Senadores cobram medidas do governo para recuperar a Varig



Em audiência pública realizada em conjunto por quatro comissões da Casa nesta terça-feira (25) para debater a crise no Grupo Varig e apontar alternativas para salvar a companhia da falência, diversos senadores presentes cobraram uma atitude do governo em relação à questão. A reunião foi promovida pelas Comissões de Serviços de Infra-estrutura (CI), Assuntos Econômicos (CAE), Assuntos Sociais (CAS) e Desenvolvimento Regional e Turismo (CDR) e contou com a presença de representantes dos funcionários da Varig, de seus credores, do governo e da empresa contratada para elaborar o projeto de recuperação da companhia aérea. 

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O senador Pedro Simon (PMDB-RS) enxerga uma atitude de frieza do governo em relação à crise enfrentada pela Varig. Segundo ele, o empenho para uma solução visando à recuperação da empresa acabou quando foi rejeitada a proposta de fusão da companhia com a concorrente TAM, por ele avaliada como uma incorporação e que assegurava à Varig apenas 5% do capital da nova empresa que seria constituída.

Para o senador, a proposta não tinha lógica e era impossível de ser aceita. A avaliação foi feita na audiência pública realizada nesta terça-feira (25), por quatro comissões do Senado, para debater a crise da Varig. Partiu de Simon a mais emocionada defesa de uma solução em favor da recuperação da companhia, nascida no Rio Grande do Sul.

- Fica claro que a questão tem solução. Fica também claro, com o maior respeito, que a gente não vê por parte do governo uma atitude que não seja de frieza. Uma preocupação a mais a gente não consegue sentir - afirmou.

Na intervenção, Simon mencionou série de boatos sobre a coincidência entre criação do PT e da TAM. O senador afirmou que parlamentares petistas normalmente obtinham passagens de cortesia na TAM. Quando do debate da proposta de fusão, ele lembrou que foi procurado pelo então "coordenador político do governo" para debater o tema. Essa pessoa, acrescentou, foi também "coordenador político" da campanha presidencial de Lula. O negociador, conforme Simon, garantia que o assunto seria resolvido rapidamente, mas que a "boa vontade" transformou-se em morosidade quando foi rejeitada a proposta de fusão.

Em resposta, o senador Paulo Paim (PT-RS) observou que os problemas da companhia antecedem o atual governo e avolumou-se com o tempo, sem que ninguém desse solução. Disse que o debate correto envolve uma mobilização suprapartidária para tentar uma saída, que pode passar, como avaliou, por um encontro de contas entre dívidas e crédito mútuos entre governo e Varig. Paim chegou a propor que, se for o caso, senadores e deputados levem um documento comum com sugestões ao presidente Lula.

- Tenho certeza que a gente pode achar um caminho, mas só vai dar certo se deixarmos de lado a disputa político partidária. Duvido que tenha aqui um só partido contra o soerguimento da Varig - reforçou.

Como Paim, o senador Sérgio Zambiasi (PTB), outro representante gaúcho, disse que a crise não é culpa do governo atual e também defendeu um encontro de contas entre o setor público e a Varig. Registrou desabafo ouvido de uma aeromoça da companhia, num vôo ao estado, de que só há notícias ruins em torno do caso. Porém, disse esperar fatos positivos estimulados a partir do debate no Senado, com notícias de soluções antes do aniversário de 79 anos da empresa, em maio próximo.

O senador Eduardo Azeredo (PSDB-RS) leu na reunião texto com opinião do presidente Lula sobre a crise da Varig, em 2002, quando ainda era o presidente de honra do PT. O presidente admitiu uma solução com apoio do governo, para que as companhias aéreas tivessem tratamento tributário semelhante ao desfrutado pelas companhias estrangeiras em seus países. Isso impediria, como afirmava, que fossem "engolidas" para concorrentes de fora.

Ramez Tebet (PMDB-MS) observou que após a edição da nova Lei de Falências, seria um contra-senso haver omissões que possam levar a Varig à derrocada. Contendo mecanismos que favorecem a recuperação das empresas em dificuldades, a nova lei, de acordo com Tebet, garantiu uma redução de 30% no registro de falências no país. Edson Lobão (PFL-MA) apoiou Tebet e também defendeu uma saída baseada no encontro de contas entre a Varig e o governo.



25/04/2006

Agência Senado


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