Senadores analisam contratações do governo



Líder do PFL no Senado, o senador José Agripino Maia (RN) considerou um retrocesso a contratação, prevista no Orçamento, de 41 mil novos funcionários públicos em 2004. Para o parlamentar, o governo está indo exatamente contra a tendência mundial, que é a de reduzir o tamanho do Estado.

Em 2003, o governo Luiz Inácio Lula da Silva autorizou a contratação, por concurso, de quase 25 mil servidores. Com as contratações previstas para este ano, José Agripino se mostrou espantado.

- Essa é uma coisa que nunca ninguém viu. Contratar 41 mil pessoas em um ano é, no mínimo, um fato a estranhar. Por que isso vai acontecer num ano eleitoral? - indagou. Ele lembrou que o governo Fernando Henrique Cardoso, em dois mandatos, empregou 52 mil funcionários, enquanto Lula, em apenas dois anos, terá contratado quase 66 mil servidores.

- O que o PT, que é o principal partido que dá suporte ao presidente, deseja é o fortalecimento do Estado, é a volta da estatização. É muito bom gerar 41 mil empregos. Mas fazer isso às custas do contribuinte, às custas de menos dinheiro para a educação, para a saúde e para a segurança? Às custas do aumento do tamanho do Estado e em detrimento do fortalecimento da iniciativa privada? Eu acho que isso é andar de caranguejo, é caminhar para trás - disse José Agripino em entrevista à Rádio Senado .

Já a vice-líder do governo, senadora Ana Júlia Carepa (PT-PA), garantiu, também em entrevista à Rádio Senado que o Estado brasileiro é um dos menores do mundo e que os novos cargos são necessários para um melhor atendimento da população.

Em defesa das contratações, Ana Júlia disse que o Brasil é um dos países com menos funcionários públicos no mundo, em proporção à população.

- Nos Estados Unidos, o Estado mais neoliberal que existe, há 100% a mais de funcionários que tem o Brasil, em relação à população economicamente ativa - comparou.

Ela referiu-se à necessidade de contratar mais fiscais na Justiça do Trabalho, para controlar o trabalho escravo no país. E, com base em dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) e do Banco Central, observou que a Argentina tem duas vezes e meia o número de funcionários públicos do Brasil, enquanto a França tem mais de oito vezes esse número. Na opinião da parlamentar, as novas contratações são necessárias.

- Nós queremos melhorar os serviços para a população. Ora, como nós vamos combater o desmatamento ilegal na região Amazônica? Nós também temos que ter um melhor atendimento para os nossos aposentados. Como vamos fazer isso, se não tivermos um concurso no INSS?



02/02/2004

Agência Senado


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