Rio Uruguai, um pedaço da história e da economia do Rio Grande do Sul
O Rio Uruguai faz parte da tradição e do folclore do povo gaúcho. A beleza das suas águas serve de inspiração para poetas e compositores e sua história se confunde com as origens do Rio Grande do Sul. O Tratado de Madri, assinado em 1750 por Portugal e Espanha, definiu o Rio Grande do Sul como território português, e colocou o Rio Uruguai como fronteira oeste do brasil com a Argentina, revogando o Tratado de Tordesilhas.
Hoje, o Rio Uruguai continua despertando emoções na alma do gaúcho fronteiriço, que muitas vezes tira das águas o sustento de sua família. E foi para ouvir os pescadores do Rio Uruguai, que a Subcomissão da Pesca e Piscicultura realizou reuniões na última terça-feira em Itaqui e Uruguaiana, através do Fórum Democrático. Nas audiências, os produtores falaram sobre os principais problemas que enfrentam. De acordo com o presidente da Colônia de Pescadores Z-12, de Itaqui, Marciano Alves Filho, o cuidado que os pescadores da comunidade têm com os peixes do Rio Uruguai, não realizando pesca predatória e respeitando a sua reprodução, atrai os “pescadores de fim-de-semana” de outros centros, ocasionando um sério problema social na região. Segundo ele, uma das soluções seria a formação de um Fórum que envolvesse a regionalização de todas as colônias de pescadores da região, fechando um círculo e fortalecendo a atividade dos produtores.
Por estarem em um rio internacional, os pescadores gaúchos têm que obedecer a legislação do Brasil e da Argentina. Esse fato causa conflito com a fiscalização, dificultando o trabalho dos pescadores artesanais. Segundo o presidente da Colônia de Pescadores Z-9, de Uruguaiana, Itamar Cagol, a concretização do Fórum da Bacia do Rio Uruguai seria a principal solução para esse impasse. Com ele, seria possível tratar diretamente com os argentinos e definir uma política pesqueira que pudesse atender aos dois lados interessados. Para ele, a criação do Fórum depende de uma integração entre os municípios argentinos e brasileiros que são banhados pelo Rio Uruguai.
Poluição no Taquari
O Fórum da Pesca também realizou na última semana audiência no município de Estrela. Lá, os pescadores pediram ações para combater a poluição no Rio Taquari, que impede a reprodução dos peixes. “Nós estamos defecando no nosso próprio prato”, define o presidente da Colônia de Pescadores Z-20, de Estrela, Léo Käfer. Para ele, a única solução para a questão seria um programa eficaz de saneamento das águas do Rio Taquari e seus afluentes. Käfer afirma que a poluição industrial e cloacal das cidades é a grande vilã da pesca na região, pois impede a reprodução dos peixes. Segundo ele, se as indústrias tratassem seu esgoto e as administrações municipais cuidassem do esgoto cloacal, a situação poderia ser amenizada. “Nós sabemos que em todas as cidades aqui do Vale do Taquari o esgoto está indo praticamente direto para o rio. Os arroios que atravessam as cidades estão totalmente poluídos, estão fedorentos, mesmo”, lamenta.
Próximos passos
Com as próximas reuniões, que acontecem no dia 16 de maio em Tavares e Tramandaí, o Fórum da Pesca conclui seu ciclo de debates no interior do estado. Depois de ouvir os principais pólos pesqueiros no Rio Grande do Sul, será possível elaborar propostas que contemplem as necessidades de todos os pescadores gaúchos.
O deputado Adilson Troca (PSDB), relator da Subcomissão da Pesca, garante que todas as reivindicações apresentadas vão ser incluídas no relatório final e levadas às autoridades. Ele lembrou que um dos objetivos das audiências públicas é elaborar uma proposta de emenda ao projeto de lei que tramita na Câmara dos Deputados sobre o assunto. O documento vai sugerir algumas alterações na proposta e indicar algumas reivindicações dos pescadores gaúchos.
05/06/2002
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