Jucá diz que Hugo Chávez foi "infeliz" ao atacar Congresso brasileiro



O senador Romero Jucá (PMDB-RR) criticou, nesta sexta-feira (1º), no Plenário, o presidente da Venezuela, Hugo Chávez, afirmando que ele foi infeliz ao fazer comentários sobre o Congresso brasileiro. Chávez disse que no Congresso do Brasil, "lamentavelmente, dominam os partidos de direita," e que o Legislativo "repete como um papagaio" o que diz o Congresso norte-americano. Os comentários do presidente venezuelano foram feitos após as reações do Senado brasileiro provocadas pelo fechamento da Rádio Caracas Televisão (RCTV).

- Lamento as palavras do presidente Hugo Chávez sobre o Congresso brasileiro. Ele precisa entender que todos os países e os legislativos são independentes. O Senado brasileiro tem o direito e o dever de zelar pela América do Sul. Não se trata de questões internas da Venezuela, mas do clima de democracia na América do Sul - afirmou Jucá, que obteve apoio dos senadores em Plenário.

A reação de Chávez foi motivada após o Plenário do Senado aprovar, na última quarta-feira (30), requerimento da Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional (CRE), de iniciativa do senador Eduardo Azeredo (PSDB-MG), apelando para que o presidente venezuelano revisse sua decisão de fechar a RCTV. A votação do requerimento em Plenário suscitou amplo debate entre os senadores na noite de quarta-feira.

Segundo as palavras de Chávez, publicadas pela imprensa, "a direita internacional arremete contra a Venezuela de todas as partes". Para Chávez, "digna foi a postura de Lula, quando disse há alguns dias e falou a verdade, com grande contundência, que esse é um problema dos venezuelanos".

Especificamente sobre o Congresso, Chávez afirmou: "No Congresso do Brasil, lamentavelmente, dominam os partidos de direita, então assistimos a uma declaração (do Senado) me instando a devolver a concessão àquela emissora".

Na presidência da Mesa, o senador Mão Santa (PMDB-PI) solidarizou-se com Jucá e disse que suas palavras representavam a posição do Congresso. Jucá ressalvou que não estava falando em nome do governo, mas como senador.

Em aparte, o senador Heráclito Fortes (DEM-PI) disse que Jucá demonstrou que não estava autorizado a falar em nome do governo, o que deixa claro que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva "continua omisso" no momento em que Chávez agride o Parlamento brasileiro. Heráclito disse, no entanto, que, no Brasil, os Poderes são independentes. O senador solidarizou-se com Jucá.

O senador Pedro Simon (PMDB-RS), também em aparte, observou que a independência do Legislativo com relação ao Planalto é relativa, pois o primeiro sofre muita interferência do segundo, já que o presidente da República governa por meio de medidas provisórias (MPs) e articula para evitar a instalação de comissões parlamentares de inquérito (CPIs). Observou, no entanto, que o Parlamento brasileiro é independente no sentido dado por Jucá e Heráclito, mas com certa submissão ao presidente da República.



01/06/2007

Agência Senado


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