RS muda lei para contratar doentes









RS muda lei para contratar doentes
O secretário da Administração e dos Recursos Humanos do RS, Elton Scapini, anunciou ontem a nova proposta de contratação de servidores portadores de doenças graves, contagiosas ou incuráveis para o serviço público estadual.

O Executivo encaminhará à Assembléia Legislativa, no dia 1º de agosto, o projeto de lei que acrescenta um parágrafo ao artigo 7 da lei 10.098, que rege o Estatuto dos Servidores Públicos do RS. Pelo texto, será permitido o ingresso de servidores portadores de certas doenças, desde que apresentem capacidade para exercer a função e que comprovem acompanhamento clínico e adesão a tratamento aprovado pelas autoridades de saúde.

O governo estadual propõe ainda um movimento nacional para alterar o artigo 40 da Constituição federal, que prevê aposentadoria integral a portadores de doenças graves em exercício. Essa mudança irá estabelecer a aposentadoria proporcional ao funcionário que ingressar com a doença atestada na perícia.


Bernardi pede sugestões a universidades gaúchas
Celso Bernardi, candidato do PPB ao governo do Estado, disse ontem, em Pelotas, que convidará as universidades para apresentarem plano de desenvolvimento ao Rio Grande do Sul e às regiões economicamente deprimidas. Ele falou sobre suas propostas para a Metade Sul na reunião do Conselho Regional de Desenvolvimento da Região Sul. Entende que o projeto deve estabelecer políticas públicas que ultrapassem quatro anos de gestão.


Fortunati defende isenção do ICMS a cooperativas
O candidato ao governo do Estado pela Frente Trabalhista (PDT-PTB-PAN), José Fortunati, afirmou ontem, em visita à Cooperativa dos Trabalhadores das Vilas de Porto Alegre, que apoiará o cooperativismo de trabalho. Defendeu a exclusão da base de cálculo do ICMS operações realizadas por ato intercooperativo ou com instituições sem fins lucrativos. Disse que as cooperativas devem ter prioridade na prestação de serviços ao poder público.


Suspensa lei que obriga troco em parquímetro
O presidente do Tribunal de Justiça (TJ), desembargador José Eugênio Tedesco, suspendeu na última semana, em caráter liminar, a eficácia da lei municipal nº 8.897 de Porto Alegre, de 30 de abril de 2002. A decisão foi divulgada ontem pelo TJ. A lei obrigava a concessionária do estacionamento rotativo pago nas ruas da Capital a fornecer troco aos usuários para notas de valor até 20 vezes maior do que a tarifa dos parquímetros. Na falta de troco, o motorista ficaria isento do pagamento.

A ação direta de inconstitucionalidade foi proposta pelo prefeito João Verle. A legislação está suspensa até o julgamento do mérito da ação pelo Órgão Especial do Tribunal de Justiça. O presidente do TJ ressaltou que já há jurisprudência no tribunal, no sentido de reconhecer que a iniciativa de lei para a instituição de estacionamentos rotativos nas vias públicas não poderá ser do Legislativo, assim como a norma que pretenda regulamentar esse serviço deve ter origem no poder Executivo. Além disso, apontou Tedesco, mostrou-se evidente o dano que poderia resultar da exigência da Lei 8.897, já que sua execução requer a reestruturação nos custos de operação dos parquímetros, que deveriam ser sustentados pelo município ou repassados aos destinatários do serviço.


BR 101
Das 12h às 13h, a BR 101 estará fechada no quilômetro 50, em Joinville (SC). As interrupções devem se repetir por 15 dias a partir de hoje, sempre no mesmo horário, a não ser quando estiver chovendo.


Schneider quer RS independente
A independência do Rio Grande do Sul é o principal projeto do candidato do Partido Social Cristão (PSC) ao governo do Estado, Carlos Schneider. Pretende submeter a separação a plebiscito em 2003 e para isso terá de conseguir a assinatura de 1% do total de votantes nas eleições deste ano, como prevê a lei 9.204 de 1992. Ele propõe nesta campanha reflexão sobre o assunto. Na avaliação do candidato, os territórios devem ser pequenos e ter entre 5 milhões e 10 milhões de habitantes para crescer social e economicamente. 'Países grandes tendem a desaparecer por não conseguirem oferecer bem-estar e pelo custo operacional altíssimo', argumentou.

