Sarney reverencia liberdade de imprensa em homenagem à 'Folha de S. Paulo'
Matéria ampliada às 21h20
Em sessão de homenagem aos 90 anos de fundação da Folha de S. Paulo, nesta segunda-feira (14), o presidente do Senado, José Sarney, destacou a importância da atuação do jornal na defesa da liberdade de imprensa. O senador apontou a crítica aos homens públicos como "função primordial da imprensa" e lembrou que Octavio Frias, publisher da Folha falecido em 2007, seguia esse princípio.
- Os homens públicos sofrem com essa liberdade total, e muitas vezes sem motivação. Mas é melhor ter uma imprensa livre que não ter imprensa nenhuma. Ela exerce essa função, e foi essa função que Frias concebeu. Foi por isso que ele fez um jornal de opinião. Um jornal que acolhe todos os pluralismos, um jornal que acolhe todas as divergências - disse José Sarney.
O presidente do Senado traçou um paralelo entre Octavio Frias e Thomas Jefferson, terceiro presidente dos Estados Unidos, que em sua opinião compartilhavam a mesma concepção em relação à liberdade de imprensa. Segundo Sarney, Jefferson concebeu a liberdade de imprensa para que esta fosse a voz do povo, dando ao cidadão imunidade para questionar o poder, garantias já desfrutadas pelos que administravam a Nação.
- Frias tinha essa convicção. Se Jefferson concebeu a imprensa assim, Frias teve a oportunidade de fazer a imprensa assim - destacou.
Segundo o presidente do Senado, seria impossível dissociar a moderna Folha de seu criador, a quem atribuiu papel "predominante e relevante" na imprensa brasileira do século 20. Foi graças a Frias, disse ainda Sarney, que a Folha se colocou na vanguarda das mudanças na forma e na linguagem jornalística e assumiu o lugar de jornal de maior circulação nacional por muitos anos.
- Frias acompanhou a revolução das comunicações e entendeu a nova mídia e, antes dos outros, viveu o futuro. Fez o jornal moderno e a linguagem moderna desse novo tempo - afirmou.
Embora fundado em 19 de fevereiro de 1921, como salientou Sarney, a Folha hoje conhecida foi recriada em 10 de agosto de 1962, quando assumida por Octavio Frias e Carlos Caldeira. Dois anos antes, a antiga Folha da Noite, primeiro título do jornal, havia se fundido aos jornais Folha da Tarde e Folha da Manhã sob o rótulo de Folha de S. Paulo. Ele lembrou que o jornal foi o primeiro a ser rodado em offset, isso em 1968, e também pioneiro no uso da composição foto-eletrônica, em 1971.
Para Sarney, o fundador da moderna Folha foi uma personalidade fascinante e ainda uma figura humana de traços inesquecíveis. Entre outros aspectos, ele destacou o jeito manso e tranquilo com que Frias se manifestava, sempre "chegado ao diálogo". No papel de jornalista, acrescentou Sarney, Frias era o contrário das "indagações platônicas", com um jeito de perguntar claro e objetivo que definiu o novo estilo da Folha.
- Sua alma de repórter dando aos formuladores e fazedores do jornal o papel de trabalhar opiniões contrárias, diversas e deixar ao leitor julgá-las - observou.
Sarney lembrou que conheceu Frias em 1967, quando, aos 37 anos de idade, estava à frente do governo do Maranhão e foi expor ao jornal o programa educacional que implantara no estado - o "João de Barro" - para levar o ensino às zonas rurais. Conforme observou, do encontro "nasceu uma empatia de toda a vida", num vínculo que se transmitiu a toda a família.
- Em nossa relação havia divergências que não discutíamos e posições que não analisávamos, para manter o que há de mais profundo no ser humano: o prazer da convivência e o gosto da amizade - disse.
Entre as qualidades de Frias, Sarney citou também a simplicidade e a austeridade. O senador disse que o jornalista, embora dono de um império de comunicação, nunca colocou um "pedaço desse império a serviço da vaidade pessoal".
14/03/2011
Agência Senado
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