Segurança: Acadepol promove ciclo de filmes e debate ética e violência



A “Mostra Brasil de Cinema e Debates” é iniciativa do Centro de Direitos Humanos e Segurança Pública “Celso Vilhena Vieira” em parceria com a ECA

Para quem acha que a dura labuta do policial não tem nada a ver com arte, a Mostra Brasil de Cinema e Debates vem quebrar este preconceito. Com objetivo de sensibilizar policiais sobre questões como preconceito e violência, periferia e centros urbanos, professores da Academia de Polícia “Dr. Coriolano Nogueira Cobra”, e da Escola de Comunicação e Artes (ECA-USP) se uniram para mostrar aos agentes em formação um pouco da realidade brasileira, tal como aparece nas telonas do mundo inteiro.

O coordenador do Centro de Direitos Humanos e Segurança Pública “Celso Vilhena Vieira”, e ex-diretor da Acadepol, Tabajara Novazzi Pinto, acredita que o cinema é um eficiente instrumento pedagógico. “As imagens de um filme rendem muito mais do que uma aula dissertativa. Com a reflexão e o debate, o policial passa a ter mais consciência”, argumenta. No último dia 11 de abril, o filme escolhido para ilustrar alguns problemas sociais e éticos foi ”O invasor”, de Beto Brant.

A trama gira em torno de dois engenheiros bem-sucedidos que contratam um assassino para matar o terceiro sócio. O crime acarreta complicações sérias dentro de uma sociedade sem distinção clara entre bem e mal, herói e vilão. O filme também tem uma aparição do rapper “Sabotage”, executado por vingança na Zona Sul da cidade. Com grande repercussão na mídia, o caso foi solucionado pelo Departamento de Homicídio e Proteção à Pessoa (DHPP).

Após a projeção do filme, o debate contou com a participação de Marcos Ferreira Guedes, professor de Direitos Humanos da Acadepol, e Ana Cristina Souza Rocha, professora em “Belas Artes”, e na Fundação Armando Álvares Penteado (Faap). Marcos criticou o filme, questionou o envolvimento das instituições públicas e os valores da nossa sociedade. Para o professor, o homicídio do músico Sabotage mostra o ciclo vicioso da violência no País. “A única saída é propagar a paz”, afirma Marcos.

Papel da mídia na corrupção dos valores

Na análise da doutora Rosana Martins, que teve mestrado sobre o movimento hip-hop e conhecia pessoalmente o músico assassinado, o filme peca no aspecto de mostrar o lado estereotipado da periferia, como a mídia apresenta na maioria das vezes. “Mas é interessante discuti-lo porque ele coloca questões que ficam em aberto.”

O papel da mídia na corrupção dos valores foi discutido durante o debate, com a maioria de médicos legistas no auditório. Ana Cristina apontou a má utilização do poder de Polícia que o Jornalismo tem como um dos responsáveis pelo ciclo de violência. “Existe uma sobreposição de assuntos; muita gente tratando de muita coisa, sem o conhecimento de fato”, criticou Ana Cristina.

Neste sentido, a iniciativa da Acadepol procura dar aos policiais não apenas formação técnica, mas também uma capacidade crítica e uma base ética que direcionam seus atos como prestadores de serviço público.

O Homem do Ano

No mês de maio, o filme a ser discutido é “O Homem do Ano”, de José Henrique Fonseca – na terça-feira (09). A “Mostra Brasil de Cinema e Debates” é uma iniciativa do Centro de Direitos Humanos e Segurança Pública “Celso Vilhena Vieira”, em parceria com a Escola

04/20/2006


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