Professores e crianças recebem homenagem em sessão especial do Senado
O Senado realizou sessão especial para marcar a passagem do Dia do Professor, comemorado nesta quarta-feira (15), e o Dia da Criança, que transcorreu no domingo (12). O requerimento para as homenagens foi apresentado pelos senadores Patrícia Saboya (PDT-CE) e Cristovam Buarque (PDT-DF), com o apoio de outros parlamentares.
Ao abrir a sessão, o senador Mão Santa (PMDB-PI) saudou alunos dos centros de ensino fundamental de Planaltina e Samambaia (cidades-satélites do Distrito Federal) presentes à solenidade, e convidou alguns dos alunos para lerem os dez artigos da Declaração dos Direitos da Criança, da Organização das Nações Unidas. O texto consagra a necessidade de proteção, educação, saúde e oportunidades para o futuro para toda e qualquer criança.
Ao discursar na sessão solene, o senador Cristovam Buarque disse que a escola é a ferramenta de que as crianças precisam para vencer na vida e serem felizes. Assim, trabalhar por uma escola de qualidade para todas as crianças do Brasil representa, em sua opinião, a única maneira de concluir, com êxito, a Independência do Brasil, a Abolição da Escravatura e a Proclamação da República, que permanecem, segundo ele, incompletas até hoje.
- Dentro desse quadro, precisamos ter os professores mais bem remunerados e protegidos. Além de educadores, eles precisam militar nas ruas pelo "educacionismo", sistema em que todas as escolas têm a mesma qualidade, seja para alunos ricos, seja para pobres - explicou.
Para Cristovam Buarque, é grande a importância e responsabilidade de cada professor na busca da igualdade de todas as crianças no acesso ao conhecimento, pois as diferenças deviam ser devidas apenas ao talento e à criatividade de cada um, não a sua origem familiar ou social.
O senador José Nery (PSOL-PA) lembrou que o programa da bolsa-escola foi criado no DF, em 1985, quando Cristovam Buarque era governador, para garantir a presença das crianças na escola.Esse programa foi adotado depois pelo governo de Luiz Inácio Lula da Silva, com o nome de Bolsa-Família, explicou.
José Nery disse que, embora o Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil tenha crescido, as estatísticas sobre educação não mostram esse desenvolvimento. Ele citou dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) que demonstram que o Brasil tem ainda 14 milhões de analfabetos e muitos milhares de crianças fora das escolas.
Nery lembrou que as notas dos exames realizados pelo Ministério da Educação para avaliar a qualidade do ensino no país "são pífias", mostrando que inúmeras crianças terminam a 4ª série sem saber ler e interpretar textos simples e com enormes dificuldades em matemática.
- De nada vale o acesso à escola se não houver garantia de ensinamento - disse o senador.
O senador Sérgio Zambiasi (PTB-RS) disse que, no Brasil, um político que se especializa em educação, tem pouco espaço para se reeleger, o que considerou lamentável. O senador afirmou que os professores brasileiros são abnegados e merecem mais respeito e conclamou os demais parlamentares a montarem uma força-tarefa para aprovar, em regime de urgência, os projetos que tratam da criança e dos professores e buscam melhorar as condições das escolas.
Para a senadora Ideli Salvatti (PT-SC), é mais difícil obter a inclusão social das crianças do que a dos adultos ou trabalhadores. Segundo ela, isso somente será possível com a melhoria da renda das famílias dessas crianças.
A senadora conclamou os prefeitos do Brasil inteiro a cumprirem a lei do piso nacional dos professores, aprovada recentemente. Ideli defendeu, também, o estabelecimento de uma política nacional de educação, que traga qualidade a todas as escolas e profissionalização a todos os professores, do mesmo modo que o Banco do Brasil oferece bons serviços, com a mesma qualidade, em todo o país.
O senador Leomar Quintanilha (PMDB-TO) disse que o Congresso Nacional tem tomado muitas iniciativas sem perguntar às crianças e aos adolescentes quais seriam suas prioridades. Ele lembrou os enormes contrastes existentes no país, tanto sociais quanto econômicos, para insistir que será necessário um grande esforço na melhoria da educação, desde a formação de bons professores até o resultado final de alunos mais preparados.
