Servidores promovem panelaço no Palácio Piratini









Servidores promovem panelaço no Palácio Piratini
Os funcionários públicos estaduais realizaram ontem um protesto com caminhada e panelaço pelas ruas de Porto Alegre. A manifestação, que terminou na frente do Palácio Piratini, foi organizada pela Federação dos Servidores Estaduais do Rio Grande do Sul (Fessergs) e contou com a participação de aproximadamente 200 pessoas. Os trabalhadores querem a fixação de uma data-base para o reajuste dos salários de todas as categorias.

A caminhada dos servidores estaduais teve início no CTG Estância da Azenha, na avenida Aureliano de Figueiredo Pinto, em direção ao Palácio Piratini. O presidente da Fessergs, Sérgio Arnoud, disse que o protesto teve a participação de funcionários do IPE, Daer, técnicos-científicos, quadro-geral, Secretaria da Fazenda e pensionistas.

Durante a manifestação, um avião sobrevoava a Praça da Matriz com a frase "faltam 300 dias para o fim do governo Olívio". No final do ato, os servidores foram recebidos pelo presidente da Assembléia Legislativa, Sérgio Zambiasi (PTB), que prometeu aos servidores apresentar ao governo estadual as reivindicações da categoria. Os manifestantes desejavam ser recebidos pelo governador Olívio Dutra, mas desistiram ao serem avisados que seriam recebidos em audiência por um funcionário da Casa Civil.

Em nota oficial, a Casa Civil lamentou a decisão dos servidores de protestar na frente do Piratini e de se retirar sem conversar com os representantes escolhidos pelo governo estadual. A chefia da Casa Civil disse que o governo sempre está aberto ao diálogo com qualquer entidade que represente o funcionalismo público.


Tarsistas recorrem da decisão da Executiva sobre ex-pedetistas
Os apoiadores do prefeito de Porto Alegre, Tarso Genro, nas prévias que escolherão o candidato do PT ao governo do Estado manifestaram-se indignados com a decisão da executiva do partido que incluiu, por nove votos a oito, ex-pedetistas no rol de filiados aptos a votar em 17 de março.

Segundo o vereador Estilac Xavier, a decisão não passou de conveniência política. "É casuística. Não podemos distinguir filiados desta maneira, independente de serem mais ou menos conhecidos", condenou.
Lembrou que, na mesma situação, encontram-se militantes petistas em todo o Brasil. "O ato atenta contra as regras do partido, e a executiva não tem poderes para isso", enfatizou.

O vice-prefeito de Santa Maria, Paulo Pimenta, concorda. "A abertura de exceções pode ser interpretada como casuísmo", sugeriu. Pimenta salientou que o grupo pró-Tarso não aceitará qualquer violação às regras do estatuto.

Por isso, os coordenadores da campanha de Tarso redigiram, ontem à tarde, o recurso enviado à direção nacional, com a certeza de que a decisão será anulada. "A deliberação é ilegal e será revertida. Não é a primeira vez que a direção regional muda as regras por questões políticas. Eles comandam o partido aqui", disse, referindo-se ao grupo radical pró-Olívio. "O pessoal sabe que é contra a regra", acrescentou Pimenta.
Ele espera ainda que, diferentemente de 1998, a disputa por pouco mais de uma centena de votos não rache o partido. Naquele ano, a executiva impugnou urnas volantes que, teoricamente, beneficiariam Tarso, o que revoltou seu grupo de apoiadores. "Não quero imaginar que passaremos por situação semelhante outra vez", lamentou.

Ontem, ao falar sobre o assunto, o prefeito Tarso Genro afirmou que não está preocupado em saber se os ex-pedetistas votarão nele ou em Olívio Dutra na prévia do PT. Disse que aguardará a posição da executiva nacional, lembrando que o estatuto partidário só permite que votem na prévia os petistas que se sejam filiados há mais de uma ano.