Schneider defende a necessidade de revisão do pacto federativo e o fim da sangria tributária e da discriminação política do Estado. Citou que o Rio Grande do Sul envia anualmente R$ 20 bilhões para a União e só 14% retornam. O candidato argumentou que as regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste têm 61% da representação parlamentar no Congresso e produzem 30% do Produto Interno Bruto (PIB), enquanto o Sul e o Sudeste contam com 39% dos deputados e dos senadores e contribuem com 70% do PIB nacional. Para ele, isso significa que a federação está mutilada.

Schneider, 47 anos, é técnico em contabilidade e freqüentou parte do curso de Ciências Contábeis. Ingressou na política em 1995. Filiou-se ao PSC, único que aceitou suas idéias separatistas. No ano seguinte, foi escolhido presidente do PSC em Novo Hamburgo, onde reside, e chegou ao comando estadual em 1999. Concorreu a prefeito em 2000 e recebeu 411 votos, 0,33% do total válido. Ele prega que a nova nação mantenha o hino e a bandeira do Rio Grande do Sul e preserve a história farroupilha.


Caminhoneiros ameaçam parar
Os caminhoneiros poderão parar suas atividades em todo o país ainda neste mês. 'Fui procurado por José da Fonseca Lopes (presidente da Federação dos Caminhoneiros Autônomos de São Paulo, Minas Gerais, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul) para apoiar uma greve ainda este mês, começando pelo estado de São Paulo. Se a paralisação for bem-sucedida naquele estado, apoiaremos o movimento e paralisaremos em todo o país', declarou o presidente da União Brasil Caminhoneiro (UBC), Nélio Botelho.

Para o Dia do Motorista, comemorado amanhã, não há previsão de mobilizações articuladas pela UBC. 'Estamos apoiando festas em algumas cidades', informou Botelho, acrescentando que a situação da categoria que ele representa é crítica. 'O óleo diesel aumentou 10% no ano passado e deverá ser reajustado em mais 8,5% ainda este mês. Estamos negociando em Brasília', afirmou. Na avaliação de Botelho, os grandes vilões da categoria ainda são o frete, o óleo diesel, a insegurança nas estradas e os pedágios.


Tarso propõe alternativa para postos de trabalho
Tarso Genro, candidato ao Palácio Piratini pela Frente Popular (PT-PCB-PC do B-PMN), reuniu-se ontem à tarde com a coordenação de campanha para detalhar o plano de governo. Um dos problemas enfocados será o desemprego. Além de ampliar programas desenvolvidos pela administração Olívio Dutra, serão criadas alternativas. Citou como exemplo a concretização do programa Começar de Novo, direcionado à população desempregada.


TRE libera boletim da Frente Popular
O Pleno do Tribunal Regional Eleitoral (TRE), reunido ontem à noite, decidiu por unanimidade que não é injurioso o conteúdo dos 20 mil boletins de campanha da Frente Popular (PT-PCB-PC do B-PMN) apreendidos sábado, em Porto Alegre. A coligação, inconformada com o recolhimento do material, ingressou no TRE com recurso regimental.


Ciro indica genérico para acalmar
Ironiza a situação de Serra, rejeita alterações na CLT e critica o sistema de tributação do governo

O candidato da Frente Trabalhista (PPS-PTB-PDT) à Presidência da República, Ciro Gomes, ironizou ontem sobre o possível desespero dos aliados de José Serra, do PSDB, quanto ao desempenho na campanha eleitoral. 'Recomendo um genérico de calmante', disse o candidato do PPS após participar de palestra na Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp). Ciro, que integr ou o ciclo de debates promovido pela Fiesp com os candidatos à Presidência, conseguiu reunir cerca de 300 empresários, pelo menos o dobro dos presentes à palestra de Anthony Garotinho, que concorre pelo PSB, semana passada.

No debate com os empresários, a maioria demonstrando preocupação com a proposta de flexibilização da CLT, ele garantiu que demoveu a idéia do seu candidato a vice, Paulo Pereira da Silva, ferrenho defensor das alterações quando ainda era o presidente da Força Sindical. O sistema de tributação também foi alvo de críticas. Ciro tratou do assunto com ironia, quando disse aos empresários que ninguém poderia afirmar que Fernando Henrique Cardoso deixaria a Presidência sem nunca ter promovido reforma tributária no país.