O senador conclamou o Executivo, o Legislativo e a sociedade a unirem seus esforços para fazer um colchão de proteção que possa evitar problemas como crianças abandonadas, escolas destroçadas e famílias desorganizadas. O Estado brasileiro precisa organizar um programa de formação das crianças e adolescentes de zero aos 18 anos, para torná-los verdadeiros cidadãos, afirmou Quintanilha.
O senador Jefferson Praia (PDT-AM) disse que a população da Amazônia se queixa muito da lentidão do Congresso e dos governos federal, estadual e municipais para resolver os problemas da região. Ele salientou que, no meio da floresta, os professores são ainda mais abnegados e as crianças têm ainda mais dificuldades de chegar até as escolas.
Jefferson Praia voltou a defender a inclusão, no currículo de todas as escolas brasileiras, de conteúdo sobre a Amazônia, para que todos possam conhecer as dificuldades da região e os desafios e oportunidades que representa para o país.
O senador disse, ainda, que o Brasil somente será grande quando houver proteção e oportunidade de crescer para todas as crianças.
A senadora Marisa Serrano (PSDB-MS) conclamou as crianças e suas escolas a escreverem aos parlamentares, relatando suas necessidades e projetos. Ela aproveitou para chamar a atenção das crianças para as belezas de sua região, onde fica o bioma Pantanal, com suas lagoas, ninhais de pássaros e grandes rios.
Marisa Serrano também manifestou sua preocupação com a falta de equipamentos de lazer nas cidades para as crianças, que não têm pracinhas para brincar nem trilhas para percorrer. Para compensar, disse a senadora, as escolas precisam de equipamentos esportivos, quadras cobertas e também mecanismos de cultura, como bibliotecas, música e teatro.
O senador Romeu Tuma (PTB-SP) prestou sua homenagem aos professores, pela grande abnegação que demonstram diante das dificuldades que precisam superar em tantas regiões brasileiras. Ele lamentou tanto a violência que muitos professores enfrentam nas periferias das grandes cidades quanto as dificuldades que enfrentam na Amazônia, com parcos meios para exercer o seu ofício. Para Tuma, R$ 950 de piso salarial para os professores é pouco, não havendo motivo para a reclamação de prefeitos e governadores.
O parlamentar também manifestou a sua preocupação com a situação das crianças brasileiras expostas à violência. Ele se disse "horrorizado" diante dos abusos que a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Pedofilia vem revelando e prometeu trabalhar por uma legislação mais rígida contra os crimes ligados a essa prática.
O senador Augusto Botelho (PT-RR) prestou homenagem a todos os professores, especialmente de Roraima, onde eles sequer dispõem de eletricidade nas escolas. Ele disse que aqueles que consideram "muito alto" o piso salarial dos professores precisam reconhecer o trabalho incessante que os professores têm fora das salas de aula.
Inácio Arruda (PCdoB-CE) lembrou a grande dedicação dos professores do Nordeste. O senador disse que o estabelecimento de um piso salarial para professores é um bom começo, mas observou que outras questões precisam ser resolvidas, como a criação de mais escolas técnicas no país.
Inácio Arruda disse ainda que os estudantes do Ceará precisam conhecer o bioma Caatinga e a seca, ressaltando o papel que tem a música no aprendizado das crianças nordestinas, pois é através das canções populares sobre a vida no Nordeste que elas aprendem, desde cedo, a conhecer a cultura local e os desafios do meio ambiente em que estão inseridas.
O senador Renato Casagrande (PSB-ES) disse que, embora falte dinheiro para a educação, falta mais ainda motivação. Ele observou, no entanto, que, apesar de a escola não substituir a família, representa uma complementação importante na formação da criança.
O senador Eduardo Suplicy (PT-SP), lembrando que foi professor na Fundação Getúlio Vargas, conclamou os estudantes a praticar a ética, a liberdade e a realização da justiça.
Ao encerrar a sessão, Mão Santa lembrou que o Senado tem 183 anos de idade e que da Casa saíram as leis mais relevantes do país, como a Lei Áurea, que aboliu a escravidão no Brasil.
- O Senado dá exemplo de patriotismo com essa sessão de homenagem às crianças e aos professores e isso vai repercutir no Brasil inteiro - concluiu o senador.15/10/2008
Agência Senado
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