Ronaldo Zülke considerou deliberação acertada
O deputado estadual Ronaldo Zülke (PT), que pertence ao grupo interno pró-Olívio, assegurou ontem que a decisão da executiva partidária não foi casuística nem representou uma conveniência política. "Foi uma deliberação acertada porque eles (egressos do PDT) já haviam informado sua decisão de filiar-se bem antes do dia 18 (de março de 2001). Apenas oficializaram nessa data porque aguardavam o Lula", defendeu.

Conforme Zülke, a regra do estatuto que prevê que só terá direito a voto o militante que se filiar um ano antes da prévia tem por objetivo evitar filiações superficiais. "Não é o caso deles, que tomaram uma decisão amadurecida. Eram militantes de esquerda há muito tempo e optaram pelo PT depois de um longo processo de diálogo com várias siglas", recordou.

Para ele, o precedente não compromete as regras do partido. "De qualquer forma, vai completar 365 dias do ato formal", destacou.

Zülke acrescentou, também, que a executiva garantiu o voto de correligionários que "estão dando uma contribuição importante para o PT". "Esses argumentos não têm validade alguma. O que vale é o ato", rebateu o vereador Estilac Xavier.

Egressos do PDT acreditam na homologação
O secretário de Turismo do Estado do Rio Grande do Sul, Milton Zuanazzi, acredita que a executiva nacional do PT terá facilidade em homologar a decisão da executiva estadual que liberou o voto dos ex-pedetistas na prévia que escolherá o candidato de situação ao governo. Zuanazzi concorda que haja resistência ao voto dos trabalhistas, já que a maioria deles deu indícios de que apoiará a reeleição de Olívio Dutra.

O secretário alega que, do ponto de vista político, os dissidentes do PDT se consideram petistas desde janeiro retrasado, mesmo que do ponto de vista formal só completem um ano de filiação, um dia depois da prévia. Zuanazzi espera que os apoiadores de Tarso não coloquem o episódio eleitoral acima da relação fraterna que deve existir num partido de esquerda.

O vice-presidente do Banrisul e ex-presidente do PDT, Sereno Chaise, disse ontem que o grupo trabalhista filiado ao PT classifica de injustiça a possível derrota Olívio Dutra na prévia para o Piratini. Segundo ele, o governador foi vítima de críticas infundadas da oposição e merece ter a chance de submeter o governo a novo julgamento popular. Ele afirmou ainda que os ex-pedetistas não têm nada contra Tarso Genro, mesmo porque decidiram entrar no PT justamente para apoiar o atual prefeito em disputa contra Alceu Collares.


FHC recebeu fax na hora da busca na empresa
O senador José Sarney (PMDB/AP) garante que os policiais federais que cumpriram o mandato de busca da empresa da filha Roseana enviaram um fax dentro da própria firma, para confirmar ao Planalto que a operação havia sido concluída com sucesso. Conforme Sarney a secretária da diretoria foi alertada ao enviar documentos que o fax decidiria a sucessão presidencial. Os números discados ficaram registrados no aparelho. Para Sarney as informações deixam claro que o presidente estava ciente da operação. O ex-presidente adiou seu pronunciamento no Senado, que seria, por solicitação de sua filha, Roseana.

O ministro-chefe da Secretaria Geral da Previdência da República, Arthur Virgílio, disse que o presidente Fernando Henrique Cardoso não teve nenhum envolvimento com o episódio da invasão pela Polícia Federal, do escritório da empresa Lunus, de propriedade da governadora do Maranhão, Roseana Sarney e de seu marido, Jorge Murad. Virgílio buscou esclarecer que não houve uma série de trocas de telefonemas entre os agentes da PF envolvidos na ação e o Palácio da Alvorada. O ministro confirmou que o presidente recebeu apenas um fax, que continha cópia do mandado de busca e apreensão expedido pela Justiça e encaminhado à PF.

"O presidente soube do fato pelo senador Jorge Bornhausen (PFL-SC). O presidente disse que tomou um susto e determinou ao senhor Agílio (Agílio Monteiro, diretor-geral da Polícia Federal) q ue mandasse os documentos que comprovassem a legalidade da operação de busca e apreensão", disse Virgílio.
Partidos de Oposição querem "CPI do Fax" .

