Senado tem mais de quatro mil obras raras de literatura, botânica e política



Em uma "sala cofre" na biblioteca do Senado Federal, cujas chaves apenas dois funcionários possuem, estão reunidas mais de quatro mil "obras raras", assim classificadas segundo critérios internacionais que incluem a idade do documento, o valor histórico para a instituição ou o país e a preciosidade da autoria. Ali, pesquisadores e curiosos podem encontrar, por exemplo, nas 25 estantes eletrônicas, as primeiras edições de grandes nomes da literatura de língua portuguesa, como Machado de Assis, José de Alencar e Eça de Queiroz; discursos políticos de Rui Barbosa e a descrição da flora brasileira no século XIX.

A coleção, que se iniciou com a criação da biblioteca, em 1826, reúne raridades doadas do acervo particular de D. Pedro II e de vários senadores e nobres da época. A última aquisição foi em 1997 - o acervo do senador Luiz Viana Filho, este já disponibilizado na página do Senado Federal na Internet.

Flora brasileira

A obra mais antiga da coleção data de 1633 - Novus Orbis , de Joannes Laet, escrita em latim, retrata, em 690 páginas ilustradas a bico de pena, a chegada dos holandeses ao Brasil. Outra preciosidade, esta do acervo particular de D. Pedro II, é Flora Brasiliensis , do botânico alemão Karl Friedrich Philipp Von Martius, membro da comissão científica austríaca que realizou, durante dois anos e nove meses, uma viagem pelo interior do Brasil, de São Paulo ao Amazonas. A publicação da obra teve início em 1840, sendo concluída somente em 1906. Em 15 volumes, estão classificadas 850 famílias e mais de oito mil espécies da flora brasileira. É considerada pelos biólogos a melhor e mais completa descrição sobre o assunto, conforme destaca a diretora da biblioteca, Simone Bastos Vieira.

Machado de Assis também é destaque nesta coleção. Do autor, a biblioteca do Senado reúne obras raras como a primeira edição de seu primeiro livro - Desencantos , uma peça de teatro datada de 1861 e editada por Paula Brito; e edições de Yaya Garcia e Helena , de 1878, e de Dom Casmurro , de 1899. De José de Alencar há livros como Guerra dos Mascates , de 1871, sobre os problemas do Império, e Os Partidos , de 1866, em que o autor ressalta o estado de desânimo e de crise no país, marcado também pela falta de confiança da opinião pública nos partidos políticos da época.

Os interessados em conhecer pessoalmente obras como a primeira Constituição do país, de 1824, impressa pela Typographia Nacional ; discursos sobre o "elemento servil", contendo propostas para a libertação dos escravos e até mesmo manuais sobre as eleições no início da República devem agendar a visita. A sala Adélia Leite Coelho, que homenageia a primeira diretora da biblioteca do Senado e onde estão as obras raras, fica permanentemente fechada e com luzes apagadas, além de possuir equipamento para controle de temperatura e umidade a fim de assegurar melhores condições de conservação aos livros. O usuário permanece na ante-sala, com máscara, e não pode manusear os livros, função da bibliotecária que também deve usar máscara e luvas. A biblioteca do Senado, que tem o nome de "Acadêmico Luiz Viana Filho", está aberta aos usuários externos diariamente de 9h00 às 14h00. O telefone para agendar visitas é "0-xx- 61-311-3942".



14/08/2002

Agência Senado


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