Senadores avaliam reflexos da crise nos mercados financeiros
Os senadores brasileiros acompanharam com atenção um dos dias mais tensos da atual crise financeira que atinge os Estados Unidos e, por extensão, todos os mercados do mundo. Nesta segunda-feira (29), o Congresso norte-americano rejeitou o pacote de salvamento de US$ 700 bilhões às instituições financeiras anunciado pelo governo daquele país. O resultado da decisão foi devastador para as bolsas de valores do mundo todo.
Na Bolsa de Nova York, o índice Dow Jones registrou baixa de 6,98%, com a pior queda em pontos de sua história - 777,68 pontos. No primeiro dia de negócios após os atentados de 11 de setembro de 2001, a queda chegou a 721,56. Já na Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa), os negócios chegaram a ser interrompidos por 30 minutos no início da tarde, quando a queda passou de 10%. Ao final do dia, a baixa registrada foi de 9,36%.
Otimista, o senador Eduardo Suplicy (PT-SP) mostrou-se afinado com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que disse acreditar que o Brasil não vai "jogar fora as oportunidades que foram construídas" e prometeu manter os projetos de infra-estrutura. Para o parlamentar governista, "o Brasil vai aproveitar a crise para ter oportunidade positiva de crescimento".
Assim como o presidente da República, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, que disse acreditar que o pacote anticrise será aprovado numa segunda votação no Congresso americano, reforçou sua confiança na economia nacional. O otimismo do governo, porém, preocupa os senadores da oposição.
O líder do Democratas, José Agripino (RN), observou que "país nenhum está imune à crise" em tempos de globalização, e disse temer especialmente por um possível colapso nas commodities. Já o senador Arthur Virgílio (PSDB-AM) recomendou a contenção imediata dos gastos públicos como medida preventiva para o país.
- Não podemos medir ainda o quão grave é a crise. O mundo ainda não tem dimensão de sua extensão - observou o líder tucano.
Para o líder do PSOL, José Nery (PA), o momento é de reflexão e de busca de alternativas que valorizem a produção, o trabalho, a renda e o emprego, em detrimento da especulação. Mais cauteloso, o senador Cristovam Buarque (PDT-DF) - que acreditava na aprovação do pacote anunciado pelo governo norte-americano - avaliou que, mesmo com a crise, o capitalismo não está no fim, e só acabará quando outro sistema o substituir.
A atual crise financeira nos Estados Unidos é reflexo da crise do setor de crédito imobiliário naquele país. O pacote de salvamento foi anunciado pelo presidente George W. Bush no último fim de semana.
Raíssa Abreu / Agência Senado
29/09/2008
Agência Senado
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