RONALDO CUNHA LIMA DEFENDE DIÁLOGO PARA EVITAR GREVE DE JUÍZES FEDERAIS



O senador Ronaldo Cunha Lima (PMDB-PB) defendeu o estabelecimento de um canal de diálogo entre os três Poderes para evitar a greve dos juízes federais, que reivindicam reajuste salarial. Os magistrados aprovaram um indicativo de greve para o próximo dia 28. O senador manifestou preocupação com a paralisação, ressaltando que antes de serem servidores públicos, os juízes são membros do poder que tem a tarefa de zelar pelo cumprimento das normas, fiscalizando a sua execução.Ronaldo reconhece que existe uma demanda excessiva pela prestação jurisdicional que, aliada ao pequeno número de juízes e os desvios da legislação processual, sobrecarrega os serviços do juiz. O senador destacou também a frustração da expectativa de aumento salarial com a não aprovação da chamada "lei do teto", que vincularia as carreiras da magistratura.- Como então exigir que alguém, mesmo que revestido de uma condição tão singular como a de um julgador, possa desvincular-se de sua humanidade e abstrair-se de preocupações domésticas e, muitas vezes, de sobrevivência, para melhor e corretamente desempenhar suas funções? - questionou o senador.Há outro aspecto, levantado pelo senador, que contribui para a insatisfação da categoria: o fato de que os juízes geralmente têm sob sua administração servidores que recebem salários muitas vezes maiores que os seus. Além disso, Ronaldo Cunha Lima também pergunta como é possível assegurar a carreira de um magistrado que vê, em razão de sentença por ele proferida, advogados recebendo de honorários o que ele não ganhará em anos de trabalho. 0O senador entende que essa paralisação anunciada implica em "estrangular" os meios para a solução dos problemas que afligem a magistratura. "O momento convida a reflexão e a reflexão indica o caminho do diálogo. A par de não concebermos uma greve de juízes não podemos olvidar uma oportunidade de entendimento, como preconiza a Constituição Federal para o relacionamento entre os Poderes", salientou.

15/02/2000

Agência Senado


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