'Quando houve a criação do Plano Real, a carga tributária era responsável por 22% do Produto Interno Bruto. Hoje, está em 34%. Isso na Europa demoraria um século para ocorrer e nos EUA levaria a uma nova guerra da secessão', salientou. Ciro declarou ainda que é contra o modelo do governo, mas não condena os profissionais da equipe econômica e dos ministérios.

Sobre a suposta dívida do coordenador nacional da sua campanha, José Carlos Martinez, com a família de Paulo César Farias, Ciro garantiu que não há nenhuma acusação contra o seu aliado. O candidato admitiu que indagou Martinez sobre o dinheiro. 'Ele me disse que, quando os dois eram meros empresários, fez empréstimo com PC e pagou canal de TV no Rio', contou Ciro.


PT promete 10 milhões de vagas
Programa prevê crescimento de 5% ao ano e menos dependência externa para combater desemprego

O candidato do PT à Presidência da República, Luiz Inácio Lula da Silva, afirmou ontem, durante o lançamento do seu programa de governo, na Câmara dos Deputados, em Brasília, que, se for eleito, as mudanças começarão no primeiro dia. Comprometeu-se principalmente com a geração de 10 milhões de empregos em quatro anos, sem descuidar da inflação. Também discursaram o vice-presidente na chapa, senador José Alencar, do PL, o presidente do PT, José Dirceu, e a prefeita de São Paulo, Marta Suplicy.
Segundo Lula, o número de novos postos pode parecer exagerado, mas é necessário. 'Há uma legião de desempregados e a cada ano entram no mercado 1,4 milhão de jovens', afirmou. Disse que é preciso crescer a uma taxa média de 5% ao ano para gerar as vagas, por meio de políticas de emprego e renda. Para isso, a área da construção civil é citada por Lula, 'pois gera milhões de empregos com a vantagem de consumir insumos, matérias-primas e produtos brasileiros'.

Para crescer, Lula afirmou que é preciso combater o desemprego e a redução da dependência de capitais externos voltados à especulação, além de baixar juros. O candidato defende o tripé investimento nos setores de ponta, alargamento do mercado interno e aumento da exportação.

O presidenciável criticou o atual governo em relação ao tratamento dado à dívida interna. Segundo ele, quando Fernando Henrique assumiu estava em R$ 61 bilhões e deixará com cerca de R$ 709 bilhões. 'Se eleito, vamos pegar um país totalmente endividado, com risco de quebrar', disse, acrescentando que manterá diálogo com os países, mas sem ingerência de organismos internacionais. O candidato assumiu compromissos também no combate à fome, à pobreza, ao crime organizado, à corrupção e à discriminação. Prometeu investir fortemente em educação e saúde.


Caleb critica 'a postura imprópria' de Bisol
O candidato do PSB ao governo, Caleb de Oliveira, criticou ontem, em reunião-almoço promovida pelo Sindicato das Seguradoras, no Plaza São Rafael, a condução da Secretaria de Estado da Justiça e da Segurança por José Paulo Bisol. Caleb salientou que Bisol tem 'postura imprópria' à frente da pasta, ressaltando que jamais escolheria 'um poeta' para secretário. O candidato afirmou, porém, que a condução de Bisol não chegou a prejudicar o funcionamento da secretaria, destacando as contratações de policiais feitas pelo atual governo para suprir a baixa na corporação devido ao Programa de Demissão Voluntária da administração anterior. Lembrou que o problema da segurança é global, não se reduzindo ao Rio Grande do Sul.

Também participou a candidata a vice-governadora pelo PPB, Denise Kempf. Ela pregou a reestruturação do serviço de inteligência da Polícia, devendo ser interligado com os outros estados, para coibir quadrilhas de roubo de carros e do crime organizado. Salientou que nas licitações para compra de armamento e carros pela Polícia deveriam ser previstos os modelos que entrarão no mercado para o setor não ficar com material defasado.


Agenda dos candidatos

HOJE
11 Celso Bernardi (PPB)
9h: seminário de governabilidade promovido pelo Sindicato dos Auditores de Finanças Públicas do Rio Grande do Sul. 11h: reunião de campanha. 12h e 18h: panfletagem na Esquina emocrática.
12 José Fortunati (PDT-PTB-PAN)
12h: Novo Barreiro. 14h: carreata pelos municípios de São José das Missões, São Pedro das Missões, Sagrada Família e Lajeado do Bugre. 17h: Boa Vista das Missões. 18h: Seberi. 20h: raí.
13 Tarso Genro (PT-PCB-PC do B-PMN)
Roteiro com o candidato do PT à Presidência da República, Luiz Inácio Lula da Silva, em Ijuí e Porto Alegre.
15 Germano Rigotto (PMDB-PSDB-PHS)
8h30min: Santana do Livramento. 15h: Quaraí. 19h30min: Dom Pedrito.
23 Antônio Britto (PPS-PFL-PT do B-PSL)
Viagens a Caxias do Sul, Farroupilha e Bento Gonçalves.
40 Caleb de Oliveira (PSB)
16h: Cachoeirinha. 19h: Viamão.


