Relatório convoca ciências sociais ao debate de mudanças globais



Lançado no Fórum Mundial de Ciência (FMC) nesta segunda-feira (25), o Relatório Mundial de Ciências Sociais recomenda – e pede - maior envolvimento da área com as mudanças ambientais globais. Defende, ao lado disso, uma maior interdisciplinaridade entre as ciências, uma preocupação manifesta por autoridades na abertura do evento.

publicação foi organizada pelo Conselho Internacional de Ciências Sociais (ISSC, na sigla em inglês) em parceria com a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco).

O documento destaca que as transformações em curso nos oceanos, na atmosfera e na criosfera – das quais a do clima tem maior repercussão – devem-se, em grande parte, à ação humana, por meio de uso de combustíveis fósseis, desmatamento, intensificação da agricultura, urbanização, sobrepesca e produção de resíduos. E que se conectam intimamente a fenômenos como a aceleração do consumo, o crescimento demográfico, a globalização e a desigualdade social. Além disso, o texto ressalta que essas mudanças globais apresentam grandes riscos para o bem-estar e a segurança das pessoas de todo o mundo.

“Problemas ambientais e sociais são inseparáveis”, resumiu a editora da publicação, a economista francesa Françoise Caillods. “A mudança climática diz respeito a pessoas tanto quanto a emissões de carbono”, disse, acrescentando que desastres naturais como o furacão Kathrina e o recente tufão nas Filipinas mostraram que as populações socialmente vulneráveis são as mais expostas às consequências da mudança no clima.

Políticas

A pesquisadora lembrou que todas as abordagens competem com a atenção dos responsáveis daqueles que elaboram as políticas, e critica a centralidade usualmente conferida à dimensão econômica – em períodos de crise, por exemplo – em detrimento das outras.  Segundo ela, a busca pela sustentabilidade global, combinando proteção aos recursos naturais com dignidade humana e igualdade, consiste em um desafio para todas as ciências.

Foi com senso de urgência e em busca de respostas realistas a questões complexas, conta Françoise, que o ICSS e a Unesco reuniram o trabalho de mais de 150 autores de 23 áreas no relatório. “Como mudar sistemas sociais?”, exemplificou. “Quando é preciso mudar comportamentos coletivos e individuais, isso envolve valores, pontos de vista, crenças. As capacidades das ciências sociais são fundamentais para isso” .

O documento lista como objetivos: desenvolver a linha de pesquisa sobre mudança ambiental global nas ciências sociais; mostrar as contribuições que elas podem dar a esse debate; estabelecer conexões entre o conhecimento produzido e políticas públicas; e aumentar o engajamento da comunidade científica nas discussões sobre sustentabilidade.

“É um ponto de partida, uma base para discussão e para o desenvolvimento de estratégias de mobilização”, definiu Françoise.

Fonte:
Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação



26/11/2013 17:37


Artigos Relacionados


Rede divulga relatório científico sobre mudanças climáticas globais

Rede de Pesquisa recebe projetos na área de mudanças globais

Pesquisadores de mudanças globais se reúnem para debater financiamentos e metodologias

Palestra: Emilio Moran fala na FAPESP sobre mudanças globais

Quintanilha destaca influência da Antártica nas mudanças climáticas globais e no Brasil

Depois de mudanças no relatório, segue debate sobre 'royalties' do petróleo