Saúde estadual fará primeiro censo de pacientes psiquiátricos do SUS
Objetivo do trabalho é reinserir na sociedade pacientes crônicos que não precisam permanecer internados em hospitais
A Secretaria Estadual da Saúde prepara o primeiro censo dos pacientes psiquiátricos de longa permanência internados em hospitais da rede pública. As pessoas nessa situação são aquelas que estão há mais de um ano nas instituições, algumas internadas há cerca de 50 anos. Para o trabalho haverá a contratação de 70 profissionais a partir desta quarta-feira, 16.
O objetivo do trabalho, com início previsto para março, é identificar a população “moradora” de todos esses hospitais e analisar seus níveis de dependência institucional, verificando as possibilidades de reinseri-las na sociedade.
A pesquisa será feita em parceria com a Fundap (Fundação do Desenvolvimento
Administrativo) a partir de entrevistas com os pacientes, informações de prontuários e da equipe hospitalar. A proposta final, após o resultado dos trabalhos, é construir uma base de dados para a criação de projetos específicos de intervenção junto a essa população.
Atualmente o estado possui 58 hospitais psiquiátricos no SUS e um número estimado de 6,5 mil pacientes psiquiátricos de longa permanência.“Esse trabalho pretende criar condições de resgatar os direitos dessas pessoas, que se encontram excluídas do convívio familiar e social por longos anos e por uma série de fatores”, avalia Regina Bichaff, coordenadora estadual de Saúde Mental.
Para a realização do censo a Secretaria vai credenciar cerca de 70 pesquisadores em todo o Estado. Poderão se inscrever profissionais graduados nas áreas de medicina, enfermagem, terapia ocupacional, psicologia e serviço social, que serão selecionados e remunerados por esse trabalho. As inscrições podem ser feitas pelo site www.fundap.sp.gov.br.
Detetives
Graças ao trabalho de médicos, assistentes sociais e enfermeiros que agem como autênticos detetives, a Secretaria da Saúde conseguiu identificar familiares de 500 pacientes que há anos vivem em hospitais psiquiátricos ligados à pasta desde 2004.
Segundo levantamento da Secretaria, após a localização de parentes, 13% dos pacientes psiquiátricos tiveram alta hospitalar e voltaram a viver com seus familiares. Atualmente, os profissionais dos hospitais psiquiátricos buscam identificar familiares de mais 270 pacientes psiquiátricos.
A maior parte das identificações aconteceu no Centro de Reabilitação de Casa Branca, que localizou familiares de 260 pacientes.
Para conseguir pistas que levassem ao parentes, os profissionais dos hospitais psiquiátricos desenvolveram um minucioso trabalho de investigação em fichas de internações antigas, documentos e registros dos hospitais. Mas o trabalho mais importante foi o de ouvir o que os próprios pacientes tinham a dizer.
Como ouvintes, os profissionais tinham acesso as lembranças dos pacientes, que citam nomes, lugares e fatos que são fundamentais para conhecer mais sobre a vida e a origem dos internos.“Investigar prontuários médicos, ouvir os pacientes com atenção, cruzar informações, realizar telefonemas e viagens são fundamentais para garimparmos pistas. Além de tudo é preciso dedicação e paciência”, afirma a diretora do Centro de Reabilitação de Casa Branca, Sueli Pereira Pinho.
Para o secretário estadual da Saúde, Luiz Roberto Barradas Barata a localização das famílias é importante no tratamento dos pacientes psiquiátricos. “A aproximação permite que os pacientes recebam carinho e atenção de pessoas com quem perderam o contato, além de fortalecer os laços familiares, contribuindo para a ressocialização do paciente psiquiátrico”, afirma.
Secretaria Estadual da Saúde
(I.P.)
01/16/2008
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