Senado recebe escoteiros premiados com visita à Antártica
Os senadores da Comissão de Educação, Cultura e Esporte (CE) conheceram, nesta quinta-feira (3), a experiência de três escoteiros brasileiros que visitaram a Antártica, escolhidos entre 172 grupos de escotismo de 18 estados brasileiros que desenvolveram projetos de preservação ambiental em 2009. A viagem-prêmio foi oferecida a partir de parceria entre a União Parlamentar Escoteira do Brasil (Upeb), a Comissão Interministerial para os Recursos do Mar (Cecirm) e a União dos Escoteiros do Brasil (EUB).
A visita à Antártica, informou o presidente da CE, senador Flávio Arns (PSDB-PR), foi realizada em agosto deste ano. A audiência, justificou o senador, teve a finalidade de divulgar o trabalho feito pelos escoteiros e, assim, incentivar a realização de projetos semelhantes por outros grupos de escoteiros, bem como pela sociedade. Ele ressaltou a importância do escotismo para a formação da consciência ambiental do cidadão, incentivado a participa de ações ecológicas que se inserem em iniciativas mundiais.
Projetos
Um dos premiados com a viagem, o escoteiro de Americana (SP) Daniel Lucas Rodrigues, explicou que seu grupo distribuiu 100 mudas de árvores, recebidas da prefeitura da cidade, para que as pessoas plantassem em seus quintais. Os escoteiros, em pesquisa prévia, concluíram que os moradores não cultivam plantas por falta de informação e, assim, decidiram incentivar os moradores a plantar.
Outro projeto vencedor foi do escoteiro de Florianópolis (SC) Gabriel Renaldo de Souza, que esclareceu os membros do grupo de escoteiros e a sociedade quanto à importância da reciclagem de pilhas e baterias.
Ele explicou que, apesar de inofensivas, as pilhas possuem elementos químicos, como zinco, chumbo, cádmio e mercúrio, que contaminam o solo e a água. Uma pilha, informou, pode contaminar 400 mil litros d'água, conforme estudo realizado pelo grupo de Florianópolis. Na hipótese de entrar em contato com o lençol freático, acrescentou, os elementos tóxicos podem contaminar a cadeia alimentar, causando doenças graves ao ser humano, como o câncer.
Já o projeto da escoteira de Sapucaia do Sul (RS) Pâmela Carvalho da Silva, visou ao plantio de 40 mudas de plantas nativas da Mata Atlântica em área já degradada, bem como a recuperação da mata ciliar num curso d'água da cidade. Ela explicou que a Mata Atlântica é um bioma que, originalmente, se estendia do Rio Grande do Sul ao Piauí, e, atualmente, só existem 7% de sua formação original.
Ao contar a experiência na Antártica, Pâmela Silva se emocionou. Ela ressaltou a competência e organização dos profissionais envolvidos no Programa Antártico Brasileiro - ProAntar.
Os projetos premiados estão ligados ao Mutirão Nacional de Ação Ecológica (MutEco), coordenado por Paulo Eugênio de Oliveira. Presente à audiência, ele explicou que a entidade sugere temáticas ecológicas desde 2004 para realização de projetos pelos escoteiros de todo o Brasil, alguns com participação da comunidade.
Em 2009, informou, o MutEco abordou o consumo consciente. Em sua avaliação, o ser humano deve cuidar de seus hábitos, para evitar o agravamento de problemas ambientais e do aquecimento do planeta. O tema escolhido visa motivar os grupos e, em consequência, a sociedade, no que se refere à educação ambiental. O MutEco, em anos anteriores, trabalhou os temas reciclagem (2004), manutenção uso da água (2005), agricultura sustentável (2006), aquecimento global (2007) e sustentabilidade (2008.
Exemplo
Na avaliação do senador Arns, outros grupos de escoteiros, assim como de outros segmentos da sociedade, devem realizar projetos para conscientizar as pessoas sobre a importância da preservação ambiental.
O senador Cristovam Buarque (PDT-DF), que é presidente da Frente da Parlamentar Pró-Antártica, sugeriu a realização de concurso semelhante entre as escolas de nível médio para levar mais estudantes à Antártida. Ele disse que a base brasileira deve ser visitada pelos estudantes, para que eles conheçam as pesquisas lá feitas.
Preservação
O senador Oswaldo Sobrinho (PTB-MT), que esteve na Antártica na semana passada, juntamente com os senadores Sadi Cassol (PT-TO) e Jefferson Praia (PDT-AM), defendeu a preservação ambiental pela união da tecnologia já conquistada e o conhecimento científico.
O sub-secretário do Programa Antártico Brasileiro (ProAntar), capitão-de-mar José Robson de Medeiros, explicou que o programa é uma ação de Estado e não de governo. O programa, informou, realiza pesquisas científicas naquele continente, dentro de um tratado internacional assinado em 1959.
Ele enfatizou que a demanda por pesquisas tem aumentado e disse que há limitação logística e orçamento apertado para realizá-las. Como exemplo, ele citou a importância de estudos sobre sangue anticongelante feitos em peixes daquela região.
Escotismo
O presidente da União dos Escoteiros do Brasil (UEB), Rubem Tadeu Perlingeiro, informou que o movimento escoteiro foi criado em 1907, por Robert Baden-Powell, na Inglaterra. O Escotismo, ressaltou, é um movimento educacional destinado a jovens e valoriza a participação de pessoas de todas as etnias e condições sociais.
O movimento foi trazido para o Brasil, em 1909, pela Marinha brasileira. O propósito do escotismo, ressaltou Perlingeiro, é contribuir para a formação de cidadãos conscientes e participantes ativos da sociedade em que vivem.
Apesar de o Escotismo não ter sido muito valorizado, disse o senador Romeu Tuma (PTB-SP), trata-se de um movimento que forma cidadãos.
- O escoteiro é alegre e sorri nas dificuldades, resumiu Rubem Perlingeiro, ao citar um dos princípios do escotismo, frequentemente usado pelo vice-presidente da República, José Alencar.
O senador Flavio Arns comunicou que a audiência foi acompanhada por alunos do Centro Educacional do Lago Sul, de Brasília - os primeiros estudantes a visitarem o Senado, dentro do Programa Jovem Cidadão do senado. O programa é uma iniciativa do senador Paulo Paim (PT-RS), com a finalidade de dar oportunidade aos jovens estudantes de conhecer o funcionamento das atividades legislativas desta Casa.
03/12/2009
Agência Senado
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