Renan rompe o silêncio: "Estou trabalhando para demonstrar minha inocência"



O presidente licenciado do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), disse nesta terça-feira (6) que tem como prioridade no momento provar sua inocência nos quatro processos que correm contra ele no Conselho de Ética e Decoro parlamentar.

- Estou colhendo material para que tudo fique sobejamente explicado - afirmou a um grupo de jornalistas durante breve conversa na tribuna de imprensa do Plenário do Senado.

Sobre a discussão em torno de sua sucessão, foi ao mesmo tempo taxativo e irônico:

- Não estou participando dessa discussão. Ela ocorre paralela a mim. E como vocês sabem, as paralelas nunca se encontram.

Depois de dez dias em licença-médica, Renan voltou ao Senado na segunda-feira (5), mas só nesta terça compareceu à sessão plenária. Ocupou um lugar na bancada de Alagoas enquanto a sessão era presidida pelo senador Tião Viana (PT-AC), 1º vice-presidente da Casa e presidente interino, já que Renan licenciou-se do cargo por 45 dias em 11 de outubro.

Aparentando tranqüilidade e bom humor, o parlamentar alagoano não quis fazer maiores comentários sobre a possibilidade de renúncia ao cargo de presidente:

- A cada dia, sua agonia. Voltei para ao trabalho, para atender às expectativas dos que me elegeram- respondeu aos repórteres. O dia 25 ainda está muito longe - completou referindo-se ao último dia de licença.

Renan recebeu inúmeros pedidos de entrevista, mas ponderou que decidiu voltar às atividades legislativas "com a maior discrição possível". Embora considere necessário somar forças para que o Senado se conscientize da importância da aprovação da CPMF, disse que não está acompanhando de perto a negociação entre o governo e a oposição.

Conselho

O presidente do Conselho de Ética, senador Leomar Quintanilha (PMDB-TO), disse nesta terça que acredita numa solução rápida para os processos que correm contra Renan. Até o dia 14, provavelmente entregarão seus relatórios os senadores João Pedro (PT-AM) e Jefferson Péres (PDT-AM), relatores da segunda e da terceira representação, respectivamente. A segunda trata do suposto tráfico de influência a favor da cervejaria Schincariol e a terceira, de suposta sociedade secreta entre Renan e o usineiro João Lyra num grupo de comunicação.

No dia 13 deste mês, às 10h, prestará depoimento perante Jefferson o governador de Alagoas, Teotônio Vilela filho (PSDB).Ele venceu as eleições de outubro de 2006, pleito em que Lyra saiu derrotado. Renan quer provar que o usineiro, seu ex-aliado, denunciou a suposta sociedade secreta à revista Veja por vingança política, uma vez que Renan apoiou Teotônio.

Jefferson Péres está buscando realizar mais três depoimentos no dia 13: o do empresário Nazário Pimentel, que teria vendido um jornal e duas rádios a Renan e Lyra;o empresário José Queiroz de Oliveira; e o do funcionário do gabinete de Renan Carlos Santa Rita. Os dois últimos são acusados de atuar como testas-de-ferro da suposta sociedade secreta.

A quarta representação, que trata de um suposto esquema de fundos com verbas de ministérios comandados pelo PMDB ainda não tem horizonte. Segundo Quintanilha, o relator do caso, senador Almeida Lima (PMDB-SE), prometeu acelerar o trabalho. A quinta representação, que trata de uma suposta tentativa de espionagem dos senadores Marconi Perillo (PMDB-GO) e Demóstenes Torres (DEM-GO), ainda não tem relator.

Nelson Oliveira e Raissa Abreu / Agência Senado
(Reprodução autorizada mediante citação da Agência Senado)



06/11/2007

Agência Senado


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