A crise na base aliada já abriu espaço para os partidos de oposição sugerirem a abertura de uma comissão parlamentar de inquérito para investigar o envolvimento do governo na operação da Polícia Federal em São Luís. A comissão está sendo chamada de "CPI do Fax" e é comentada por parlamentares do PDT, PT e PSB. O governador do Rio de Janeiro, Anthony Garotinho, já disse que apóia a idéia. Garotinho declarou que o presidente Fernando Henrique mentiu ao negar que não tinha conhecimento da operação no escritório de uma empresa da governadora do Maranhão, Roseana Sarney, e do marido dela, Jorge Murad.

O presidente do Brasil mentiu e isso é muito grave. Ele disse que não sabia de nada. A agora dá para questionar tudo que ele falou afirmou o governador.

O presidente recebeu informações da PF sobre a operação na noite da sexta-feira. Fernando Henrique nega que tenha sido um relatório da operação, mas apenas uma cópia do mandado de busca. Segundo o governo, a informação à PF foi solicitada porque o presidente estaria sendo pressionado pelo PFL, que dizia ser a operação ilegal.

Polícia Federal nega envío de relatório
A Polícia Federal divulgou nota na qual "nega veementemente" que os policiais responsáveis pelo cumprimento do mandado de busca e apreensão na empresa Lunus Serviços e Participações, de propriedade da governadora do Maranhão, Roseana Sarney, e de seu marido, Jorge Murad, tenham repassado, na mesma hora, relatório da operação para o presidente Fernando Henrique Cardoso. A nota insiste em que foi apenas transmitida à Presidência da República, entre 21h30 e 22h de sexta-feira, por determinação do diretor-geral do DPF, Agílio Monteiro, cópia do mandado de busca e apreensão expedido pela Justiça que desencadeou a ação.

Inocêncio repudia proposta de CPI
O líder do PFL na Câmara, Inocêncio Oliveira, reconheceu que a decisão do presidente Fernando Henrique Cardoso de antecipar a sua volta do Panamá "é um gesto importante para o partido, mas não sabe se isso será suficiente para reverter a decisão de romper com o governo". Inocêncio admite que há uma remota possibilidade de o presidente sensibilizar a executiva nacional. "Depende, eu não vejo nenhuma luz no fim do túnel. Pela bancada na Câmara não existe chance." Inocêncio repudiou a proposta de instalar uma CPI para investigar a ação da Polícia Federal na empresa Lunus, da governadora Roseana Sarney. "É um jogo eleitoral e nós não vamos aceitar", afirmou o líder, argumentando que abrir uma CPI sobre o assunto seria voltar à estaca zero. A CPI vai apurar para mandar ao Ministério Público, mas o processo já está na Justiça", explicou.


Garotinho vem estabelecer estratégia com PSB gaúcho
Chega hoje a Porto Alegre o candidato do PSB à presidência da República, o governador do Rio de Janeiro, Anthony Garotinho. Ele vai discutir com as lideranças do partido novas alternativas, impostas pela decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) de obrigar a verticalização das alianças nacionais também para os estados. Na plenária na sede do PSB, na rua Barros Cassal 288, Garotinho ainda fará uma exposição sobre o projeto socialista para o Brasil e sobre a conjuntura política nacional.

