Sabesp usa vôo de parapente para monitorar a Mata Atlântica



Meta é estender a fiscalização aérea para todo o ecossistema da Serra do Mar

Já surgiram os primeiros resultados da parceria entre a Fundação Florestal e a Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp) para preservar as áreas remanescentes de Mata Atlântica em Itanhaém, no litoral sul paulista. No sábado, dia 12 de julho, foi lançado o projeto De Olho na Mata Atlântica, que utilizará sobrevôos com paramotores para melhorar a vigilância naqueles locais, para prevenir problemas como o desmatamento e a poluição de rios e mananciais.

O projeto surgiu na 4ª Audiência de Sustentabilidade, realizada em fevereiro na sede da Sabesp, na capital. O objetivo é reunir esforços dos participantes em favor da preservação do ecossistema da Serra do Mar. Participam a Fundação Florestal (órgão vinculado à Secretaria Estadual do Meio Ambiente, responsável pela preservação do Parque Estadual da Serra do Mar), a Polícia Militar Ambiental de Itanhaém e a Associação Brasileira de Vôo Livre (ABVL).

Olhar panorâmico – Marcelo Morgado, engenheiro químico e assessor de Meio Ambiente da Sabesp, explica que a experiência inicial analisou a bacia dos Rios Mambu e Branco. Os vôos são realizados duas vezes por semana na região, por pilotos cadastrados na ABVL, em sintonia com a equipe da Polícia Ambiental, para registrar possíveis irregularidades. A meta é ampliar a área de vigilância nos próximos meses. No Brasil, esta é a primeira vez que o parapente ajuda no monitoramento de recursos hídricos e florestais – pela sua maneabilidade, o aparelho permite ao piloto voar baixo e próximo das encostas das matas, podendo localizar atividades suspeitas, e fornecer informações precisas à Polícia Ambiental, por meio de fotos, equipamentos de GPS e rádio-comunicador.

“Usar tantos equipamentos simultaneamente não chega a ser problema. Nas competições de parapente, o piloto voa até mil metros de altitude e, por segurança, precisa saber com exatidão as suas coordenadas geográficas e fotografar os locais sobrevoados. Assim, adaptamos algumas destas técnicas para ajudar a preservar a Mata Atlântica”, explica Luiz Carlos Laghi, presidente da ABVL.

Laghi comemora o fato de ter achado um jeito de colaborar com a preservação do meio ambiente. “Desde criança eu sempre participei de atividades de preservação. Além de ser um trabalho profissional, passa a ser gratificante poder ajudar de alguma forma”. Todos os pilotos envolvidos no trabalho são profissionais registrados na associação e com muita experiência nesse tipo de vôo.

Consciência ecológica – A idéia de reunir o prazer de voar com a necessidade de preservação ambiental empolgou todo o quadro da ABVL. Piloto desde 2004, Sinnayder Barcelos disse que irá participar das reuniões que definirão o modelo definitivo de vigilância. O lançamento do De Olho na Mata Atlântica atraiu o interesse de André Luiz, 31 anos, e de Daniel Assis, de 26, ambos moradores de Praia Grande. “Pretendo participar da vigilância”, conta André.

Para Luiz Kruel Moutinho, comandante da Primeira Companhia de Polícia Militar Ambiental, do 3º Batalhão de Itanhaém, a participação da sociedade reforça a fiscalização. “É um auxílio mais que bem-vindo. Quando a população colabora, melhora todo o patrulhamento, não só o ambiental”, destaca.

Edson Lobato, diretor do Núcleo de São Sebastião do Parque Estadual da Serra do Mar, explica que monitorar atividades predatórias, como o desmatamento, a caça e pesca ilegais, a destruição de matas ciliares, são ações possíveis de preservação. Comenta que os recursos tecnológicos de imagens e dados digitais facilitaram o serviço. Porém, para ampliar a abrangência do trabalho, sugere ações pontuais, como promover e disseminar conceitos de educação ambiental na população e iniciativas para gerar emprego e renda.

A expectativa da Sabesp e de seus parceiros é que, já nas próximas reuniões, possam ser divulgados bons resultados, capazes de servir de estímulo para pesquisadores, escolas, turistas e  toda comunidade.

Conheça o paramotor

O paramotor é uma aeronave ultraleve, de bolsa, que pode atingir até 55 quilômetros por hora. Equipado com motor de 250 cilindradas, decola de praticamente qualquer lugar e pousa em espaços muito reduzidos. Com o paramotor não é necessário fazer decolagens de morros, pode-se decolar do chão. O equipamento é de fácil manuseio: o piloto coloca o motor nas costas, como se fosse uma mochila, infla o parapente, corre alguns passos e já alça vôo. O reservatório tem capacidade para dez litros de combustível, suficientes para até cinco horas de vôo. Ele é muito menos poluente e mais econômico que o helicóptero, o tipo de aeronave geralmente utilizado nesse tipo de operação.

A mata, reduzida a 8% do seu tamanho

Originalmente, a grande floresta conhecida como Mata Atlântica estendia-se ao longo da costa brasileira, do Rio Grande do Sul ao Piauí, cobrindo uma superfície de aproximadamente 1,3 milhão de quilômetros quadrados, que se estende por 17 Estados, representando 15% do território nacional. Um longo processo de devastação, provocado pelas atividades agropastoril e industrial, e pela expansão urbana, reduziu sua área original a menos de 8% do total. Atualmente, a Mata Atlântica está reduzida a uma série de bolsões isolados, com diferentes formas de relevo e paisagens, e características climáticas diversas. Há também grande multiplicidade cultural das populações que ali vivem.

Da Agência Imprensa Oficial

(M.C.)



07/16/2008


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