Sarney: obra de Rachel de Queiroz será sempre um dos momentos mais importantes da literatura brasileira
O presidente do Senado, José Sarney, afirmou durante a homenagem aos 100 anos de nascimento da escritora Rachel de Queiroz que, enquanto existir a literatura brasileira, a obra da escritora estará presente como um dos momentos mais importantes e mais extraordinários da inteligência do país.
- E também, enquanto eu viver, ela estará viva na minha memória - acrescentou.
Sarney salientou que Rachel de Queiroz, primeira mulher a se tornar imortal da Academia Brasileira de Letras (ABL), foi um exemplo de resistência feminina, forte como o retrato de suas personagens, mas sem ser violenta como elas.
De temperamento doce e irônico, Raquel, que faleceu em 2003, aos 92 anos, utilizava-se dessa ironia para reafirmar a sua rebeldia e seu inconformismo com a desordem do mundo. Segundo o presidente, ninguém soube traçar como ela os tipos sertanejos, que eram o seu universo pessoal, e transformá-los em figuras universais.
O primeiro livro, que Rachel de Queiroz publicou aos 19 anos, foi O Quinze, instaurador do ciclo do romance nordestino. A obra de forte conteúdo social, com a seca como personagem central, trouxe as fontes populares ao universo literário.
Segundo Sarney, Rachel tornou-se logo, a partir desse momento, a porta-bandeira daquilo que Oswald de Andrade chamava "os búfalos do Nordeste", ao lado de nomes como Graciliano Ramos e Jorge Amado, e abriu caminho para outros como José Américo de Almeida e José Lins do Rego.
O senador falou ainda da biografia da escritora e de passagens como o envolvimento com o Partido Comunista; do posterior rompimento com a legenda, por tentativa de censura à sua obra; de seu casamento; da candidatura à deputada; da morte de sua filha Clotilde, por meningite; e de sua prisão, período em que escreveu o livro Caminho das Pedras.
Sarney também lembrou que, surpreendendo a todos, aos 80 anos, a escritora lançou O Memorial de Maria Moura, em sua opinião um livro definitivo, inspirado na vida de Maria de Oliveira, uma precursora do Cangaço.
17/11/2010
Agência Senado
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