de placa comemorativa do centenário da imigração japonesa para o Brasil e de sua visita.

"Não tenho palavras para descrever a emoção. No Japão, pouquíssimas pessoas têm a honra de se dirigir a vossa Alteza", confessou professor Hiroyuki Hino, coordenador do Programa Viva Japão, da Secretaria da Educação. A emoção tem um motivo simples: Hino foi um dos poucos presentes que tiveram autorização do protocolo para conversar com o príncipe. Pelas rígidas normas protocolares, não se pode olhar, estender a mão, dirigir a palavra ou fazer qualquer menção diante de Sua Alteza.

“Nos preparamos durante seis meses para dançar”, frisou o coreógrafo e  estudante Vinicius dos Santos, 14 anos. Embora o consulado tenha permitido apenas dez minutos para apresentação, os estudantes conseguiram misturar musícas típicas do Japão com Madona em apenas sete minutos. "Foi emocionante", concluiu Vinicius. 

Cleber Mata

(I.P.)



06/21/2008


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