FHC reforça campanha tucana
O presidente Fernando Henrique Cardoso será a atração do primeiro programa de propaganda na TV do candidato da aliança PSDB-PMDB à sua sucessão, José Serra, no dia 20 de agosto. A campanha de Serra passa pelo dilema de ser governista e pregar mudanças. O próprio presidente assumirá a tarefa de dizer o que é preciso melhorar no país após os oito anos de mandato. Ele garantirá que Serra fará pelo social o que o seu governo conquistou para a economia com o Plano Real.

Essa mensagem será reforçada por 2,1 mil painéis em que Fernando Henrique e o candidato aparecerão. O presidente afirmará: 'Eu fiz o Real'. Serra garantirá que 'eu vou dar o grande salto social'. O publicitário Nizan Guanaes encontrou assim a fórmula visando deixar a campanha tucana à vontade para fazer discurso de mudanças. A primeira-dama Ruth Cardoso, que criou o Comunidade Solidária, também participará mostrando que o governo se importou com a área social, mas oito anos não são suficientes para mudar o país. Guanaes está apostando tudo na propaganda gratuita.


Garotinho usa exemplo do PCC
O candidato do PSB à Presidência da República, Anthony Garotinho, inspirou-se ontem em um suposto exemplo da facção criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC) para solicitar mais engajamento dos evangélicos em sua campanha. 'Se os presos estão se unindo, por que não vamos fazer o mesmo?', questionou Garotinho durante discurso no encerramento de seminário promovido pela Igreja do Evangelho Quadrangular, em Belo Horizonte, Minas Gerais. A referência ao PCC, segundo Garotinho, deve-se ao fato de o grupo criminoso enviar cartas aos familiares pedindo votos para três candidatos que seriam os seus representantes. 'Precisamos conquistar os votos de todos os brasileiros, não só dos evangélicos', disse Garotinho.


General descarta integrar eleições
O general Ítalo Fortes Avena, comandante da 8a Região Militar, anunciou que este ano o Exército não terá como atender às solicitações dos tribunais regionais eleitorais para dar segurança às eleições no Pará e no Amapá, áreas de sua jurisdição. O mesmo acontecerá em Belém, no Círio de Nazaré, a maior festa religiosa do Brasil, que, tra dicionalmente, conta com a participação das Forças Armadas. O general justificou que isso ocorre devido ao corte de pessoal e à desativação de várias unidades do Exército diante da contenção de gastos do governo federal. Ítalo Avena adiantou ainda que as comemorações dos dias do Soldado e da Independência serão dentro do mínimo necessário.


Lula começa hoje em Ijuí o primeiro roteiro no RS
O presidenciável do PT, Luiz Inácio Lula da Silva, começa hoje o primeiro roteiro oficial da campanha no Estado em Ijuí. Ao lado dos candidatos ao governo, Tarso Genro, e a vice, Miguel Rossetto, Lula participa, às 10h30min, na Unijuí, da Conferência sobre Política Agrícola. Lideram caminhada em Porto Alegre, às 17h, com início em frente à sede municipal do PT, na avenida João Pessoa. Seguem até o Largo Glênio Peres, onde realizam ato político.


Rigotto diz que segurança estará longe da ideologia
Germano Rigotto, que concorre ao governo pela coligação União pelo Rio Grande (PMDB-PSDB-PHS), garantiu ontem, em Pelotas, que pretende fazer mudanças na segurança pública, entregando o comando a pessoa especializada e separando a técnica da ideologia. O assunto foi discutido com a Associação dos Cabos e Soldados da Brigada Militar.


