ROCHA ADVERTE PARA RISCO DE INTERVENÇÃO DOS EUA NA COLÔMBIA
Sebastião Rocha saudou a atuação da Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional - presidida pelo senador José Sarney (PMDB-AP), que convidou o ministro de Relações Exteriores, Felipe Lampreia, para esclarecimentos - e defendeu a criação de uma comissão especial do Senado para discutir os reflexos da situação colombiana no Brasil. Essa comissão já foi proposta por Rocha.
O Brasil tem com a Colômbia uma enorme fronteira de 1.600 quilômetros, lembrou Rocha. Ele destacou quatro motivos que o levam a interessar-se pelos problemas na Colômbia: a situação interna daquele país, com instabilidade política e recessão econômica, agravada pela "simbiose na ação do narcotráfico e da guerrilha"; a proximidade com o Brasil e a fragilidade das fronteiras na região; a presença de interesses norte-americanos na área; e o fato de que compete ao Congresso Nacional manifestar-se sobre assuntos pertinentes à política externa brasileira.
O senador chamou atenção para o fato de que crises com a dimensão da que vive a Colômbia raramente se circunscrevem a um único país. Ele recordou que enquanto as décadas de 1960 e 1970 marcaram a irrupção de golpes militares por toda a América Latina, os anos 80 assistiram ao fim desses regimes de exceção. Em ambos os casos, disse, os fatos ocorreram em série, atingindo quase toda região.
- Entre outras considerações que a atual crise na Colômbia pode suscitar, existe um aspecto central na questão em relação ao qual não podemos fingir desconhecimento: a cobiça sobre a Amazônia. Não venham dizer que a tese é esdrúxula: o olhar internacional sobre a região sempre existiu e, nos dias de hoje, foi aguçado. O governo brasileiro não tem o direito de "fazer de conta" que nada existe a respeito - advertiu Rocha.
Em aparte, o senador Romeu Tuma (PFL-SP) ressaltou a importância do tema tratado por Sebastião Rocha. Tuma disse que a Colômbia está assumindo o controle da produção de todas as drogas pesadas do mundo. Depois de dominar o mercado de cocaína, voltou-se para a heroína e já é responsável por 40 por cento da produção mundial da droga. O senador observou ainda que a CPI do Judiciário irá investigar o assassinato do juiz Leopoldino Marques do Amaral, que denunciou ligações de setores da Justiça de Mato Grosso com o tráfico de drogas.
16/09/1999
Agência Senado
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