Reitor da UFSM quer uma universidade estadual com igualdade de acesso



A Universidade Estadual deve ter uma forte atuação na equidade de acesso a ela, formar lideranças, buscar uma igualdade regional, e atuar no desenvolvimento equilibrado nas diferentes regiões que atenderá. Este é o entendimento do professor e reitor da Universidade Federal de Santa Maria, Paulo Jorge Sarkis, painelista, hoje à tarde, no Seminário "Espaço da Universidade Estadual do Rio Grande do Sul no Contexto do Ensino Superior, promovido pela Assembléia Legislativa do Estado, Coredes, Famurs e Uvergs. O reitor da UFSM disse que a sua universidade tem conseguido o ingresso de 63 por cento de alunos das escolas públicas, e o fato se deve ao programa de ação pedagógica no ensino público e privado na região. Ele lembrou que a UFSM oferece condições para que o aluno se mantenha na universidade, através de um programa de assistência estudantil, com 1.800 moradias, restaurante padrão, assistência ao aluno carente, oferecendo cursos de informática, línguas, assistência psicológica e assistência social a partir da atuação de duas pastorais. Com estas iniciativas, a UFSM teve uma redução na evasão de 39 por cento para 22 por cento. Paulo Jorge Sarkis entende que a universidade estadual deve buscar uma forma de se inserir no contexto, dando condições para o aluno se manter na universidade. Ele acredita que esta deve ser a preocupação da Universidade Pública Estadual, que se resume em garantir o ingresso de alunos carentes. O reitor até sugeriu que o investimento deve ser feito na Região da Campanha, pois desta forma o Estado resgatará o débito dos últimos anos com esta parte do Rio Grande do Sul. O professor citou como exemplos, a instalação do Parque de Exposições em Esteio e a sede de vários órgãos na Capital, como a Corsan que deveria ser no Interior, sua área de atuação. " Deve haver a descentralização de órgãos instalados em Porto Alegre", afirmou ele. O professor da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Lívio Amaral, lembrou que São Paulo é pioneiro no modelo da maior parte das universidades estaduais. E o professor entende que uma universidade estadual deve ter como base a tentativa de fazer novas modalidades, respeitando o contexto regional e ter uma estrutura ágil para a formação. Mas, isto deve fazer parte de qualquer universidade, sejam elas Federais, Estaduais ou Municipais. José Carlos dos Santos, vice-reitor da FURG, universidade de Rio Grande, ressaltou que a instituição é sus generis na sua proposta por ser especializada na área da pesquisa, diferente da proposta de outras escolas superiores. A FURG dentro do seu contexto defende uma filosofia e política de ser uma universidade temática, voltada para o ecossitema, e as questões ambientais. O vice-reitor demonstrou o seu total apoio para a implantação de uma universidade estadual. Ele ressaltou durante o seminário que a universidade pública brasileira teve uma queda de financiamento e falta de profissionais especializados e os baixos salários dos professores. Assim, o vice-reitor acredita que o contexto é difícil, não sendo suficiente somente um prédio, mas uma história de compromisso com a sociedade. "Estamos na verdade com três projetos para a criação da universidade estadual, sem falar nos seus substitutivos, além das emendas. O primeiro diz respeito ao projeto do governo do Estado, o segundo aquele que está na cabeça da população, e se formou há mais de 15 anos, e por último o projeto apresentado pelo secretário de Ciência e Tecnologia, na abertura do seminário. Todas são propostas diferentes", criticou o professor da Unijuí, Telmo Frantz. Ele disse que é inviável a proposta que está aí, uma vez que a universidade estadual apresentada tem uma vocação generalista, e ainda há uma defasagem entre a proposta do governo do Estado encaminhada ao Legislativo e o projeto apresentado pelo secretário de Ciência e Tecnologia, Renato Oliveira. O professor da Unijuí afirmou que a universidade estadual só tem sentido se for uma instituição capaz de fazer frente ao desenvolvimento tecnológico e da produção econômica do estado do Rio Grande do Sul. "Temos que mexer na matriz produtiva do Estado e resolver os problemas das regiões com dificuldades. Aí, sim, a universidade terá absoluto sentido no investimento e gasto público". O reitor da Universidade da Campanha, Marcan Ferrugem, se mostrou contrário a instalação de uma escola superior na sua região, e que a deve ser levado em conta os interesses do Estado. Outra questão importante, segundo o professor, é a qualificação do ensino médio e fundamental. Ele ainda, afirmou que o Estado está muito bem servido no ensino superior. Ricardo Rossato, da Universidade de Passo Fundo, aposta no crescimento do número de universidades. Ele lembrou a revolução silenciosa do Canadá, com a criação de uma rede de universidades públicas, a instalação destas instituições ao redor de Paris e ainda, a prática da universidade para todos, como foi adotada na Europa. O professor lembrou uma frase de um filósofo que questiona, "se o saber é caro, então quanto custa a ignorância?". Custo e finaciamento da universidade O quarto painel de ontem(dia 5) teve a participação do coordenador da Comissão Técnica de Implantação da Urgs, José Clóvis Azevedo. Ele afirmou que a criação da universidade estadual é um processo inédito, que reúne diferentes opinões e diferentes experiências, onde são colocadas para o aprimoramento de um projeto, não só do governo, mas de diversos sujeitos. Para ele, é uma proposta tardia, pois é um castigo para o Rio Grande do Sul estar entre os estados que não têm uma universidade pública. O coordenador da comissão disse que o projeto é uma visão do futuro para a economia e cultura da sociedade gaúcha. A diretora-geral da Secretaria Estadual de Ciência , Tecnologia e Ensino Superior do Paraná, Mirian Wellner, falou sobre a experiência do seu Estado com a universidade estadual. Ela disse que são 16 instituições, sendo 11 faculdades e cinco universidades. A diretora da secretaria do Paraná, falou também das dificuldades enfrentadas pelo seu Estado com as instituições, apesar do bom desempenho das universidades. Mirian ressaltou os problemas com o orçamento e a falta de financiamento. Ela defende a cobrança de mensalidades dos estudantes com poder aquisitivo e que frequentam a universidade. Também participaram deste painel o professor do Departamento de Economia da Ufrgs e chefe da Assessoria Econômica da Fiergs, Nuno Renan Lopes de Figueiredo Pinto, Gilmar Antònio Bedin, vice-reitor da Unijuí e Jaime Giolo, vice-reitor da Universidade de Passo Fundo e presidente do Corede Produção.

04/05/2001


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