SECA ATINGE TAMBÉM MINAS GERAIS E JÚNIA PEDE PRESENÇA DO PRESIDENTE
Mais de cem municípios em estado de emergência, 170 mil flagelados, 302 rios e córregos secos ou em vias de secar: foi com este cenário que a senadora Júnia Marise (PDT-MG) chamou a atenção para os efeitos da seca em Minas Gerais. A senadora pediu a visita do presidente Fernando Henrique Cardoso às regiões mais afetadas, que são o norte do estado e os vales dos rios Jequitinhonha e Mucuri.
Júnia destacou reunião promovida pela Assembléia Legislativa na cidade de Mato Verde, que concluiu pela carência de ações governamentais para ajuda de emergência aos municípios afetados. Ela pediu que o presidente coloque os ministros e o próprio governo em plantão para o combate aos efeitos da seca, a exemplo do que foi feito na votação da reforma da Previdência.
- É preciso socorrer as crianças que estão morrendo, que estão passando fome, que não têm água para beber - afirmou.
Júnia Marise criticou a declaração do presidente da República, segundo a qual um vôo da Força Aérea Brasileira, para levar comida aos flagelados, custaria mais caro que a própria comida que iria transportar. Citado por Júnia, o senador Artur da Távola (PSDB-RJ) pediu um aparte para defender Fernando Henrique Cardoso.
- A frase do presidente tem de ser ouvida dentro do contexto. Ele quis dizer que, se houvesse preocupação com a produção de comida para atendimento às carências do Nordeste, não seria necessário transportar comida de avião. É isto que ele quis dizer, e não o desejo de não mandar comida de avião porque seria muito caro. O presidente não seria desalmado a este ponto, não está em sua natureza - afirmou Távola.
Ao criticar a administração federal, a senadora mencionou relatório divulgado pelo Banco Mundial. De acordo com o documento, 23,6% da população brasileira, ou 37 milhões de pessoas, vivem abaixo da linha internacional de pobreza, com menos de um dólar por dia para atender a suas necessidades. Segundo a senadora mineira, o Brasil está à frente apenas de Uganda, que tem 69,3% de sua população nesta situação, e da Índia, com 52,5%.
Júnia Marise comentou ainda a denúncia de que o governo federal desviou recursos da Superintendência de Desenvolvimento do Nordeste (Sudene) para abater a dívida pública. A seu ver, os recursos desviados, que poderiam estar sendo utilizados no combate aos efeitos da seca, chegam a R$ 45 milhões.
- Isto demonstra a insensibilidade do governo diante da situação que atinge a população de uma forma avassaladora - afirmou.
A senadora informou estar encaminhando ao presidente da República um dossiê com a situação da seca em Minas Gerais, elaborado pelos próprios prefeitos dos municípios atingidos. Para ela, a situação é dramática. E pediu que Fernando Henrique reflita sobre o assunto e tome uma atitude para minimizar os efeitos causados pela estiagem.
08/05/1998
Agência Senado
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