Raimundo Colombo diz que Contestado foi a maior revolta civil da República



O senador Raimundo Colombo (DEM-SC) sustentou em discurso, em sessão especial para lembrar a Guerra do Contestado (1912-1916), em Santa Catarina, que ela foi "a maior e mais violenta revolta civil da República", envolvendo a metade do Exército Brasileiro. Ele explicou que o conflito aconteceu por vários motivos - desmandos de coronéis, empresas ambiciosas, religiosidade popular, medo da volta da monarquia e uma briga entre o Paraná e Santa Catarina pela definição de suas fronteiras.

Raimundo Colombo disse que apesar da importância do conflito, ele é pouco pesquisado, pois foi um movimento local e aos historiadores interessam mais os assuntos que tiveram repercussão nacional. Para ele, muitos movimentos sociais do interior brasileiro recebem destaque "não porque tiveram importância ou significado, mas porque, como no caso do Conflito de Canudos, foram tratados por um escritor do porte de Euclides da Cunha".

Primeiro signatário do requerimento que pediu a sessão especial, Raimundo Colombo lembrou que, quando criança, era levado às áreas do município de Curitibanos (SC) onde ocorreram algumas das batalhas.

- Meus avós mostravam onde havia cemitérios em que foram enterrados os envolvidos no embate - lembrou, acrescentando que o número de mortos é difícil de ser estimado, embora se fale até 20 mil.

O movimento, recordou o senador, misturou a religiosidade da população (a história registra a presença de vários curandeiros e monges na área), a revolta pela desapropriação e tentativa de expulsão de agricultores em 15 quilômetros de cada lado da ferrovia São Paulo-Rio Grande do Sul (de propriedade da empresa norte-americana Brazil Railway Company), além do medo da República de que houvesse ali uma nova Revolta de Canudos. A isso somaram-se brigas de coronéis que mandavam na região e a disputa por terras com a chegada de levas de imigrantes estrangeiros, nativos e caboclos.

O estopim do conflito foi uma briga de coronéis, no final de 1912, lembrou o senador. O grupo de um monge, conhecido por José Maria e que tinha centenas de seguidores, estava sob abrigo de um coronel em Curitibanos. Um coronel adversário solicitou ao governo de Santa Catarina que enviasse tropas para combater "um grupo defensor da monarquia". Antes do começo da luta, o monge e seus seguidores se refugiaram em terras do lado do Paraná. Imaginando que se tratava de uma invasão de catarinenses, o governo paranaense enviou tropas e houve o primeiro combate, quando o monge foi morto.

Conforme Raimundo Colombo, os fiéis se dispersaram, mas um ano depois uma menina de 11 anos teve visões do retorno do monge e em torno delas foram se juntando outros grupos. Uma cidade-santa foi levantada e, atacada por tropas do governo, os seguidores se mudaram para uma região de difícil acesso, e novas cidades-santas foram sendo erguidas. Em 1914, o Exército resolveu atacar para valer os fiéis que, apesar de sua guerrilha, acabaram derrotados um ano depois. No embate, conforme Raimundo Colombo, foram queimadas 5 mil casas.

- A incompreensão e a intolerância foram determinantes durante o desenvolvimento do conflito. O governo - seja estadual ou federal - foi incapaz de compreender o valor da religiosidade do povo e enxergava tudo como apenas uma manifestação extemporânea da monarquia - ressaltou.

Hoje, afirmou Raimundo Colombo, "a palavra 'Contestado' guarda forte simbolismo para os catarinenses", pois marca o fim da disputa fronteiriça com o Paraná e representa a "dura, longa e sangrenta rebelião civil marcada por aspectos religiosos e sociais que forjou a identidade e o espírito do povo catarinense".

Ao final, o senador saudou estudantes do estado que ganharam um concurso de redação sobre a capacidade da população do estado "de se reerguer após as dificuldades".



08/10/2009

Agência Senado


Artigos Relacionados


Raimundo Colombo protesta contra favorecimento da Bahia no recebimento de verbas da defesa civil

Raimundo Colombo reassume mandato

Raimundo Colombo defende aprovação de PEC da Juventude

Raimundo Colombo é eleito presidente da CPI das ONGs

Raimundo Colombo é o novo líder da minoria

Raimundo Colombo diz que oposição tem cumprido bem o seu dever