A situação do PSB gaúcho é uma das mais complicadas do quadro nacional, razão pela qual Garotinho desembarca no Estado para definir estratégias que passam pela possibilidade do lançamento de candidatura própria ao governo. Se for mantida a decisão do TSE, e a candidatura de Garotinho, dificilmente o PSB poderá integrar a Frente Popular, já que a ampliação dos espaços do partido será uma necessidade para que o candidato socialista à presidência tenha um palanque político para a campanha no Rio Grande do Sul.
O nome mais cogitado para concorrer ao Piratini, caso o PSB delibere por lançar candidatura ao Piratini é o do secretário dos Transportes Beto Albuquerque, que descarta a ruptura a Frente Popular e defende, independentemente da decisão do TSE, a manutenção do apoio ao candidato petista ao governo do Estado.
Na bagagem, Garotinho traz a deliberação da executiva nacional do PSB, que ontem, decidiu, em Brasília, pelo ingresso junto ao Supremo Tribunal Federal (STF) com uma Ação Direta de Inconstitucionalidade (Adin), contra a decisão do TSE. Também pedirá ao partido que intensifique a mobilização das bases, realizando novas filiações, criando novos diretórios municipais e convocando os prefeitos, vice-prefeitos e parlamentares a preencher a nominata das chapas proporcionais, atuando de forma articulada com o projeto de consolidação do PSB em nível nacional.


PFL anuncia hoje saída do governo
Deputados, senadores e dirigentes regionais do PFL autorizaram a executiva nacional do partido a decidir hoje, oficialmente, o rompimento com o governo do presidente Fernando Henrique Cardoso. Com a decisão, o PFL mantém a candidatura à presidência da governadora do Maranhão, Roseana Sarney. E todos os filiados ao partido que têm cargo no governo federal serão orientados a sair, não importa se ministro dirigente de estatal ou de algum órgão insignificante em uma remota cidade. O único que permanecerá é o vice-presidente Marco Maciel, porque foi eleito. Roseana Sarney exigiu a entrega dos cargos e o rompimento com o governo para manter sua pré-candidatura à presidência.

Aos deputados com os quais conversou, a governadora disse que está tão ferida que não aceita alianças com o PSDB no segundo turno. Ela afirmou que foi vítima de uma "armação" do candidato tucano, o senador José Serra, e que o ministro da Justiça, Aloysio Nunes Ferreira, está por trás da invasão de sua empresa, a Lunus Serviços e Participações, pela Polícia Federal. Roseana decidiu abrir seu sigilo bancário, fiscal e telefônico e avisou isso aos parlamentares e aos seus advogados. "Abro todos os meus sigilos na hora em que for preciso". Ela voltou a afirmar que só vai responder perguntas a respeito do material que foi apreendido na Lunus, e cerca de R$ 1,3 milhão em dinheiro, depois que souber do que é acusada. "Por enquanto não sei do que se trata e vocês (os jornalistas) estão muito mais bem informados do que eu", disse ela.

Nos encontros com os deputados e senadores, Roseana fez duas perguntas. Primeiro, se a candidatura dela a presidente da República fortalece o partido. Segundo, se diante das "agressões" que sofreu por parte do PSDB, os parlamentares concordavam em sair do governo e entregar os cargos.

Serão entregues todos os cargos no Executivo
Com relação à entrega dos cargos, existem avaliações diferentes. O presidente nacional do PFL, senador licenciado Jorge Bornhausen (SC), diz que, havendo o rompimento, será total. "Não existe participação especial no governo", afirmou. "Se a decisão for pela saída, caberá a cada um entregar os cargos". Havia a intenção no PFL de fazer um "rompimento branco", mas Bornhausen foi avisado por emissários do presidente Fernando Henrique de que, se o partido optar pela saída, terá de sair em seu todo.

O deputado Pauderney Avelino (AM), vice-líder do partido diz que os cargos de primeiro e segundo escalão serão naturalmente entregues. Mas os de terceiro poderão ficar por conta do governo. "Desde os tempos de Eduardo Jorge (ex-secretário-geral da Presidência) o Planalto tem a lista de todo mundo", disse. "O governo terá de encontrá-los e demiti-los". Isso dificultaria o trabalho do governo, porque presume-se que o PFL tenha pelo menos 2 postos de confiança em todo o País. Na Bahia, por exemplo, nenhum dos apadrinhados do ex-senador Antonio Carlos Magalhães foi demitido.

O vice-presidente Marco Maciel, que é do PFL e havia sido escalado pelo presidente Fernando Henrique Cardoso para acalmar seus pares, não sairá, porque foi eleito. Mas, se todas as exigências partidárias forem cumpridas, o presidente da Caixa Econômica Federal, Emílio Carazzai, apadrinhado de Maciel, será convidado a entregar o cargo. Carazzai, porém, pode abrir a primeira dissidência no PFL. Mandou dizer ao seu partido que não sai.


