Senadores apóiam Simon em pedido de afastamento de Sarney, enquanto Wellington Salgado constesta



Em aparte ao senador Pedro Simon (PMDB-RS), o senador Eduardo Suplicy (PT-SP) apoiou o pedido de afastamento do senador José Sarney (PMDB-AP) da presidência do Senado. Suplicy afirmou ter dito ao próprio Sarney estar seguro de que todos os episódios que envolvem o presidente da Casa deverão ser inteiramente esclarecidos. A seu ver, será melhor para o presidente Sarney que esses esclarecimentos sejam feitos com muita determinação de sua parte. Ele afirmou que os senadores estarão empenhados em ajudar na apuração de todos esses episódios.

Suplicy relatou a preocupação que o presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, teria manifestado em reunião de seu partido. O chefe do Executivo teria indagado como ficaria o Senado, presidido por um senador da oposição, como é o 1º vice-presidente Marconi Perillo (PSDB-GO), em caso de afastamento do presidente José Sarney.

O senador petista disse ter tido a oportunidade de conversar com Marconi Perillo sobre esse tema. Suplicy esclareceu que Perillo não defendia o afastamento de Sarney, mas lhe garantiu que, caso isso ocorresse, ele teria, na Presidência da Casa, um comportamento absolutamente republicano. Suplicy afirmou ter recebido a garantia de Marconi Perillo de que este não aproveitaria o interregno para atuar contra o governo do presidente Lula.

- O senador Marconi Perillo garantiu que estará utilizando esse período para realizar a apurações necessárias, melhorar a condição do Senado e melhorar a própria imagem do senador José Sarney - disse Suplicy.

Já o senador Cristovam Buarque (PDT-DF), também em aparte a Pedro Simon, afirmou que os senadores não estão contribuindo para levar à população a ideia de que o Senado é uma Casa necessária ao país. Ele ressaltou que sem a Câmara Alta, o Brasil deixaria de ser um federação, transformando-se em um território em que os estados maiores dominariam, completamente, os menores.

- Nós não estamos mostrando que os erros cometidos foram específicos, cometidos por pessoas específicas, embora com a omissão e tolerância de todos nós - disse ele. - Se conseguirmos mostrar isso à sociedade, vamos recuperar a credibilidade desta Casa. Se não, vamos ser surpreendidos um dia com ela deixando de existir.

Cristovam Buarque comentou, também, a preocupação levantada por Simon em relação ao recesso dos senadores. A seu ver, seria importante que as denúncias contra a Casa estivessem esclarecidas antes que os trabalhos do semestre fossem encerrados porque a imprensa não entrará em recesso, nem o povo.

- O Senado sair de recesso neste momento seria como ir de férias deixando a casa pegando fogo e achando que os bombeiros virão apagar o incêndio. Não virão; vão é jogar mais gasolina em cima da casa - disse Cristovam.

Outro senador a apoiar o afastamento do presidente José Sarney, em aparte ao discurso de Pedro Simon, foi o senador Alvaro Dias (PSDB-PR). Ele disse, contudo, ser inócuo ficar repetindo a reivindicação, uma vez que a renúncia, ou o afastamento, é um ato de vontade unilateral do presidente. A seu ver, a insistência indefinida no apelo não tem surtido nenhum resultado, trazendo, ao contrário, desgaste para os próprios senadores que persistem com a proposta.

- Temos que ser mais objetivos, mais práticos - defendeu Alvaro Dias. - Há uma representação apresentada pelo PSOL, que se encontra aguardando procedimentos. O primeiro procedimento é a instalação do Conselho de Ética. Este assunto tem que sair da Mesa do Senado e ir para o Conselho de Ética. Cabe a ele deliberar se houve ou não quebra de decoro parlamentar por parte do presidente Sarney.

Ainda em aparte ao discurso de Simon, o líder do PSDB, senador Arthur Virgílio (AM), saudou a volta do debate em torno da crise no Senado, por entender que o assunto ainda não está resolvido. Concordando com Simon, ele voltou a pedir a licença do presidente da Casa, José Sarney (PMDB-AP), de modo que as investigações sobre os problemas administrativos corram isentas de qualquer dúvida.

- Não voltamos ao normal, não. A situação não está explicada - protestou Arthur Virgílio, que ainda lamentou a licença-prêmio concedida pelo Senado ao ex-diretor-geral Agaciel Maia.

Também em aparte, o senador Wellington Salgado (PMDB-MG), manifestou-se contrariamente à sugestão de licença de Sarney apresentada por Simon, alegando que o parlamentar gaúcho foi mantido no cargo de ministro de Agricultura (1985-1986) por Sarney, então presidente da República, apesar de uma denúncia sobre importação de carne contaminada com radioatividade.

- Não sei do que vossa excelência está falando - respondeu Simon, que criticou Wellington por estar "apaixonado por uma tese" e, ao fazer isso, prejudicar Sarney:

- É melhor proceder-se a investigação e o presidente Sarney voltar sob os aplausos de todos do que ele ficar e dizerem que é pela vontade do presidente Lula.



08/07/2009

Agência Senado


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