Rede feminina lança propostas de gênero para o desenvolvimento sustentável
Envolver mulheres da chamada nova classe C em iniciativas que tenham como princípio o desenvolvimento sustentável é uma das propostas da Plataforma 20, documento lançado nesta quinta-feira (31) pela Rede Brasileira de Mulheres Líderes pela Sustentabilidade, sob coordenação do Ministério do Meio Ambiente (MMA). O documento será apresentado na Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, a Rio+20, que começa no dia 13 de junho.
Elaborada pelo grupo chamado Margaridas de Salto Quinze, que reúne cerca de 200 mulheres, entre legisladoras, empresárias, representantes do Judiciário, do Executivo e do terceiro setor, a plataforma apresenta 15 medidas em três áreas. Os objetivos são aumentar o número de mulheres em cargos de gestão, favorecer o empreendedorismo sustentável e o consumo consciente.
Por meio da plataforma, a Rede Brasileira de Mulheres quer focar ações que traduzam o conceito de sustentabilidade principalmente para a classe C, “em geral, mais influenciada por um padrão televisivo de consumo que não considera certos valores”, diz o documento.
“A televisão veicula, digamos assim, os valores do mercado e do gosto popular. Tem muita dificuldade de incorporar novos valores. Por isso, o que a gente quer é um diálogo muito franco e aberto com a mídia para incentivar que a sustentabilidade conste de programas e novelas”, disse a secretária de Articulação e Cidadania do Ministério do Meio Ambiente, Samyra Crespo.
A Plataforma 20 também cita pesquisa mostrando que 70% das compras no Brasil são escolhidas pelas mulheres e diz que é “preciso tirá-las do piloto automático”, onde o consumo é “sinônimo de felicidade e identidade pessoal”, chamando a atenção para a “melhor escolha de produtos”. A entidade defende que essa conscientização se dê por meio de campanhas que valorizem o papel das mulheres nesse processo, com linguagem acessível.
“Não adianta falar às mulheres que comem comida congelada quando chegam em casa para ir à feira comprar produtos orgânicos. Isso está fora da realidade delas. Mas é possível orientar para o não desperdício de alimentos”, disse Lúcia Costa, responsável pela pesquisa.
O documento para a Rio+20 traz ainda medidas para aumentar o número de executivas em cargos de gestão até 2020, principalmente nos conselhos de administração, “inserindo a sustentabilidade no coração dos negócios e das empresas”. De acordo com dados da Plataforma 20, de 2.647 posições em diretorias e conselhos fiscais, as mulheres ocupavam 204 em 2011.
Ao defender mais mecanismos de acesso, pelas mulheres. a crédito e aos meios de produção, como a terra, a Rede Brasileira também sugere mais parcerias para aumentar a reciclagem de produtos e mais treinamento para “inserir empreendedoras no comércio justo”. A expressão Margaridas de Salto Quinze faz referência à Marcha das Margaridas, movimento de trabalhadoras rurais em defesa de políticas públicas com recorte de gênero no campo.
Fonte:
Agência Brasil
31/05/2012 20:18
Artigos Relacionados
Ministros defendem equidade de gênero para desenvolvimento sustentável
Governo lança plano para desenvolvimento sustentável do Xingu
ONU lança site para população debater o desenvolvimento sustentável na Rio+20
Brasil lança estratégia para desenvolvimento sustentável da Amazônia
Rede discute Sistema de Desenvolvimento Rural Sustentável
Mulheres discutem propostas de gênero para a Rio +20 na quinta (31)