Oposição entra com recurso no STF contra decisão do TSE
O PT, o PSB, o PPS e o PL decidiram entrar hoje no Supremo Tribunal Federal (STF) com uma ação direta de inconstitucionalidade (Adin) contra a decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), que impede a coligação nos Estados entre partidos adversários nas eleições presidenciais. Ontem, representantes dos quatro partidos reuniram-se com o presidente do Supremo, ministro Marco Aurélio Mello, para pedir pressa na apreciação da ação. "Esperamos que o tribunal julgue isso em 40 dias", disse o líder do PT na Câmara, deputado João Paulo (SP). Segundo ele, o ministro Marco Aurélio explicou que era possível analisar o mérito da ação nesse período.

Os quatro partidos usaram quatro argumentos para tentar convencer o Supremo de que a decisão do TSE foi irregular. Alegaram que a regra estabelecida pela Justiça Eleitoral é nova e, portanto, teria que ter sido baixada com um ano de antecedência das eleições de outubro, conforme determina a Constituição. Na ação, os partidos argumentaram ainda que o TSE exorbitou de seus poderes porque agiu como o Legislativo, criando uma nova norma. Disseram ainda que a decisão do Tribunal causa uma "insegurança jurídica porque não se pode alterar a regra do jogo no meio do jogo". E por fim, argumentaram que os partidos são nacionais para se organizar, mas não para disputar a eleição. "Não sou deputado nacional; sou deputado da circunscrição paulista", disse o líder João Paulo.


Artigos

Modernização dos transportes no RS
Carlos Verissimo Amaral

Variável importante da complexa equação que informa a produção e a comercialização de bens, o transporte no Brasil e, em especial, no Rio Grande do Sul, tem se constituído em permanente desafio aos governantes. Qual de suas modalidades, ferroviária, rodoviária, hidroviária a priorizar na destinação de recursos? No Rio Grande do Sul, os trilhos da Viação Férrea rasgaram o solo gaúcho em todas as direções de seu território. Tendo como centro geográfico a cidade de Santa Maria, trens atingiram as cidades fronteiriças ao Uruguai e Argentina, chegaram ao porto marítimo de Rio Grande via Pelotas, à zona da produção agrícola de Passo Fundo, em Marcelino Ramos cruzaram a divisa com Santa Catarina em direção ao centro do País, atingiram as colônias teuto-italianas de Caxias e adjacências, integraram toda esta malha à capital do Estado, Porto Alegre, num total de 3.660,7 km, em 1971. A partir da década de 40, o transporte por ferrovia começou a declinar: tarifas congeladas, incorporação de trechos anti-econômicos, obrigatoriedade de consumo do carvão nacional, concorrência dos modais hidroviário e rodoviário e desequilíbrio financeiro concorreram para que a ferrovia gaúcha não acompanhasse os progressos da ciência e da tecnologia, como acentua o engenheiro Attila do Amaral em seu trabalho "A evolução ferroviária no Rio Grande do Sul". No programa de privatização, a Ferrovia Sul-Atlântico venceu a licitação em 1997 e hoje administra a malha sul, que compreende as ferrovias do Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul, com o objetivo de recuperação e modernização.

O transporte hidroviário, por sua vez, utilizando as ligações Estrela-Lagoa dos Patos-Rio Grande e Cachoeira do Sul-Lagoa dos Patos-Rio Grande, no decênio 1940/50, esteve bastante ativo. Também pela ausência de investimentos em infra-estrutura e pela concorrência da rodovia em fase de franca expansão com o advento da indústria automobilística, este importante modal entrou em declínio acentuado. Hoje, o destaque fica com o porto de Rio Grande que, pela privatização de terminais na área do Superporto, pelos investimentos recentes no Porto Novo, pela dragagem periódica e pela ampliação dos molhes, transformou-se no grande porto do Mercosul.