Artigos

Dissimulação neoliberal
Luiz Marques

A cultura é direito assegurado aos cidadãos pela Constituição: 'O Estado garantirá a todos o pleno exercício dos direitos culturais e acesso às fontes de cultura nacional e apoiará e incentivará a valorização e a difusão das manifestações culturais' (artigo 215). Que, em cada unidade federativa, haja divergências no campo cultural sobre as linhas institucionais e estéticas a serem priorizadas pelas autoridades administrativas, é positivo para a afirmação do preceito constitucional. Não seria leal no debate político-partidário, pois, caracterizar os dissensos programáticos recorrendo de forma dissimuladora ao epíteto de 'totalitário' para retirar as visões adversárias do âmbito da ordem democrática e, no limite, da proteção da Carta Magna.
Ninguém ignora o diagnóstico apontado pela pesquisa do IBGE a partir do fechamento massivo das salas de cineteatro no país, sobre a miséria de equipamentos herdada do período da ditadura militar. Fato que privou a maioria da população do direito à cultura. A diferença é que, para uns, cabe ao deus mercado achar a solução para o problema. Apostam todas as fichas nas leis de incentivo baseadas na renúncia fiscal, entregando ao departamento de marketing das empresas a decisão acerca do rumo das políticas da área. Compreende-se então a restrição à criação cultural no governo FHC que, entre 1995 e 2002, reduziu os recursos estatais destinados à educação e à cultura de 1,4% para apenas 1% do PIB brasileiro. No Rio Grande do Sul, para fazer o comparativo, desde 1999 tais aportes orçamentários equivalem em média a 2,5% do PIB estadual.
Outros pensam que a socialização dos bens culturais e simbólicos passa pela recuperação e ampliação dos espaços públicos para a fruição artística e pelo desenvolvimento de projetos estratégicos e participativos nos vários segmentos das artes. Só assim é possível avançar na superação do economicismo que exclui de nossos ideais de cidadania as questões ligadas ao imaginário e à consciência identitária do povo. Ocorre, porém, que, no esforço de legitimar socialmente o princípio da mercantilização, os neoliberais obscurecem o divisor entre os programas em disputa com adjetivos diversionistas. Em vez de defender sua concepção mercadológica de cultura, acusam de 'partidarização' aqueles que se opõem à idolatria do dinheiro, substituindo a racionalidade dos argumentos por slogans. Quem, portanto, coloca em risco a noção de autonomia e diversidade cultural?


Colunistas

PANORAMA POLÍTICO - A. Burd

TUCANOS INSATISFEITOS
Lideranças do PSDB em todo o interior do Estado querem saber onde anda o material de propaganda de José Serra. Com bom humor, dizem que vão premiar o primeiro que descobrir um 'santinho' do candidato. Ironia à parte, esperam que a direção nacional do partido tome a mesma atitude do PMDB de Santa Catarina, que exige o afastamento imediato de representantes do PFL que ocupam cargos do governo federal no Estado. Acrescentam que não são ingênuos para imaginar que os pefelistas não estejam fazendo campanha aberta em favor de Ciro Gomes. Surpreendem-se com o marasmo na sede regional do partido, em Porto Alegre, e a inoperância da executiva, a quem caberia com todo o empenho a condução da campanha presidencial.

VOLTA ÀS ORIGENS
O discurso da campanha do PT, até a semana passada, chegou a parecer conciliador. O programa de governo, lançado ontem, em Brasília, trouxe o partido de volta à sua linha de contestação e combate.

GRAVANDO
Quando chegar hoje à tarde a Porto Alegre, Lula descansará por uma hora num hotel. Depois irá a estúdio gravar os primeiros programas de propaganda do PT em rádio e TV que entrarão a 20 de agosto.

DIA MARCADO
1) O resultado do próximo levantamento do Centro de Pesquisa Correio do Povo sobre candidatos ao governo do Estado será publicado na edição de 12 de agosto; 2) Paulo Kopschina, inscrito pelo PMDB de Novo Hamburgo à Câmara dos Deputados, desistiu de concorrer. Mais: anunciou que deixa o partido. O que intrigou lideranças do PMDB foi o fato de ontem ter almoçado com o prefeito José Airton dos Santos, do PDT.

DESCONFORTOS
O senador mineiro José Alencar, vice na chapa de Luiz Inácio Lula da Silva, sentiu ontem como ainda é rejeitado por setores do PT. Como já tinha ocorrido em junho, durante o lançamento de sua candidatura, foi vaiado. Verificou também que o PL, seu partido, ficou fora dos adesivos de campanha. Mesmo com o desconforto, acabou engolindo em seco.

DURO GOLPE
Com cumplicidade da auditoria e permissividade da legislação, EUA consagra a picaretagem contábil.

