Representantes de organizações de agricultores dizem que recursos de convênios com o governo foram aplicados corretamente



Em depoimentos nesta quarta-feira (24) na Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MST) dois representantes de organizações de agricultores garantiram que os recursos que suas entidades receberam do governo foram aplicados dentro da finalidade dos convênios firmados com o Executivo e não desviados para o MST, como questionaram parlamentares.

O presidente da Associação Nacional de Cooperação Agrícola (Anca), Ademar Paulo Ludwig Suptitz, disse que a entidade atua em várias frentes em favor do trabalhador agrícola: na segurança alimentar; educação e promoção de saúde, do associativismo e da reforma agrária.

Suptitz confirmou que a entidade recebeu R$ 2,2 milhões entre 2005 e 2006 do Ministério do Desenvolvimento Social de um convênio no valor total de R$ 5 milhões.Na área de segurança alimentar, a Anca atendeu 3,5 mil pessoas oferecendo, por exemplo, cursos de produção de sementes, e distribuiu 20 mil cartilhas e 12,9 mil kits para cozinha (com utensílios domésticos).

Do Fundo Nacional de Saúde (FNS), a Anca recebeu R$ 200 mil, de um convênio de R$ 300 mil que capacitou 100 pesquisadores populares em saúde. Em outro convênio, desta vez com o Ministério da Educação, junto ao Programa Brasil Alfabetizado, a ONG lidou com 1.402 educadores, sendo que cada um alfabetizou dez pessoas, informou Suptitz.

O outro convidado a depor na CPMI, o tesoureiro do Instituto Técnico de Estudos Agrários e Cooperativismo (Itac), Gustavo Augusto Gomes de Moura, também forneceu detalhes sobre os convênios recebidos pela organização. Segundo Moura, o Itac atuou principalmente na educação e em três frentes: alfabetização de jovens e adultos, capacitação de professores e educação infantil. O instituto alfabetizou mais de 15 mil jovens e adultos no campo e capacitou quase 1,6 mil professores ou educadores da reforma agrária. Moura também apresentou um violão construído por um dos alunos de projeto do Itac.

Quando questionados pelo relator da comissão, deputado Jilmar Tatto (PT-SP), sobre a relação de suas organizações com o MST, ambos disseram terem contato com pessoas envolvidas com a reforma agrária, incluindo do MST, mas negaram repassar recursos ao movimento fora dos objetos dos convênios firmados com o governo.

- Nosso público alvo são pessoas que buscam um pedaço de chão - disse Ademar Suptitz.

O representante da Anca também confirmou ao relator que a associação recebeu doações do exterior e que realizou vários convênios com governos da Europa. Mas garantiu que toda a tramitação de recursos foi feita via Banco Central, sempre de acordo com a legislação. Entretanto, Suptitz reconheceu, respondendo a questionamento de deputados, que a Anca cedeu salas para o funcionamento do MST em São Paulo.

- Sempre incentivamos os trabalhadores a formarem organizações e assim melhorar suas condições de vida. E nosso público alvo são os assentados da reforma agrária - esclareceu.

Suptitz informou também que a Anca tem projetos de assistência a trabalhadores rurais para que estes aprendam a ter acesso a linhas de créditos públicas. Segundo ele, projetos da Anca já alfabetizaram mais de 40 mil trabalhadores rurais. Ele lembrou que a Anca já foi investigada por três CPIs diferentes e garantiu que todos os projetos da instituição "cumpriram seus objetivos". Somados todos os projetos, calculou Suptitz, a Anca já atendeu mais de 200 mil pessoas com suas ações.

A reunião da CPI do MST foi conduzida pelo presidente do colegiado, senador Almeida Lima (PMDB-SE) e contou com a participação de vários senadores e deputados federais. 



24/03/2010

Agência Senado


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