As rodovias gaúchas, totalizando cerca de 140.000 km - entre federais, estaduais e municipais - são responsáveis pela maioria da carga transportada e pela quase exclusividade do transporte de passageiros. Conservação, pavimentação e sinalização requerem substanciais recursos governamentais. Os trechos pedagiados vêm mantendo a boa qualidade das rodovias concedidas e aliviaram os orçamentos públicos. Estas breves considerações mostram o apreciável patrimônio que ao longo do tempo o Rio Grande construiu nos modais ferrovia e rodovia, e o potencial que se apresenta para a hidrovia. Daí a importância para a economia gaúcha, dos novos programas que prevêem investimentos na ampliação dos molhes de Rio Grande; na dragagem e aprofundamento do canal da hidrovia Porto Alegre-Pelotas; na construção e recuperação de infra-estrutura hídrica; na construção e adequação de trechos rodoviários do corredor Mercosul, todos com recursos contemplados no orçamento da União para 2002, resultado do trabalho dedicado e incansável da bancada federal gaúcha na Câmara dos Deputados. Estes programas, aliados aos atuais em andamento com recursos do Banco Mundial e do BID para as rodovias e de reformulação do Porto Novo em Rio Grande com recursos próprios, abrem excelentes perspectivas para o desenvolvimento e qualificação do sistema de transporte gaúcho. Ferrovia, rodovia e hidrovia podem coexistir em um mesmo território, no processo da inter-modalidade. A logística da utilização do mais qualificado é tarefa do produtor, na busca permanente da redução de seus custos, nestes considerados tarifa, rapidez, segurança e regularidade.


Colunistas

ADÃO OLIVEIRA

Discurso
A persistência do ambiente político negativo em Brasília se fundamenta num grande número de informações e contra-informações que tem dado aos dirigentes do PFL e à governadora do Maranhão, Roseana Sarney, a certeza de que em diferentes graus o governo participou do episódio de São Luiz - e não apenas soube da ação policial com antecêdencia - e quis fazer dele um instrumento para destruir a candidatura presidencial do partido.

Discurso
Uma parte substancial dessas informações de bastidores viria a público com o discurso que o senador José Sarney faria nesta quarta-feira e adiou para a semana que vem. Na condição de ex-presidente da República, o pai de Roseana tem acesso a informaçaões políticas em primeira mão e é considerado pelo presidente Fernando Henrique o político que mais conhece e entende o funcionamento do sistema político do País e suas peculariedades regionais.

Responsabilidade
Quem teve acesso às cerca de 15 páginas do discurso já escrito por Sarney, garante que ele pretende mostrar que Fernando Henrique tem responsabilidade pelo que acontece no governo e dizer que ele não tem o direito de se ausentar dessa responsabilidade. Além de um relato dramático da invasão do escritório da empresa de sua filha, Sarney menciona no discurso o encontro que teve no mês passado com Fernando Henrique, durante o qual reclamou da presença de agentes da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) em São Luiz com a missão de vasculhar informações e eventuais irregularidades nas atividades empresariais de sua família.

Conversa
A conversa com Fernando Henrique aconteceu na casa de Sarney, para onde o presidente se dirigiu depois de ser informado que o senador estava indignado com o clima de crescente hostilidade contra sua filha. Sarney teria, também, informado ao presidente que, além dos supostos agentes da Abin, detetives particulares, treinados no extinto SNI, também estavam em São Luiz com misssão semelhante. A diferença de que estes seriam homens contratados e pagos por dirigentes do PSDB.

Dossiê
Dessas atividades secretas e protegidas nas sombras do submundo da política teria surgido um dossiê, parte do qual foi oferecido ao governador do Rio, Anthony Garotinho - que confirma a história - muito parecido com os documentos publicados contra o casal Roseana-Jorge Murad no dia seguinte à invasão da empresa Lunus, que lhes pertence. Nos bastidores, Garotinho classifica a papelada que lhe foi oferecida como "baixaria". O PFL acredita que o intermediário desse dossiê foi o deputado Márcio Fortes (RJ), secretário-geral do PSDB.



