Senadores reagem às novas críticas de Hugo Chávez ao Congresso



"Lamento profundamente que o presidente de um país vizinho se dirija à soberania de um país como o Brasil da maneira como o fez Hugo Chavez". A afirmação foi feita nesta sexta-feira (21) pelo senador Edison Lobão (DEM-MA), ao reagir a declarações do presidente da Venezuela, que acusou o Congresso brasileiro de atrasar a decisão sobre o ingresso daquele país no Mercosul por submissão ao governo dos Estados Unidos.

O comentário de Chávez foi feito na quinta-feira, (20), após chegada para encontro com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em Manaus. A entrada da Venezuela no Mercosul tem que ser ratificada pelo Congresso dos quatro países que compõem o bloco, o que já foi feito pelo Uruguai e Argentina. Falta ainda o aval do Paraguai e do Brasil.

Edison Lobão afirmou que o Congresso brasileiro não está retardando qualquer medida legislativa no que diz respeito ao ingresso da Venezuela no Mercosul, observando, no entanto, que uma decisão nesse sentido não será tomada com pressa só porque assim deseja o presidente daquele país.

- Tomaremos a nossa decisão com soberania. Não temos nenhuma má vontade com aquele país amigo, mas também não temos satisfações a dar. Vamos cumprir o nosso dever, mas não gostamos de ditadores - afirmou o senador.

Já o senador Gilvam Borges (PMDB-AP) disse que as declarações de Chávez foram "inconseqüentes e irresponsáveis". Ao comentar uma suposta intervenção dos Estados Unidos na questão, o senador afirmou que, "no mundo globalizado, a influência americana, como a de qualquer outro país, é bem vinda".

Em nota, o senador Arthur Virgílio (PSDB-AM) disse que não adianta Chávez utilizar "um discurso atrasado", com o "cacoete de insultar parlamentares" para forçar a aprovação do ingresso do seu país no Mercosul.

"Este não é o Parlamento da Venezuela, que ele conseguiu subjugar, eliminando toda e qualquer oposição. O Parlamento brasileiro é livre e soberano para votar quando e como entender melhor. E, a depender do PSDB, a Venezuela de Chávez não terá o ingresso aprovado. Há, para isso, razões legais, políticas, econômicas e éticas. Em marcha batida rumo a um regime ditatorial, o governo de Chávez não preenche o requisito da cláusula democrática do Mercosul", argumenta Arthur Virgílio.

Ataque ao Congresso

Em ataque anterior ao Legislativo brasileiro, em junho, Hugo Chávez afirmou que o Senado é "papagaio dos americanos e representante da direita brasileira". Na oportunidade, o presidente da Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional (CRE), senador Heráclito Fortes (DEM-PI) disse que a declaração teve origem em mensagem de iniciativa da comissão, contrária à decisão do governo venezuelano de retirar a concessão do canal da RCTV.

À época, o cancelamento da concessão da emissora venezuelana também foi criticado pelo senador José Agripino (DEM-RN), que classificou o gesto de Hugo Chávez de "truculento". Na avaliação do senador, o fechamento da TV, de oposição, prejudicou a democracia, "um dos principais quesitos do bloco econômico formado pelo Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai".

Em julho, o senador Jefferson Péres (PDT-AM) sugeriu que a CRE não iniciasse a análise do protocolo de adesão da Venezuela ao Mercosul até o final do prazo estipulado em "ultimato"feito por Chávez, que ameaçou retirar o pedido de ingresso do país ao bloco se a adesão não fosse aprovada até setembro deste ano.

Ainda em julho, Heráclito Fortes recebeu a visita do embaixador da Venezuela no Brasil, Julio Garcia Montoya, a quem se recusou a dar um prazo para avaliar o pedido de adesão da Venezuela ao Mercosul, sob o argumento que a questão é delicada e não envolve apenas o aval brasileiro.

21/09/2007

Agência Senado


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