Serra participa de formatura da primeira turma da Universidade para negros
Também prestigiaram o evento Lula e o prefeito Gilberto Kassab
O governador José Serra participou na noite desta quinta-feira, 13, da formatura da primeira turma de alunos do curso de Administração da Unipalmares (Universidade da Cidadania Zumbi dos Palmares), no ginásio do Ibirapuera, zona Sul da Capital. Além do governador de São Paulo, prestigiaram o evento o presidente da República, Luis Inácio Lula da Silva, e o prefeito da Capital, Gilberto Kassab.
“A Unipalmares tem uma característica muito especial: ela se volta a inserção social, cultural e econômica da comunidade negra na nossa sociedade. É por isso que reúne tanta cooperação de diferentes empresas da iniciativa privada e do próprio Poder Público”, disse Serra. “A postura desta Universidade corresponde a muito do que queremos para o desenvolvimento social e econômico do Estado de São Paulo”, completou.
Serra interrompeu o discurso para homenagear três dos 126 alunos que receberam o canudo: Benvinda Pereira, Raquel Celestino Leite e Sonia Faria. O trio faz parte dos mais de 800 mil funcionários públicos da maquina administrativa paulista. “Essas meninas simbolizam bem a importância histórica desta noite porque afirma como Universidade a Unipalmares”, observou o governador. Segundo ele, o apoio do Governo de São Paulo para levar o projeto adiante será mantido com objetivo de consolidar a iniciativa.
O governador também fez menção ao trabalho de afrodescendentes que ficaram marcados pelo trabalho na vida pública do Brasil. Como exemplo, citou o engenheiro Teodoro Sampaio – primeiro presidente da Sabesp (Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo) - e do também engenheiro André Pinto Rebouças, famoso no Rio de Janeiro, então Capital no período do Império, ao solucionar o problema de abastecimento de água.
Antes de encerrar, o governador de São Paulo sugeriu que a reitoria da Unipalmares crie um curso voltado a aérea de Administração Pública. “Para isso vocês terão todo o apoio do Governo do Estado. Isso faz muita falta”, frisou Serra.
Com idade média entre 26 e 28 anos, 92% dos alunos formados estão empregados e 60% já foram efetivados pelos principais bancos do país. Além disso, ao menos 30% dos alunos admitidos pelas instituições financeiras foram contratados como executivos juniors.
“Essa formatura deixa uma lição de vida a todos aqueles que ainda não chegaram ao nível destes alunos. É um incentivo para que novos alunos não desistam e passem sempre a acreditar, porque tudo nesse se vence com a persistência”, frisou Lula.
A universidade, a primeira instituição de ensino superior para afrodescendentes da América do Sul, foi criada em parceria com empresas com a missão de elevar a inclusão dos negros no ensino superior e aumentar a divulgação dos valores da cidadania e igualdade nas classes sociais. Hoje, são 1,3 mil universitários distribuídos em 29 salas de aula com um corpo docente formado por 26 mestres, sete doutores, 35 especialistas e seis graduados. Do total de docentes, 40% são negros. A primeira turma teve como paraninfos o ex-governador de São Paulo Geraldo Alckmin e a secretária Estadual de Assistência Social e Direitos Humanos do Rio de Janeiro, Benedita Souza da Silva.
Além de Administração, a Universidade oferece o curso de Direito. No segundo semestre deste ano, os alunos terão uma terceira opção: o curso de Tecnologia de Transportes Terrestres. A Unipalmares mantém ainda parceria com professores da USP (Universidade de São Paulo) no curso preparatório para o pré-vestibular; um Centro de Inclusão Digital que atende alunos da comunidade da região da Barra Funda nos períodos matutino e vespertino; alfabetização de adultos e o Cedoc (Centro de Divulgação da Cultura Afro-Brasileira), criado com o propósito de difundir a cultura negra e registrar a história no mundo.
Segundo dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) divulgados em 2007, os afrodescendentes representam 49,5% da população brasileira, com 93 milhões de habitantres. Há pelo menos cinco anos, o IBGE adotou o termo “afrodescendentes” para contabilizar pardos e brancos. Outro dado, esse do ministério da Educação, é que dos quatro milhões de estudantes universitários no Brasil, 22% são afrodescendentes e 56% são brancos.
Cleber Mata
03/14/2008
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