Verdades ou mentiras, é esse tipo de informação que alimenta a crise e deu a ela uma dimensão maior do que parece. O rompimento do partido com o governo, em decisão que pode ser anunciada amanhã, é a mais dramática consequência desse cenário. Se ele se materializar, Fernando Henrique perderá, pela primeira vez em seus dois mandatos, a maioria parlamentar que garante a estabilidade do seu governo.


CARLOS BASTOS

Garotinho debate sucessão com PSB gaúcho
O governador do Rio de Janeiro, Anthony Garotinho, estará hoje em Porto Alegre para participar de uma reunião plenária com os dirigentes e militantes do PSB gaúcho. Vai analisar a situação que se criou com a verticalização do pleito em virtude da decisão do TSE. O candidato socialista, que passou de 3% para 13% e está ocupando o terceiro lugar nas pesquisas, é considerado um dos maiores prejudicados pela decisão da Justiça Eleitoral, juntamente com a presidenciável do PFL, governadora do Maranhão, Roseana Sarney. Garotinho procura obter o apoio do PL através de seu grupo evangélico e também se articula com pequenos partidos como PAN, PTC, PRP, PSD, PST, PT do B, PDC, PTN, e PSC. A preocupação do candidato socialista é ganhar mais espaço nos programas de rádio e televisão. O governador do Rio tem afirmado que não cederá às pressões para retirar a sua candidatura, mesmo havendo setores do PSB que estão preocupados com a situação criada para o partido com a decisão do TSE.

Diversas
  • O PSB gaúcho ficou numa situação muito complicada, pois agora não pode integrar a Frente Popular, caso Garotinho mantenha sua candidatura, discurso que ele tem intensificado nos últimos dias. Os socialistas do Rio Grande terão que apresentar um candidato a governador, ou no mínimo ficar sem candidato ao governo do Estado, numa coligação regional com o PT, sem a cabeça, que é chamada de "camarão".

  • Há uma movimentação de setores do PSB nacional, que defendem a aliança com Lula, como consequência da verticalização. Exigem dos petistas apoio a seus candidatos a governador em cinco Estados: Rio de Janeiro - que seria o próprio Garotinho - Amapá, Rio Grande do Norte, Pernambuco, e Alagoas.

  • Os socialistas gaúchos, especialmente sua maior liderança o secretário dos Transportes, Beto Albuquerque, está indignado com a decisão da Justiça Eleitoral, ampliada, agora, com a liberação das coligações para os partidos que não tiverem candidato à Presidência da República.

  • O PFL gaúcho realiza um Encontro Regional esta noite no plenarinho da Câmara de Vereadores da capital, quando será examinada a eleição de outubro.

  • O governador Olívio Dutra será o palestrante, na próxima quarta-feira, dia 13, do primeiro "Tá na Mesa" promovido pela Federasul em 2002.

  • O ex-secretário de Educação e atual presidente regional do PPB, pré-candidato a governador, Celso Bernardi, diz que a repetição dos problemas enfrentados pela população no início do ano letivo, envolvendo a falta de professores, salas de aula e transporte para os alunos, demonstra o descaso e a negligência com que o Governo petista tem tratado a comunidade escolar gaúcha.

    Última
    A grande maioria dos ex-pedetistas estão com Olívio Dutra na prévia, como é o caso da secretária de Energia, Dilma Roussef, do secretário do Turismo, Milton Zuanazzi, e do vice-presidente do Banrisul, Sereno Chaise. Daí a reação dos tarsistas que estão recorrendo ao diretório nacional. Mas Tarso Genro conta com o apoio do ex-deputado Renan Kurtz, em Santa Maria, que vai concorrer novamente à Assembléia, em "dobradinha" com o vice-prefeito Paulo Pimenta.


