RONALDO: NEM TODAS AS MEDIDAS DO AJUSTE FISCAL FORAM "FELIZES"
O senador Ronaldo Cunha Lima (PMDB-PB) disse que a preservação da política econômica e da moeda não pode ser buscada a qualquer custo, ao salientar que algumasmedidas do ajuste econômico feito pelo governo não foram "muito felizes".
- Não há como discutir a necessidade de uma ação pronta e eficaz como a que foi empreendida. A defesa da política econômica e, principalmente, da estabilidade do real é inquestionável. Contudo, agora que se pode analisar com mais calma a ação das autoridades econômicas, verifica-se que nem todas asmedidas foram muito felizes - afirmou.
Entre as medidas mais questionadas por Ronaldo está a redução de 12,5% na dotação para bolsa de ensino e pesquisa e o corte dos incentivos fiscais destinados à ciência e tecnologia. Segundo o senador, essa decisão não parece ser a mais acertada, pois esse valor representa 0,5% do total do que o governo pretende economizar com o ajuste - R$ 20 bilhões.
- Ademais, esses cortes colidem com a política de capacitação, atualização e modernização do parque industrial brasileiro para que ele possa competir melhor no mercado internacional - acrescentou Ronaldo.
Outro ponto que não convence o senador é a pretendida demissão de 33 mil funcionários públicos não estáveis. De acordo com Ronaldo Cunha Lima, o custo social causado pela medida não compensa a economia do governo. "Parece-me caro demais lançar 33 mil famílias a uma situação de penúria, num momento de altas taxas de desemprego", observou.
A elevação do Imposto de Renda da Pessoa Física também é criticada pelo senador. Conforme acentuou, essa medida incidirá apenas em 7% da população economicamente ativa. "Trata-se da classe assalariada cujo imposto é retido na fonte, e que, por isso, não escapa do seu pagamento", disse.
Outra questão levantada pelo senador diz respeito ao corte de 50%nos incentivos fiscais dos Fundos de Desenvolvimento do Nordeste e da Amazônia (Finor e Finam) e do Fundo de Recuperação Econômica do Estado do Espírito Santo (Funres). "Todo tratamento de realidades desiguais já traz em si a possibilidade de injustiça ou mesmo de ser solução cujo benefício é incerto", advertiu.
24/11/1997
Agência Senado
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