Psoríase: audiência aborda preconceito e tratamentos para essa doença de pele



A psoríase - doença de pele crônica não contagiosa - foi tema da audiência pública realizada nesta terça-feira (1º) na Comissão de Assuntos Sociais do Senado (CAS). Preconceito, ação governamental e tratamento com hidratantes foram alguns dos itens abordados durante a reunião, que foi solicitada pelos senadores Cícero Lucena (PSDB-PB) e Flávio Arns (PSDB-PR).

Logo no início da audiência, a presidente da Associação de Apoio aos Portadores de Psoríase, Silvia Galli, defendeu a implementação de políticas públicas sobre o assunto. Ela também declarou que um dos principais problemas enfrentados pelos portadores da doença é o preconceito e a discriminação - como se a psoríase fosse contagiosa.

- Queremos que as outras pessoas não tenham medo de nos tocar - disse Silvia, ela própria portadora da doença há cerca de 30 anos.

Silvia contou que os portadores atendidos pela associação são "pacientes carentes de informação, apoio e contato físico, como beijos e abraços". Ela reiterou que "a doença é crônica e não tem cura [embora outro participante tenha afirmado que a cura é possível, embora rara], mas é possível conviver com ela e controlá-la, desde que haja um tratamento adequado e acesso aos medicamentos necessários".

- É possível ter qualidade de vida, mas muitos pacientes não sabem disso - afirmou, acrescentando que "muitos médicos não sabem o que é a doença".

Hidratante

Durante a audiência, dois médicos dermatologistas relataram o desempenho do hidratante Glukderm no tratamento da psoríase. Segundo Celso Pieralini, diretor de qualidade do Centro Paulista de Pesquisa e Avaliação Dermatocosmética (Cepad), o uso do hidratante - em conjunto com outros medicamentos - "mostrou-se muito eficaz e promissor" em diversos casos. Celso ressaltou que o objetivo do Glukderm é hidratar a pele, e não tratar a doença, o que explica seu caráter de "tratamento coadjuvante".

Ao relatar casos de melhora devido ao uso do hidratante, Luiz Gonzaga de Castro e Souza, professor da Universidade Federal de Pernambuco, disse que ele próprio é portador da doença e vem se tratando apenas com esse produto. Luiz disse que, quando comparado a outros medicamentos para a psoríase, os efeitos colaterais graves do uso do hidratante são "praticamente zero". Com a exceção de uma paciente, "que reagia mal a quase tudo que lhe era ministrado e teve o tratamento interrompido, o máximo que verificamos foi a existência de prurido (coceira)".

Foi ele quem afirmou que "há casos de cura, embora infelizmente isso não seja comum" - a maioria dos médicos considera a psoríase incurável.

- Esse hidratante é, no mínimo, um complemento para o tratamento - declarou Luiz, defendendo ainda que o Ministério da Saúde faça uma avaliação do produto em hospitais universitários federais.

Sobre os outros medicamentos atualmente utilizados, Luiz disse que, "apesar de suas virtudes, os efeitos colaterais de alguns às vezes são tão graves quanto a própria psoríase; por isso, é preciso cuidado no seu uso".

A representante do Ministério da Saúde presente na reunião, Maria Inez Gadelha, alertou para o risco de "conflito de interesses" que pode existir quando um medicamento é lançado. Em entrevista à Agência Senado, ela disse que "em geral é preciso ter muito cuidado, porque muitos estudos são desenhados e financiados pela indústria farmacêutica".

- Mas estou falando de forma genérica. Não me refiro ao caso do hidratante aqui discutido, que estou conhecendo hoje - ressaltou.

SUS e medicamentos de "uso consagrado"

Maria Inez informou que, no ano passado, o Ministério da Saúde liberou, por meio do Sistema Único de Saúde (SUS), cerca de 2,5 milhões de comprimidos utilizados no tratamento da psoríase, no valor total de R$ 5,2 milhões. Entre esses remédios estão a acitretina e a ciclosporina, que, segundo ela, são, junto com o metotrexato, "medicamentos de uso consagrado".

Ela também destacou que o tratamento por fototerapia com o uso de raios ultravioleta foi incluído no ano passado como procedimento previsto no SUS. No Ministério da Saúde, Maria Inez é diretora do Departamento de Atenção Especializada da Secretaria de Atenção à Saúde.



01/06/2010

Agência Senado


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