    FERNANDO ALBRECHT

    Celta quatro portas
    A General Motors, que no mês passado assumiu a segunda posição nas vendas no País, empurrando a Volkswagen para o terceiro lugar tem uma agenda de quatro lançamentos para este ano. O primeiro deles, do novo Corsa, é hoje na Bahia. Até o meio do ano a GM Gravataí lança o Celta quatro portas. Logo depois é a vez da minivan montada sobre a plataforma Corsa. E até o final do ano deve vir uma novidade no segmento do Vectra.

    Nas clandestinas
    O cigarro está na mira. Depois das carteiras de cigarros com fotos chocantes para tentar demover a turma da chaminé, o Ministério da Saúde apronta outras medida. Vai chegar o dia em que fumante vai ter que se esconder nos matos para fumar seu pito, como antigamente fazia o pessoal da maconha. Esta, pelo visto, está sendo liberada geral e ninguém mais se espanta com quem usa a canabis. Enquanto isso, o vereador Humberto Goulart (PDT), presidente da Comissão de Saúde da colenda, adverte seu colega Adeli Sell (PT) que cigarro causa impotência.

    Nos ares
    Ontem, os protestos da Fessergs contra o governo Olívio Dutra, que teve passeata e entrega de um documento ao presidente da Assembléia Legislativa, deputado Sérgio Zambiasi, literalmente subiram aos céus. Um pequeno avião sobrevoou a Capital durante a tarde carregando uma faixa que destacava os 300 dias que faltam para o fim do governo Olívio. A Fessergs reclama, entre outras coisas, uma audiência com o governador pedida há dez meses.

    Alto risco
    Os motoboys vivem dizendo que sua profissão é perigosa porque existem maus motoristas. Estes pensam exatamente o contrário: são os motoqueiros que aprontam no trânsito. Em todo o caso parece não haver dúvida que a profissão é mesmo de alto risco. Prova disso é recente anúncio da revenda Honda onde o comprador ganha de graça um seguro de vida.

    Sem grana
    Os meios da alta e as socialites estão recebendo um xerox de manuscrito de uma famosa senhora em que afirma não ter recursos para pagar os custos de um processo cível no qual é ré, pedindo então a justiça gratuita do Estado. O juiz suspendeu a execução, mas quer ver o comprovante de rendimentos da moça, que foi, é e será capa de muita revista fashion da praça.

    Sem Ministério
    O Diário Oficial do Estado publicou a portaria nº 4 do Conselho Estadual de Educação ação dispondo sobre o processo de funcionamento dos cursos da Universidade Estadual (Uergs). Pelo exposto, quem dará a autorização não será o MEC e sim um representante do conselho e dois professores especialmente nomeados. Pelo que se depreende, o Ministério fica de fora. Fica mesmo?

    A briga da empena cega I
    Por 20 votos a 11, a Câmara Municipal derrubou veto do prefeito Tarso Genro ao projeto de lei que modifica a legislação do mobiliário urbano e equipamentos de publicidade, de autoria do líder do PSB, vereador Carlos Garcia. A proposição conta com nove emendas de diversos vereadores e bancadas. Para Garcia, o uso das chamadas empenas cegas em publicidade é proposta moderna de propaganda ao ar livre e reduz a poluição visual.

    A briga da empena cega II
    É exatamente este o temor do líder da bancada do PT, vereador Estilac Xavier, que se queixou de rompimento de "um acordo político na Câmara Municipal" no veto. Estilac disse que o veto do prefeito visava exatamente reduzir a poluição visual. Estilac também disse que havia um negociação intermediada pelos vereadores Luiz Braz (PFL) e Nereu D'Ávila (PDT) para manter o veto. "Foi vergonhoso". O PT vai entrar com representa


    Artigos Relacionados


    Estado já tem oito Pré-candidatos ao Palácio Piratini

    Schneider recebe denúncias de irregularidades no Palácio Piratini

    SESSÃO PLENÁRIA/Lara denuncia constrangimento de servidores no Piratini

    Servidores do Senado promovem 'bicicletaço'

    Servidores da UFRGS promovem ato público na Assembléia

    Terceira turma de servidores do Palácio dos Bandeirantes conclui ensino por Telecurso