Requião: 70% dos brasileiros tocam o trombone da rejeição a FHC
- Com 70% dos brasileiros, toco o trombone da rejeição à política econômica, que desemprega, que arrocha os salários, que destrói a empresa nacional, que empobrece a agricultura, que desbarata o patrimônio público, que faz aumentar a concentração de renda e alargar os terríveis círculos da pobreza - resumiu o senador, que discursou levando na lapela um trombone estilizado como broche.
Requião apresentou números que indicariam um retrocesso nos indicadores sociais, ao contrário do que apregoa o governo. De acordo com levantamento do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), relativo aos primeiros quatro anos (1995-98) de governo Fernando Henrique, mais 3,1 milhões de brasileiros passaram a não ter renda suficiente para comer, vestir-se e cuidar da saúde e da educação.
- Os efeitos das políticas econômica e social vigentes remeteram para abaixo da linha da pobreza mais 3 milhões de almas, a somarem-se ao contingente de 54 milhões de pessoas, ou 35% da nossa população, que Fernando Henrique já encontrou além dos limites da miséria e que seu governo nada fez para promovê-los a seres humanos - criticou Requião.
A razão do fracasso econômico e social do governo Fernando Henrique reside, para o senador, em boa parte, na rigidez cambial dos primeiros cinco anos de mandato. Como resultado, sustenta Requião, além da estagnação econômica e do terceiro maior índice de desemprego do mundo, adveio uma queda de mais de 7% na renda média do brasileiro. "A concentração de renda também é uma marca do governo FHC, desde o primeiro ano de seu mandato", acrescentou.
Pesquisas do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) também indicam a mesma direção, continuou o senador. De acordo com a instituição, durante o primeiro mandato do presidente, o Brasil consolidou-se como campeão da desigualdade social, dos juros altos, e em conseqüência, do acesso precário à saúde e à educação. "No primeiro quadriênio de Fernando Henrique foi assim que toquei o meu trombone. Fiz com que cada uma dessas deficiências soassem aqui neste plenário", disse o senador.
Roberto Requião garantiu que vai continuar denunciando os erros do governo, especificamente o projeto de privatização do setor elétrico. Segundo ele, o governo não se preocupa com novos investimentos no setor energético. "Ele quer vender o que já existe e não pensa em novas usinas". O senador voltou a defender a instalação de CPI para investigar denúncias de corrupção no Executivo. "Mais uma vez vejo que não estou isolado, que não toco o meu trombone solitário, que tenho a companhia da maioria esmagadora dos brasileiros", afirmou, citando pesquisa DataFolha segundo a qual 84% da população é favorável à criação da CPI no Congresso.
Abimaq
No mesmo discurso, Requião solidarizou-se com as reclamações da Associação Brasileira de Indústrias de Máquinas e Equipamentos (Abimaq) contra o apoio do governo brasileiro à redução, pela Argentina, das alíquotas de importação de bens de capital, o que vai prejudicar as exportações do setor. Segundo os empresários, com a medida, cai por terra a previsão de US$ 2 bilhões em exportações para a Argentina.
02/04/2001
Agência Senado
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