Senado aprova medida provisória que revogou MP que concedeu incentivos fiscais



O Plenário aprovou a Medida Provisória (MP) 392/07, que revogou a MP 382/07, a qual concedia incentivos fiscais na compra de máquinas e equipamentos para os setores têxtil, moveleiro, calçadista e de artefatos de couro e confecções. A votação foi nominal a pedido do PSDB. Votaram pela aprovação da matéria 40 senadores. Os votos contrários totalizaram 16 e, as abstenções, 3. A matéria vai à promulgação.

Vários senadores da oposição discutiram a matéria. O líder do PSDB, Arthur Virgílio (AM) orientou sua bancada a votar pela abstenção como uma forma de protesto contra o governo federal que, a seu ver, desmoralizou o instituto da medida provisória. A MP 392 foi editada com o objetivo de desobstruir a pauta da Câmara dos Deputados, para que a prorrogação da CPMF pudesse ser votada.

A votação da MP 392/07 havia sido adiada duas vezes. Apesar de ela revogar uma medida provisória que concedeu incentivos fiscais e crédito subvencionado a setores produtores e exportadores de produtos considerados prejudicados pela valorização do real frente ao dólar, os efeitos da MP revogada voltaram a vigorar com o PLC 76/07, aprovado pelo Senado no dia 17 de outubro. Esta proposição havia sido encaminhada pelo governo à Câmara dos Deputados após ele próprio ter revogado MP com a mesma finalidade.

- Mais uma vez o governo consagra o seu apetite desmesurado pela edição de medidas provisórias. Essa MP que votamos hoje é um exemplo, pois ela anula outra MP. Portanto, não tem relevância e nem urgência - disse o senador Alvaro Dias (PSDB-PR).

Ao registrar que nesta terça-feira (27) o governo Luiz Inácio Lula da Silva completou 300 medidas provisórias editadas, o líder do DEM, senador José Agripino (RN) encaminhou o voto contrário à MP 392 por entender que sua reprovação seria uma forma de resgatar a imagem do Congresso. Ele declarou que em nome da CPMF o governo faz qualquer coisa, inclusive "passar por cima" e desmoralizar o Congresso. Na mesma linha, o senador Mário Couto (PSDB-PA) opinou que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva "brinca" com o Senado quando emite MPs sem urgência e sem relevância.

Por sua vez, o senador Flexa Ribeiro (PSDB-PA) cobrou do líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR), o cumprimento de acordo feito quando da aprovação do PLC 76/07. Ele lembrou que naquela ocasião foi acertado, com a anuência do senador Aloizio Mercadante (PT-SP), que o presidente encaminharia posteriormente proposição incluindo entre os beneficiários das isenções fiscais oferecidas no PLC os setores da industrialização de madeira, de plantas oleaginosas e da pesca.

Na mesma linha, Marconi Perillo (PSDB-GO) acrescentou que o acordo incluiu o setor de medicamentos genéricos. O PLS 632/07, do senador Francisco Dornelles (PP-RJ), estende os benefícios fiscais para diversos setores, mas não para os requeridos por Flexa Ribeiro e Marconi Perillo. Eles sugeriram a inclusão através de emendas.

Apesar de lembrar que a prática de editar medida provisória para revogar uma MP baixada anteriormente não é nova, pois teria ocorrido pela primeira vez em setembro de 2001, no governo Fernando Henrique Cardoso, o senador César Borges (PR-BA) defendeu a limitação das MPs apenas para os casos onde realmente haja urgência e relevância. Ele observou que o governo pode obter a mesma rapidez na tramitação das matérias de seu interesse se enviar projetos bons ao Congresso.



27/11/2007

Agência Senado


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