Saturnino: sem reduzir desigualdades, Brasil terá mais criminalidade



O senador Roberto Saturnino (PT-RJ) sustentou em discurso nesta terça-feira (24) que o Brasil "não terá uma revolução" caso não reduza as desigualdades sociais com rapidez, "mas simcriminalidade, banditismo e insegurança" nas cidades. Para ele, que se disse "um neo-desenvolvimentista" que faz frente ao "neoliberalismo", o Brasil entrou em uma fase em que o importante não é mais apenas crescer, mas "crescer e reduzir as injustiças sociais".

O senador fez uma comparação entre o pensamento da antiga União Democrática Nacional (UDN) e o que defendem hoje os partidos de oposição ao governo Luiz Inácio Lula da Silva. Para ele, os udenistas eram conhecidos por serem privatistas, elitistas, moralistas, entreguistas e golpistas. Ele não considera golpistas os oposicionistas de hoje, mas ponderou que continuam elitistas, privatistas e, "de uma certa forma", moralistas.

O entreguismo, a seu ver, evoluiu para a defesa de políticas externas de alinhamento com os países capitalistas, em detrimento de políticas como a do Mercosul. Considera que o elitismo da antiga UDN pelo menos levou o Estado brasileiro a investir em educação. E o moralismo dos udenistas resultou em um Estado com maior capacidade de fiscalização e controle da corrupção, no seu entendimento.

Saturnino reconheceu que os udenistas do passado tinham "alguma razão" sobre a necessidade de se policiar o gasto público exagerado, evitando-se o descontrole inflacionário. Depois de lembrar que participa da política nacional há cerca de 50 anos, disse que continua um defensor do desenvolvimentismo e continuará a combater quem acha que "o Estado não faz nada direito e que a iniciativa privada deve sempre prevalecer".

Em aparte, o senador Heráclito Fortes (PFL-PI) assinalou: "Achei que V.Exa. iria falar do crescimento da Vale do Rio Doce", numa referência à compra da canadense Inco, por US$ 18 bilhões, o que tornou a Vale a segunda maior mineradora do mundo. Saturnino afirmou que nunca concordou com a privatização da Vale "por um preço vil", mas nem por isso deixa de aplaudir seu crescimento e espera que isso traga mais benefícios para o Brasil.

24/10/2006

Agência Senado


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