Senadores pedem ao Ibama tratamento especial para obras estratégicas



VEJA MAIS

Em audiência da Comissão de Infraestrutura (CI), nesta quarta-feira (12), senadores sugeriram ao presidente do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente (Ibama), Volney Zanardi, a concessão de um tratamento diferenciado para obras consideradas estratégicas e de interesse nacional. Segundo os parlamentares, são trabalhos que não podem ser paralisados sob pena de grandes prejuízos. A reunião foi presidida pelo senador Fernando Collor (PTB-AL).

O senador Acir Gurgacz (PDT-RO) foi um dos que sugeriram uma regra específica para obras consideradas de interesse nacional, além de formas de compensações ambientais para se evitar interrupções e atrasos.

– A impressão que se tem é que o Ibama não quer o desenvolvimento do Brasil. Obras como as duplicações das BRs 101 e 116, por exemplo, são inevitáveis e vão acontecer. O país precisa destas estradas. Criar uma compensação ambiental não seria uma solução? Não dá para criar uma regra mínima para obras de interesse nacional a fim de se impedir atrasos? – indagou o parlamentar, para quem o Ibama tem que repensar sua atuação em intervenções consideradas inevitáveis.

O senador Jorge Viana reiterou que questões diferenciadas merecem tratamentos diferentes.

– Obras de interesse nacional, a rigor, todas são. Mas algumas são estratégicas e, se não forem executadas rapidamente, causam prejuízos econômicos e problemas sociais – afirmou.

Defesa

O presidente do Ibama, Volney Zanardi, afirmou que nos últimos três anos o instituto não teve nenhuma licença suspensa ou derrubada e que o número de processos de licenciamento tem aumentado de forma exponencial. Hoje são quase 1.700 procedimentos em curso. Só o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) responde por 280 pedidos.

O executivo admitiu que a qualidade do licenciamento está ligada à simplificação de ações e reconheceu que há déficit de pessoal no setor. Zanardi enfatizou que a atuação do Ibama se pauta na publicidade e transparência e em critérios estritamente técnicos e não ideológicos. Segundo ele, os processos são complexos e, por vezes, acabam no Judiciário. Além disso, ressaltou, há problemas relacionados à qualidade dos projetos. Ainda segundo Zanardi, atualmente não há nenhuma obra paralisada no PAC por questões de licenciamento ambiental.

– Obras estratégicas e de interesse nacional precisam ter tratamento diferenciado não apenas no licenciamento, mas em outras esferas. Há, por exemplo, questões indígenas, de patrimônio histórico e de saúde. Mas a licença não sai sem contemplar tais perspectivas. São assuntos que devem ser tratadas em outros momentos e não na fase de licenciamento ambiental – disse.

O presidente do Ibama foi convidado para a audiência pública a pedido do senador José Pimentel (PT-CE) para explicar aos senadores a atuação do instituto em obras de infraestrutura, em especial aquelas executadas pelo Departamento Nacional de Infraestrutura de Transporte (Dnit).

Cidadãos de todo o país puderam participar enviando perguntas aos senadores e e ao convidado por meio da página do Alô Senado, pelo telefone 0800-612211 e pelo Twitter (@alosenado).

A seguir outros pontos abordados por Volney Zanardi:

Capacitação

O Ibama tem hoje 411 analistas ambientais e, segundo o presidente da entidade, há um esforço para qualificar o pessoal. Cerca de 60% têm pós-graduação, mestrado ou doutorado. Todavia, alertou, nos próximos anos, 50% dos servidores terão condições de requerer aposentadoria, daí a necessidade da realização de novos concursos.

Código Florestal

Motivado por questionamento do senador Jayme Campos (DEM-MT), o presidente do Ibama informou que o Cadastro Ambiental Rural (CAR), a ser implantado pelo governo federal e obrigatório para todas as propriedades rurais, atenderá a requisitos previstos no novo Código Florestal (Lei 12.651/2012). Ele assegurou que as assimetrias existentes entre legislações estaduais e a lei federal serão corrigidas. Conforme informou, sete a oito estados já contam com cadastros ambientais e os dados desses cadastros serão aproveitados no CAR. Em breve, o Ibama deve lançar em breve uma instrução normativa para definir a interface entre o Cadastro Ambiental Rural e os procedimentos de “desembargo” ou regularização de áreas embargadas por irregularidade ambiental.

Estados

A assimetria de legislação entre os estados preocupa o presidente do Ibama. Segundo ele, são tipos diferenciados de licenças e procedimentos diversos, o que dificulta até a elaboração de estatísticas.

- São problemas do federalismo, mas é necessária uma uniformização - disse.

Demanda

O convidado destacou que o número de processos aumenta à medida que a economia do país se desenvolve. Em 2003, por exemplo, o Ibama atuou em 537 processos de licenciamento. Hoje, são 1.672. Deste total, 17% são relativos a rodovias; 12% a linhas de transmissão; 11% a petróelo; 8% a ferrovias e 8% a mineração.

Ministério Público

Conforme Zanardi, o Ministério Público Federal (MPF) exerce papel fundamental para o trabalho do Ibama, dando sustentação e transparência ao trabalho do instituto, mas as duas instituições por vezes trabalham com "conceitos diferentes". A procuradoria demanda, por exemplo, do Ibama a instituição de políticas públicas, ao passo que o Ibama está restrito ao que diz a legislação. O presidente enfatizou a importância da transparência nos processos. Segundo ele, o Ibama realizou 69 audiências públicas no ano passado, com a participação de 20 mil pessoas.



12/06/2013

Agência Senado


Artigos Relacionados


Senadores pedem tratamento especial para dívidas de agricultores nordestinos

Senadores querem que presidente do Ibama explique atraso no licenciamento ambiental para obras do PAC

SIQUEIRA CAMPOS DEFENDE CONTINUIDADE DAS OBRAS ESTRATÉGICAS NO TOCANTINS

Fiscais pedem mudança na lei de carreiras do Ibama

Entidades pedem tratamento diferenciado para micro e pequenas empresas na nova Lei de Falências

Comissão ouve presidente do Ibama sobre impedimentos ambientais para obras