Senadores despedem-se de José Alencar em clima de emoção



Com 28 apartes, os senadores despediram-se do senador José Alencar (PL-MG) em clima de emoção e destacando as qualidades do vice-presidente eleito. Os senadores foram unânimes em dizer que Alencar representará o fator de equilíbrio no governo que tomará posse no próximo dia 1º de janeiro. Simplicidade, humildade, companheirismo, competência e sensibilidade política foram alguns dos adjetivos utilizados pelos senadores.

Roberto Saturnino (PT-RJ) lembrou que sua expectativa quanto a Alencar era a de um empresário com a visão pragmática dos negócios, mas logo percebeu sua estatura política nos primeiros pronunciamentos.

- Vossa Excelência nos deu lições de política em sua dimensão mais elevada e apresentou uma visão tão clara do país que nos impressionou a todos - afirmou.

A experiência e a sabedoria alcançadas por Alencar foram assinaladas por Gilberto Mestrinho (PMDB-AM) como instrumentos importantes para ajudar o próximo presidente. Para o senador, Alencar poderá ser um parceiro de Lula, mostrando-lhe a realidade brasileira. Ele acrescentou que "essa experiência de vida, o técnico de gabinete não conhece".

O senador Iris Rezende (PMDB-GO) disse que, para Goiás, a eleição de Alencar como vice-presidente é motivo de realização. Ele explicou que a sintonia, a harmonia e a convivência fraterna entre mineiros e goianos tem uma explicação no fato de que possivelmente 80% da população goiana é oriunda de Minas Gerais.

- De repente, o destino oferece ao Brasil a união do líder empresário ao líder sindical, numa demonstração de que o país precisa realmente dar as mãos para transformá-lo na nação dos nossos sonhos. Por isso, estou certo que o Congresso Nacional não faltará com o governo que se instala - concluiu.

Para Maguito Vilela "o belíssimo trabalho" desenvolvido por Alencar no Senado, deixou lições. Ele alertou para os enormes desafios que o novo governo terá pela frente, afirmando que "as coisas não vão bem" e que o país tem que encontrar novos caminhos". Ele observou, no entanto, que o Brasil inteiro confia na capacidade de José Alencar e de Lula. Maguito ainda prometeu ajudar o novo governo.

- Se eu tive a responsabilidade de pedir votos tenho a responsabilidade, aqui, de apoiar sem nada pedir em troca - disse o senador.

A senadora Marina Silva (PT-AC), disse conhecer a preocupação de Alencar com o futuro do país - a mesma preocupação social que incorpora ao seu trabalho empresarial. Ela chamou a atenção do senador para o desafio do novo governo de fazer o Brasil voltar a crescer e de combater as mazelas sociais.

Emilia Fernandes (PT-RS) ressaltou o momento histórico de esperança e cidadania, quando "dois Silva chegam para orientar os destinos da pátria". Emilia disse que Alencar poderá ajudar muito, lembrando sua origem humilde e destacando sua "visão clara e nítida".

O senador José Agripino (PFL-RN) lembrou ter conhecido um "matuto" mineiro há 20 anos, quando foi eleito governador do Rio Grande do Norte e enfrentava sérias dificuldades com o fechamento de uma indústria têxtil. Esse "matuto" era José Alencar, que assumiu a indústria e, em 90 dias, readmitiu todos os funcionários.

- Nunca imaginei que viria a ser adversário do vice-presidente da República. Adversário sim, mas inimigo nunca. Meu estado lhe deve muito e espero que o Brasil lhe deva muito mais - disse.

Francelino Pereira (PFL-MG) lembrou a trajetória política de Alencar desde que assumiu a presidência da Federação das Indústrias de Minas Gerais, quando o estado passou a ter um destaque maior na mídia nacional.

A senadora Marluce Pinto (PMDB-RR) disse o Brasil já teve muitos presidentes instruídos, entre indicados e eleitos, mas chegou a vez do operário.

- Vossa Excelência disse que Lula era um pré-destinado. Constato que Vossa Excelência também é um pré-destinado. Tudo tem uma razão de ser. Lamentei quando Alencar deixou o PMDB, mas estava escrito. Era preciso deixar o PMDB para chegar onde chegou - afirmou.

O senador Geraldo Melo (PSDB-RN) manifestou o "carinho de quem, como senador pelo Rio Grande do Norte", viu em Alencar um meio potiguar disfarçado de mineiro "tamanha a sua contribuição no Senado em prol do estado". Melo disse ter a esperança de que Alencar seja uma referência e um ponto de equilíbrio no processo de transição.

- Por mais que eu esteja em outra trincheira, enxergo em José Alencar e Lula dois patriotas interessados no bem do país - disse o senador.

Eduardo Suplicy (PT-SP) lembrou que quando Alencar recebeu a aprovação do PT para compro a chapa como vice-presidente, fez um pronunciamento prevendo que a presença ao lado de Lula iria contribuir para a vitória, como aconteceu.

- Constitui-se no maior achado que Lula obteve para conseguir a essa vitória - disse Suplicy, acrescentando que Alencar observou ser chegada a hora da renovação no poder e colocou toda a sua energia e disposição para contribuir nessa direção.

José Eduardo Dutra (PT-SE) destacou os quatro anos de convivência profícua com Alencar no Senado. Lembrou já ter morado em Caratinga, mesma cidade onde Alencar iniciou sua vida empresarial. Dutra lembrou também de conversa no gabinete de Alencar sobre as perspectivas futuras e, ali, viu pela primeira vez a possibilidade de parceria.

Juvêncio da Fonseca (PMDB-MS) disse que o contato diário com Alencar o fez analisar a lucidez e a transparência do senador mineiro. Juvêncio ficou impressionado com o sentimento familiar de Alencar, que tem 15 filhos, e destacou seu gosto por fazer amizades.

- O Brasil já fez a revolução democrática. Falta agora a democratização do seu capital para diminuir as desigualdades. Vossa Excelência demonstra lucidez muito grande quando diz que estão tirando dinheiro da produção para o sistema financeiro internacional - disse.

O senador Lúdio Coelho (PSDB-MS) disse que nunca assistiu a um momento de tão grande esperança como agora e lembrou que ao conversar com Lula, quando o encontrou no Pantanal, disse que chegara o momento de um entendimento amplo das forças políticas brasileiras.

- Avalio que estão com esse apoio necessário às mudanças de rumo. Quase todas as forças políticas têm o mesmo diagnóstico sobre as dificuldades. Precisamos agora encontrar o caminho para solucioná-las, o aperfeiçoamento administrativo para buscarmos o desenvolvimento econômico - afirmou.



11/12/2002

Agência Senado


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