Rabello de Castro critica aumento da carga tributária: "É cobra que engole o próprio rabo"



O economista Paulo Rabello de Castro propôs, na audiência pública da Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ) sobre reforma tributária, nesta quarta-feira (15), a eliminação das cinco contribuições sociais existentes no Brasil - a Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira (CPMF), a Contribuição Social sobre Lucro Líquido, o Programa de Integração Social (PIS), o Programa de Formação do Patrimônio do Servidor Público (Pasep) e a Contribuição para Financiamento da Seguridade Social (Cofins) - e sua substituição por apenas uma. Rabello de Castro disse que no Brasil há um efeito semelhante ao de uma cobra que tenta engolir o próprio rabo, com o Estado aumentando impostos mais e mais, sem conseguir efeito fiscal, porque compromete gravemente a competitividade da economia.

Rabello de Castro criticou a proposta em debate no Congresso Nacional porque ela, em vez de reduzir a carga tributária, a aumenta.

- Reforma que aumenta carga tributária em vez de diminuir, reforma certamente não é.

O economista apresentou números para argumentar que o Brasil atingiu um nível de carga tributária em relação ao Produto Interno Bruto (PIB) semelhante ao dos países europeus que adotam o Welfare State (Estado de Bem-estar Social), típico das social-democracias, como a Suécia e a Alemanha, que garantem -excepcionais serviços, principalmente na educação e na saúde-.

- Trago aqui uma curva de Lafer para comprovar que países com carga tributária entre 15 e 25% do PIB atingem o ideal, porque se tornam excepcionalmente competitivos, tendem a obter grande crescimento econômico sustentado. Acima de 30%, estão os países que garantem saúde e educação até de 3º grau para todos os cidadãos gratuitamente, de alta qualidade, como os escandinavos, a Alemanha. No Brasil, pela lógica atual, estaremos breve atingindo o total de 40%% do PIB com a carga tributária, o que será absurdo - disse o economista.

Para Rabello de Castro, as chamadas -contribuições sociais- acorrentam o cidadão sem qualquer resultado macroeconômico, porque impedem o crescimento da economia e obrigam o Estado a consumir quase tudo o que arrecada no pagamento da dívida pública. Ele acrescentou que o Brasil deixa de arrecadar R$ 60 bilhões anualmente por causa da estagnação. Disse ainda que no ano de 2005 o país terá um ápice de jovens na faixa dos 20 aos 25 anos, cerca de 18 milhões, e nos anos seguintes a curva se inverterá, com o Brasil tendendo a ser um país de velhos.

- A relação entre poupadores (contribuintes da poupança nacional) e despoupadores (aposentados) vai piorar cada vez mais. Esta é uma chance histórica que pode estar sendo desperdiçada - analisou o economista.



15/10/2003

Agência Senado


Artigos Relacionados


Mão Santa critica aumento da carga tributária

Líder do PSDB critica aumento da carga tributária

Flexa Ribeiro critica proposta de aumento da carga tributária

Senadores temem aumento da carga tributária

PFL protesta contra aumento da carga tributária

Garibaldi lamenta aumento da carga tributária