Sarney: se Lula pudesse, proporia um salário mínimo maior



Ao chegar na tarde desta terça-feira (15) ao Congresso, o presidente do Senado, José Sarney, declarou que, se o presidente Luiz Inácio Lula da Silva pudesse, proporia ao Legislativo um salário mínimo maior que os R$ 260 propostos na medida provisória que será votada pelo Plenário.

- Minha posição é favorável à mensagem do presidente da República. Eu acho que, se ele pudesse mandar um salário maior, ele teria mandado, ele que é um operário, que passou a vida inteira defendendo as causas salariais. As razões de Estado naturalmente são razões pelas quais ele é obrigado a pautar as suas decisões.

No entender de Sarney, a cifra de R$ 260 foi o teto máximo permitido pelas contas nacionais, contas que -o chefe do Executivo tem a incumbência de administrar-. O presidente do Senado também informou que, de acordo com o regimento interno da Casa, a partir desta quarta-feira (16) a MP do salário mínimo estará pronta para ser votada. -Eu acho possível que ela seja votada amanhã-, acrescentou.

Face à observação de uma jornalista de que ele será o fiel da balança nessa votação, podendo influenciar o voto dos seus amigos, Sarney brincou, citando o filósofo político Nicolau Maquiavel.

- Eu tenho amigos e, ao contrário do que falava Maquiavel, eu não gosto de ser temido, gosto de ser amado. De maneira que meus amigos não sofrem essa influência. Eu não tenho a força de impor aos meus amigos decisões dessa natureza.

Também indagado sobre declaração feita pela senadora Roseana Sarney (PFL-MA), em São Luís (MA), sobre possível apresentação de emenda para aprovar um salário mínimo de R$ 300, Sarney disse que também não interfere nas decisões de sua filha.

- Olha, minha filha sempre caminhou com seus próprios pés. Ela tem liderança própria e eu nunca procurei influenciar naquilo que ela fez em sua carreira, com sucesso e brilhantismo. De maneira que eu não posso jamais querer influenciar suas decisões.

Diante de outra pergunta a respeito do julgamento feito pelo Tribunal de Contas da União sobre as contas do primeiro ano do governo Lula e sobre a constatação de que o Executivo investiu 4% a menos em saúde do que os governos anteriores, Sarney disse que ainda não leu essa notícia.



15/06/2004

Agência Senado


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