Procuradores apontam irregularidades em bingos



A CPI do Futebol ouviu nesta quarta-feira (dia 18) os procuradores da República Celso Antonio Três, do Rio Grande do Sul, e Raquel Branquinho, do Rio de Janeiro. Eles apresentaram os resultados das investigações do Ministério Público sobre a atuação das casas de bingo. Celso Três disse que, dos trabalhos na Região Sul, surgiram fortes indícios de lavagem de dinheiro, sonegação fiscal e corrupção.

O procurador apresentou denúncias envolvendo Luís Carlos Festugado, de Cascavel (PR), acusado de sonegar cerca de R$ 34 milhões. Celso Três disse ainda que é comum a existência de "laranjas" à frente da atividade.

A procuradora Raquel Branquinho entregou aos senadores cópias das principais peças das investigações do MP no Rio, que deram origem a 16 processos criminais. Ela disse que a atividade esportiva, que deveria ser financiada pelos bingos, passou a ser meramente acessória. "Em alguns casos, o repasse obrigatório de 7% do faturamento dos bingos não era feito", disse.

Os dois procuradores sugeriram alterações na legislação que regula a atividade. Celso Antonio Três disse que a pena para a exploração clandestina dos bingos é de seis meses a dois anos de detenção, considerada por ele muito branda. "É preciso que a pena seja aumentada para dois a cinco anos de prisão", disse.

Os procuradores disseram que a atuação da Caixa Econômica Federal na fiscalização dos bingos deve melhorar consideravelmente a lisura da atividade. Até 1999, isso era feito pelo Instituto de Desenvolvimento do Desporto (Indesp). "O que ocorria era o caos. O Indesp não exercia a sua prerrogativa de fiscalizar", disse Raquel Branquinho, que criticou os convênios firmados pelo órgão, extinto em 1999, para o repasse da atividade fiscalizadora aos estados. No Rio, disse ela, houve uma liberação de uma série de jogos que nada tinha a ver com bingo.

18/04/2001

Agência Senado


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