AMIGOS ATÉ ALI
Pelas críticas do candidato Caleb de Oliveira ao secretário José Paulo Bisol, desfaz-se, pelo menos temporariamente, a imagem de que o PSB será linha auxiliar do PT na campanha ao governo. Vale lembrar que Bisol chegou ao secretariado como socialista e depois se filiou ao PT.

BUSCA DE MODELO
Os candidatos às eleições majoritárias pelo PSB, Caleb de Oliveira e Marcos Citolin, vão gravar a 2 de agosto, no Rio de Janeiro, primeiros programas de propaganda gratuita em rádio e TV. Ao lado de Anthony Garotinho, querem mostrar o que o partido faz quando está no governo.

CONTERRÂNEOS
Na eleição de 1998, o então candidato à Assembléia Berfran Rosado descobriu que muitos nascidos em Rosário do Sul, sua terra natal, moravam em São Leopoldo. Somou 333 votos. Ontem, foi ao reencontro.

SEM DISCURSOS
A deputada federal Yeda Crusius lançará sua campanha à reeleição, sexta-feira à noite, no Clube Farrapos, com duas inovações. Não haverá os tradicionais discursos. Políticos vão mostrar seus dotes na música, declamação e dança. A conferir.

APARTES
Históricos do PSB cercam Garotinho para que não fale em apoio no 2O turno. Temem comprometimento antecipado, o que só entornaria o caldo.

Opinião de economistas gaúchos sobre balanços maquiados e crise nos EUA: o que balança lá cai aqui.

Desentendimento: Lula retirou-se abruptamente de almoço com a direção da Folha de S. Paulo, na 6a-feira.

EPTC contraria prefeitos dizendo que os azuizinhos não agiriam contra os seus veículos na 2a-feira.

Jingle de Serra em versões MPB com Elba Ramalho; pop com KLB e sertanejo com Chitãozinho e Xororó.

Mercados caem com caso WorldCom. Melhor chamar de WorldSem.

Pedro Ruas constata: 'Agora, há muito mais candidatos nas estradas do interior do Estado do que pardais'.

Deu no jornal: 'Governo tenta conter debandada rumo a Ciro'. E o cordão dos puxa-sacos cada vez...

Política também é isto: topete de Ciro e bigode de Sarney se entrelaçam.


Editorial

A CRISE SEM KEYNES

Estarão os Estados Unidos sob a ameaça de retorno aos dias tormentosos do ano de 1929? Como naquele tempo, os investidores postam-se diante dos painéis da cotação cambial e ouvem os pregões das Bolsas sob a tensão da crise. Na linguagem do mercado, há nervosismo, e isso não é um problema que afete somente quem aplica recursos de poupança no jogo dos investimentos, grandes, médios ou pequenos, afeta indiscriminadamente todos, mesmo a milhares de quilômetros do centro da tempestade que devassa as Bolsas americanas. Exemplo é o que vem acontecendo por aqui. A Bolsa de São Paulo, para particularizar, tem sofrido baixas históricas, como ocorreu ainda no pregão de segunda-feira, 22, quando chegou o volume de negócios ao nível mais baixo desde 1999.

O que está havendo com a grande economia norte-americana neste instante? Quais fatores assim turbam o parque industrial do país, com problemas afetando corporações até há pouco tempo tidas como gigantes opulentos de força? É a mesma indagação que se faziam os cidadãos de 29, naquela ansiedade que a literatura e o cinema mostraram com traços reais. A grande diferença de lá para cá é que está a faltar um gênio da ciência das finanças públicas como John Maynard Keynes, o lorde inglês que previu a borrasca com antecedência de um sismógrafo humano e indicou a maneira de combatê-la quando o presidente Roosevelt, no seu primeiro mandato, chamou-o à Casa Branca como conselheiro.

Já não há Keynes, o guia, muito menos um presidente como o grande Frank. O mundo terá que pagar por isso. Aparecerá alguém capaz de fazer a economia americana retornar aos tempos de prosperidade de há poucos anos? É a pergunta inquietante que se fazem os americanos e cuja resposta tem muito a ver com o resto do mundo, especialmente o submetido ao jugo do dólar. Enquanto isso, o pessoal do FMI viaja pelos países subdesenvolvidos ou em vias de desenvolvimento a ensinar como crescer sem problemas. FMI que se transformou ao longo dos anos desde o pós-guerra num prolongamento da White House e do Fed americano.


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07/24/2002


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