Sem o fortalecimento do ensino de base, país continuará a conviver com o apagão educacional, alerta Cristovam Buarque



O senador Cristovam Buarque (PDT-DF) voltou a defender nesta quinta-feira (9), na Comissão de Educação (CE), a criação do Ministério da Educação de Base, que seria fruto dodesmembramento do atual Ministério da Educação. O parlamentar alertou que, sem o fortalecimento do ensino fundamental, o país continuará a conviver com "o apagão educacional" e não terá condições de alcançar o desenvolvimento sustentável.

A afirmação foi feita durante mais uma audiência pública promovida pelo colegiado - a sétima, de doze programadas-, e que reuniu cinco educadores. A seqüência de audiências tem o objetivo de debater idéias e propostas para melhorar a qualidade da educação brasileira e do Plano de Desenvolvimento da Educação (PDE).

Nessa reunião, o senador Geraldo Mesquita Júnior (PMDB-AC) também defendeu a federalização do ensino de base, como forma de criar oportunidades iguais para todas as crianças brasileiras, enquanto o senador Flávio Arns (PT-PR) observou que a qualidade no ensino fundamental só será alcançada quando a educação passar a ser prioridade do governo.

Vergonha

O diretor-executivo da Rede de Informação Tecnológica Latino Americana, Jorge Werthein, que participou do debate na CE, lembrou que a educação nunca foi considerada prioridade, não somente no Brasil mas em toda a América Latina. Por isso, observou, esses países nunca atingiram o pleno desenvolvimento. Apontou alguns problemas estruturais na área educacional, a começar pela má qualidade do ensino nas escolas públicas. Ele afirmou que uma das saídas para se mudar o atual quadro é a inclusão do estudo das ciências desde o ensino fundamental, aliada à democratização do aceso à informação e ao conhecimento em todos os níveis.

Jorge Werthein também defendeu a utilização de novas tecnologias, com destaque para a informática, destinadas a apoiar todo o processo educacional. Disse que atualmente, para cada cem alunos brasileiros existe um computador, enquanto que, na Europa, há um computador para cada 12 estudantes.

O presidente do Centro de Integração Empresa-Escola (CIEE), Paulo Nathanael Pereira de Souza, defendeu a manutenção do estágio do ensino médio, considerado por ele como de vital importância para os estudantes, especialmente os de baixa renda. Para ele, o estágio não retira o emprego de um profissional, mas dá cidadania ao adolescente.

Já para o prefeito do município de Calmon (SC), João Batista de Geroni, que também participou da reunião, o sucesso da educação na sua região é em razão de a administração local reservar 30% do orçamento municipal para o setor. Aliado à destinação de recursos, o que permite ao município servir como modelo no setor de educação, está também, como destacou, o bom planejamento educacional em todos os níveis, além do preparo e reciclagem dos professores.

Neuza Ribas, secretária de Educação de Barra do Chapéu (SP), outro município considerado modelo nesse setor, defendeu o fortalecimento dos chamados conselhos escolares e maior incentivo à parceria escola-família, como forma de assegurar a co-responsabilidade no processo educacional do aluno. A secretária também defendeu que cada turma escolar seja composta por 25 alunos.

Arthur Roquete, conselheiro da Associação Nacional dos Centros Universitários (Anaceu), foi enfático: para se ter um ensino com qualidade e universal, é necessário priorizar a educação. Ele também defendeu o aperfeiçoamento da educação à distância, incluindo a formação até de professores.

09/08/2007

Agência Senado


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