SENADO AUTORIZA ECT A TOMAR EMPRÉSTIMO EXTERNO



O Senado aprovou nesta quinta-feira (dia 18) projeto de resolução que autoriza a Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (ECT) a elevar, temporariamente, o seu limite de endividamento para tomar empréstimo de 37 milhões de marcos dinamarqueses junto ao BG Bank, da Dinamarca.
O relator da matéria na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE), senador Wellington Roberto (PMDB-PB), explicou as taxas de juros que vão incidir sobre o empréstimo e informou que o dinheiro será usado para financiar importações de produtos dinamarqueses, para que a ECT dê continuidade ao seu programa de automação.
O senador Roberto Requião (PMDB-PR) acredita que a operação vincula o financiamento à concorrência para fornecimento de equipamentos. "E quem ganha a concorrência estabelece os preços de uma maneira mais ou menos livre", declarou. Para ele, as informações enviadas ao Senado são muito pouco conclusivas e a operação é pouco transparente.
Para o senador Gerson Camata (PMDB-ES), não são apenas as taxas de juros que preocupam, mas a destinação dos recursos do empréstimo. "Aprovamos a proibição de bombas automáticas em postos de combustíveis, investimentos feitos por brasileiros. E agora, no lugar de aumentar o número de empregos, estamos tomando um empréstimo para diminuir os postos de trabalho", criticou.
Como líder do Bloco de Oposição, a senadora Heloísa Helena (PT-AL) liberou os senadores da bancada para votar a favor do projeto. Ela lembrou que já tramita no Congresso projeto de lei que permite a privatização dos serviços postais. "A proposta vai acarretar aumento das tarifas, permitindo a venda de ações e a perda do controle acionário das empresas", disse.
Na opinião do senador José Eduardo Dutra (PT-SE) as condições econômicas do empréstimo só são favoráveis se comparadas às taxas de juros cobradas aqui mesmo, no Brasil. Dutra sugeriu que o país também adote o princípio da globalização para comparar as taxas de juros. Citando o senador Lauro Campos (PT-DF), Dutra disse acreditar que a operação é parte do processo de "vestir a noiva", ou seja, preparar a ECT para a privatização.
Lauro Campos recorreu à memória para avaliar a operação em discussão. Em 1970, disse, as taxas de juros internas foram aumentadas, como forma de estimular os empresários a tomar empréstimos externos. Assim, lembrou, a dívida externa passou de US$ 3 bilhões para mais de US$ 6 bilhões, e boa parte dos dólares que vieram ficou parada, como reservas cambiais, enquanto o país pagava juros internacionais.
HOSPITAIS UNIVERSITÁRIOS
O Senado também autorizou o governo federal a tomar empréstimo junto ao Kreditanstalt für Wiederaufbau (KfW) para financiar o Programa de Modernização da Infra-estrutura dos hospitais das universidades federais. Heloísa lamentou que o Senado já tenha autorizado empréstimos de US$ 350 milhões para os hospitais universitários, sem que houvesse resposta para o requerimento dela que pede informações sobre a aplicação do dinheiro.

18/05/2000

Agência Senado


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