Saturnino discorda de Lula sobre Fórum Social Mundial
- O Fórum Social Mundial repudia exatamente todo esse ideário que transforma tudo em mercadoria capaz de ser comprada e vendida numa feira. O Fórum Social Mundial foi criado para produzir opinião pública, para produzir reverberação de opinião pública contra o neoliberalismo, que é exatamente a ideologia de que tudo se compra e vende no mercado - explicou o senador.
A expressão "feira" usada pelo presidente, disse Saturnino, tem conotação depreciativa e não "é adequada nem ao fórum tampouco ao presidente Lula".
De acordo com o senador, o fórum promove debates para amplificar a opinião pública contrária ao neoliberalismo e a idéia de que é possível criar um mundo diferente. Para isso, acrescentou, o fórum é eminentemente plural, reunindo diferentes profissões e ocupações, mas sem o objetivo de gerar consenso ou maioria. Daí por que "evita exatamente produzir resoluções, porque quer ser, antes de tudo, sobretudo e quase unicamente, um fórum onde são apresentadas sugestões, idéias e críticas a respeito do neoliberalismo e das possibilidades de sua superação para um mundo melhor".
Apesar de não procurar produzir consensos, o senador afirmou que o fórum tem gerado alguns, como o de criar a chamada taxa Tobin, a ser aplicada sobre a movimentação financeira em todo o mundo para constituir um fundo para impulsionar o desenvolvimento dos países mais retardatários.
Saturnino enfatizou ainda que o Fórum Social não tem a menor intenção de constituir-se em governo em qualquer país do mundo. Assim, explicou, se o PT teve papel importante na criação do fórum, isso não implica que a instituição tenha qualquer ligação com o PT ou outro partido.
- A idéia é enfrentar todo o poderio da mídia pela amplificação, reverberação da opinião pública e daquelas entidades que são capazes de exercer influência sobre a opinião pública, de modo a levar sucessivamente a etapas de superação deste pensamento único que hoje em dia é veiculado por todos os meios de comunicação no Brasil e praticamente no mundo inteiro, exceto o mundo muçulmano, qual seja, a de que não há outra solução senão seguir a cartilha do neoliberalismo - reiterou o senador.
28/10/2004
Agência Senado
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